Refém da Obsessão – Alma Katsu

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Havia uma parte em Lanny que queria ser punida. Um pedaço de seu coração que acreditava que ela merecia o horror de ser imortal, a tristeza de ver todos aqueles que amara partirem, enquanto ela só podia conviver com as perdas e as lembranças. Terríveis e solitárias lembranças. Este “dom”, oferecido pelo mais malvado dos homens, Adair, era, para ela, a resposta a uma pena que ela deveria cumprir. Mas, apesar das culpas e do castigo que pensava merecer, ela ainda sonhava. E esperava ser redimida por ter dado a Jonathan — seu grande amor — o esquecimento que purifica todo ser de sua dor: a morte. No entanto, bem no fundo de sua alma, ela suspeitava que, fosse o que fosse que a atraísse para Adair (e para sua maldade), fosse qual fosse o infeliz sentimento que os aproximara, este sentimento não fora totalmente exorcizado. Não importava que ela tivesse chegado ao cúmulo de emparedar aquele homem mau e deixá-lo para apodrecer, não importava que o tempo tivesse passado, nem que, hoje, ela pudesse contar com o apoio e os braços fortes e acolhedores de Luke… Adair estava por perto, ela podia senti-lo, e seu poder era inexorável. “Este é o segundo livro da trilogia de Alma Katsu, que começou com o bem recebido Ladrão de Almas. Esta sequência mantém-se fiel ao primeiro título da autora…” –Publishers Weekly

"— Sempre será querido para mim, Fera. Sou sua amiga de verdade. Mas acho que jamais serei capaz de me casar com você. — Você é minha única alegria — disse a Fera. — Sem você, morreria. Prometa-me, ao menos, que nunca irá embora.” A Bela e a Fera, Madame Leprince de Beaumont I LONDRES Estávamos quase chegando no Victoria and Albert Museum quando vimos uma multidão saindo da porta de entrada e atravessando a Rua Cromwell, forçando nosso táxi a parar no meio do caminho. O motorista virou-se e deu de ombros para mim e Luke, como se quisesse dizer que não poderíamos ir além dali, uma vez que centenas de pessoas se enfileiravam em direção à entrada arqueada em uma mancha de cor e movimento, como um cardume. Todos estavam lá para ver minha exposição. Sem conseguir esperar nem mais um segundo, saí do táxi, e meu olhar foi atraído pelo cartaz pendurado na parte de cima da construção. Dizia: Tesouros Perdidos do Século 19 – a letra escura sobressaía sobre o fundo laranja brilhante. Sob as palavras havia a imagem de um leque feminino aberto, para mostrar o cetim branco esticado sobre a armação de ossos de baleia e a corrente, confeccionada com um cordão de seda com um pingente curvado para cima feito o rabo de um tigre. Mais especiais do que os lírios e as rosas douradas pintadas na frente do leque, eram aquelas palavras escritas à mão sobre o forro: “Para o homem, o amor é algo à parte; para a mulher, é a sua própria existência.” — Byron O museu escolhera esse objeto pequeno e íntimo como a joia da coroa da coleção e o apresentara no cartaz e nas propagandas, ignorando trabalhos de mestres artesãos e artistas, bem como de antiguidades étnicas raras da Rota da Seda. Conseguia imaginar a empolgação do funcionário do museu ao encontrar as palavras e a assinatura de George Gordon Noel, o lorde Byron, no forro daquele pequeno e misterioso leque. O leque era muito precioso para mim, nunca quis me separar dele. Mas, quando estávamos empacotando as caixas para enviá-las anonimamente ao V&A (despachadas através do meu advogado, para que não soubessem que me pertenciam), eu o separei e o coloquei de volta em seu lugar na prateleira; mas Luke o empacotou, pensando ter sobrado das pilhas empoeiradas das lembranças a serem jogadas fora. Quis pegá-lo de volta, mas era tarde demais: não conseguíamos pensar em uma maneira de pedir ao museu para devolvê-lo sem abrir as portas para questionamentos. Era um dos poucos presentes que Jonathan, o amor da minha vida, tinha me dado. Depois de fugir de Boston, fomos parar em Pisa. Aquele verão estava tão quente que Jonathan, cansado de me ouvir reclamar sobre o calor do nosso quarto abafado na hospedaria, comprou um leque para que pudesse me refrescar. Era todo adornado, feito para ocasiões formais, e não muito apropriado para minha humilde situação. Mas ele não tinha a mínima noção de moda nem sabia como cortejar mulheres, já que sempre fora ele o cortejado. Por isso, dei ainda mais valor ao presente, pois era a prova de que ele realmente me amava, já que tentara me agradar. Quanto à inscrição no forro, Byron escrevera aquelas palavras como um consolo íntimo para mim, pelas muitas vezes que tive que me esconder atrás do leque para não dizer nada enquanto as mulheres italianas se jogavam sobre Jonathan bem em frente aos meus olhos. Mas isso foi em 1822, há muito tempo. Agora, fazia três meses que ele se fora. Ainda estava olhando para o cartaz quando Luke pagou o motorista e saiu do táxi. — Pronta para ir, Lanny? — perguntou, deslizando a mão com confiança até a parte de trás das minhas costas, para me guiar pela multidão. Os olhos dele brilhavam de entusiasmo. — É uma virada e tanto! Quem poderia imaginar que tantas pessoas ficariam interessadas pelas coisas da sua sala? — Brincou, pois conhecia muito bem as maravilhas que mantive comigo por tanto tempo. Partimos em direção à primeira galeria, o hall reverberava com o som das vozes. Não fiquei inteiramente surpresa com o sucesso da exposição,
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