“The Dragon Masters”, 1962. Vencedor do prêmio Hugo por melhor história curta em 1963. No planeta Aerlith, os homens procuram reconstruir a civilização perdida. No passado, com suas astronaves e ciência avançada, a raça humana conquistara e colonizara toda a galáxia; agora só restam pequenos núcelos isolados, entregues à própria sorte. E o que é pior: destruindo-se mutuamente em guerras inúteis, frutos de inveja, ambição e poder. Perdida a tecnologia antiga, recorrem às armas primitivas, como se tivessem voltado à Idade Média. E dispõem de estranhos dragões, uma raça domesticada e aperfeiçoada durante séculos para a finalidade exclusiva da guerra. Tais animais levam nomes sinistros e possuem uma aparência diabólica. Como se toda essa autodeterminação ainda não bastasse, são os ataques periódicos de seres vindos de outro planeta – os Básicos – que destroem tudo em nome de uma “Regra” monstruosa, levando os homens como prisioneiros e submetendo-os à condição de seres inferiores e primitivos. Além dos homens e dragões, vivem em Aerlich os sacerdotes, uma raça misteriosa de homens que andam nus e só falam quando interrogados. Praticam uma espécie de misticismo zen, embora seu raciocínio obedeça a uma lógica implacável, e não são tão inocentes e pacatos como parecem. Joan Banbeck, portanto, sonha em vencer os Básicos e retomar a gloriosa jornada do homem pelo Universo.
O Planeta dos Dragões – Jack Vance
O PLANETA DOS DRAGÕES
No planeta Aerlith, os homens procuram reconstituir a civilização perdida. No passado, com suas astronaves e uma ciência avançada, a raça humana conquistara e colonizara toda a galáxia.
Agora só restam pequenos núcleos isolados, entregues à própria sorte.
E o que é pior: destruindo-se mutuamente em guerras inúteis, frutos da inveja, ambição e poder. Perdida a tecnologia antiga, recorrem a armas primitivas, como se tivessem voltado à Idade Média. E dispõem de estranhos dragões, uma raça domesticada e aperfeiçoada durante séculos, para a finalidade exclusiva da guerra. Levam nomes sinistros e têm uma aparência diabólica.
Como se toda essa auto determinação ainda não bastasse, são os ataques pe-riódicos de seres vindos de outro planeta, os Básicos, que destroem tudo em nome de uma "Regra"
monstruosa, levando os homens como prisioneiros e submetendo-os à condição de seres inferiores e primitivos.
Além dos homens e dragões, vivem em Aerlich os Sacerdotes, uma raça misteriosa de homens que andam nus e só falam quando interrogados. Praticam uma espécie de misticismo Zen, embora seu raciocínio obedeça a uma lógica implacável. E não são tão inocentes e pacatos como parecem.
Joaz Banbeck sonha vencer os Básicos e retomar a gloriosa jornada do homem pelo Universo.
O Planeta dos Dragões é a narrativa fascinante de homens que lutam por sua sobrevivência num planeta inóspito, sob a eterna ameaça de um povo que despreza a raça humana.
CAPÍTULO 1
Os apartamentos de Joaz Banbeck, cavados no coração da rocha calcária, compunham-se de cinco peças principais, em cinco níveis diferentes. No alto estavam o relicário e a câmara oficial do conselho: o primeiro, uma sala de sombria magnificência abrigando os diversos arquivos, troféus e recordações da família Banbeck; o segundo, um vestíbulo estreito e comprido, onde os lambris escuros subiam até a altura do peito; no alto, a abóbada branca de estuque estendia-se por toda a extensão do rochedo, desorte que as sacadas davam para o Vale Banbeck de um lado e sobre a Alameda Kergan do outro.
Na parte inferior ficavam os aposentos particulares de Joaz Banbeck: uma sala de visitas que era, ao mesmo tempo, quarto de dormir, estúdio e, embaixo de tudo, a oficina onde ninguém tinha autorização de entrar.
A entrada nos apartamentos era através do estúdio, sala espaçosa em forma de L com o teto decorado de requintados relevos, e do qual desciam quatro candelabros cravejados de granadas.
Estes estavam apagados no momento, a luz cinzenta e difusa que penetrava na peça provinha de quatro lâminas polidas de vidro sobre as quais, à semelhança de uma câmera obscura, estavam focalizadas as vistas que davam para o Vale Banbeck. As paredes eram recobertas de fibra de junco tratado; um tapete dese-nhado com ângulos, quadrados e círculos, nas tonalidades castanho-avermelhado, marrom e preto, cobria o piso.
No meio do estúdio estava um homem nu, com longos cabelos castanhos e finos ondulando sobre as costas, um colar dourado pendendo em volta do pescoço. Os traços eram fortes e angulosos, o corpo esguio; parecia estar prestando atenção a alguma coisa ou talvez meditando.
Vez por outra olhava de relance para um globo amarelo de mármore em cima de uma estante próxima, movendo os lábios simultaneamente como se estivesse memorizando alguma frase ou sequência de ideias.
Na outra extremidade do estúdio uma porta pesada moveu-se sem ruído e uma moça de rosto juvenil espiou para dentro com expressão alegre e maliciosa. Ao enxergar o homem nu, levou a mão à boca, como se abafasse uma exclamação de surpresa. O homem voltou-se, mas a porta já tinha sido fechada.
Durante alguns instantes permaneceu mergulhado em reflexão profunda, depois caminhou lentamente em direção a um