Os Dias Escuros – Apocalipse Z – Vol 2 – Manel Loureiro Doval

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Neste segundo livro da série, os sobreviventes do Apocalipse Z conseguem chegar às ilhas Canárias, uma das últimas zonas livres dos não mortos. Mas, o que ali encontram é um estado militar enredado em uma guerra civil, com uma população faminta e quase sem recursos para sobreviver. Em Tenerife, o protagonista e seu amigo Víktor Pritchenko recebem uma missão quase suicida – devem acompanhar uma equipe de soldados até Madri e saquear o hospital La Paz. Esse hospital foi um dos primeiros pontos seguros a ser invadido, mas é lá que estão armazenadas toneladas de medicamentos imprescindíveis para os sobreviventes. Para tanto, vão ter de dizer adeus à segurança da ilha e voltar a um inferno inimaginável – uma cidade pós-apocalíptica, cheia de zumbis agressivos que colocarão à prova seu desejo de lutar pela vida.

12 O céu já estava se tingindo de um vermelho sangrento quando o helicóptero azul e branco pousou no convés do Galicia. Marcelo esticou o braço para a porta de correr e indicou, com um gesto, que descêssemos do aparelho. Subitamente, o ambiente ficou carregado de tensão. O argentino não disfarçava o fato de que destravara sua arma, e até a jovial Pauli estava agora com uma expressão séria e concentrada, além de um enorme revólver prateado apontado distraidamente para nós, que em suas pequenas mãos parecia ter o tamanho de um canhão. Pessoalmente, eu tinha certeza de que, se aquela arma disparasse, a pequena Pauli sairia voando para trás por conta do coice, mas, com toda certeza, não valia a pena tentar comprovar. Isto, e o fato de que tanto o piloto como o copiloto, igualmente armados, haviam se voltado para a parte traseira da cabine, convenceu-nos definitivamente a abandonar a relativa segurança do aparelho e pular para ao navio. Um vento quente e com cheiro de terra nos assaltou assim que pusemos os pés na coberta metálica do Galicia. Na pista de aterrissagem do barco estavam apenas o helicóptero que nos levara até ali e dois pequenos aparelhos de cobertura bulbosa e envidraçada que não pude reconhecer. Helicópteros leves de reconhecimento, provavelmente. Ansiosamente, dei uma olhada para o topo do mastro, tentando distinguir no lusco-fusco do crepúsculo as cores da bandeira que ondulava. Fiquei estupefato ao ver que, ao lado da bandeira espanhola, outra insígnia flamejava com a brisa do fim do dia; um galhardete que me era desconhecido. Era uma bandeira azul-escuro, com o escudo quarteado da Espanha no centro, mas coberto por uma muralha, em vez da tradicional coroa. Uma rápida olhada aos outros navios atracados no porto me permitiu comprovar que na maioria deles flamejava a mesma combinação de insígnias. Cocei a cabeça, tentando entender aquilo, mas logo tive coisa melhor em que pensar. Saindo em fila de uma porta situada na base da super estrutura, surgia, no convés, uma dúzia de pessoas vestindo trajes de proteção. As viseiras que cobriam o rosto estavam polarizadas, de modo que não podia distingui-los, nem o sexo ou a idade. Pela altura e o jeito de andar, deduzi que a maior parte era de homens, mas, sem dúvida, três ou quatro eram mulheres. À medida que iam se aproximando de nós, fui me aproximando inconscientemente de Prit, que, por sua vez, e de maneira instintiva, cobria minhas costas. — Não gosto nada disso, velho — espetou o ucraniano, enquanto não perdia o grupo de vista. — Se virmos que a coisa vai ficar feia, pulamos pela borda todos ao mesmo tempo, está ouvindo? — murmurei. — Você cuida da freira que eu cuido de Lucía e do gato. — Acho que Lúculo não vai se emocionar com a ideia de ir nadando até a costa... e eu também não — o ucraniano observou com um calafrio. — Odeio nadar em lugares onde não vejo o fundo. — Prefiro água salgada a chumbo, Prit — respondi, cortante. — E acho que você também. — O que eu acho é que é melhor que fiquemos quietos por ora — ele respondeu. Seu olhar de soldado pulava de um lado para outro, calculando friamente nossa situação. — Veja onde fica a borda —Víktor me alertou. — O trecho é grande demais para que o possamos cobrir antes de nos derrubarem à bala. Além disso... — acrescentou discretamente —olhe lá em cima. Segui a direção que o ucraniano indicava com o olhar. Usando o característico uniforme de combate da Armada, dois soldados posicionados atrás de uma metralhadora pesada em um trecho saliente da estrutura, a uns vinte metros de altura sobre o convés, tinham campo de tiro aberto sobre toda a pista. Não poderíamos nem tossir sem que eles percebessem. Lucía ouvira perfeitamente nossa conversa e nos olhou com expressão assustada. Suspirei, desalentado. Pelo visto, não restava outra saída se não aceitar o que aquela gente quisesse fazer conosco. O primeiro indivíduo em traje de proteção chegou até nós. Eu não podia ver seus olhos através do vidro polarizado, mas podia adiv
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