O Bebê de Rosemary – Ira Levin

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A adaptação do romance bestseller de Ira Levin conta a história de um adorável casal novaiorquino que espera seu primeiro filho. Como a maioria das mulheres que são mães pela primeira vez, Rosemary (Mia Farrow) está confusa e receosa. Seu marido (John Cassavetes), um ambicioso mas malsucedido ator, faz um pacto com o demônio pela promessa de vencer na carreira.

    IRA LEVIN     O BEBÊ DE ROSEMARY           Tradução de CLÉO MARCONDES SILVEIRA Título original: Rosemary’s Baby Copyright © Ira Levin, 1967 Licença editorial para o Círculo do Livro por acordo com a Editora Nova Cultural Ltda. e o detentor dos direitos autorais   Todos os direitos reservados.         Direitos exclusivos da edição em língua portuguesa no Brasil adquiridos por EDITORA NOVA CULTURAL LTDA., que se reserva a propriedade desta tradução.             Para Gabrielle   PRIMEIRA PARTE 1 Guy e Rosemary Woodhouse tinham acabado de assinar o contrato de locação de um apartamento de cinco cômodos num prédio branco e quadrado da Primeira Avenida quando receberam o telefonema de uma tal sra. Cortez, comunicando que ficara disponível, no Edifício Bramford, um apartamento de quatro cômodos. Embora o prédio fosse antigo, escuro e de proporções colossais, os apartamentos do Bramford eram muito cobiçados por causa do pé-direito alto, das lareiras imensas e do esmerado acabamento vitoriano. Guy e Rosemary estavam na lista de espera desde o casamento, mas a demora fora tanta que tinham desistido. Sem desligar o telefone, Guy deu a notícia a Rosemary, que lamentou: — Ah! Essa não! — Sinto muito — respondeu Guy voltando ao telefone —, mas já alugamos outro apartamento. — Rosemary interrompeu, puxando-o pelo braço. — Será que não podemos dar um jeito? Inventar uma desculpa qualquer? — Espere um minuto, sra. Cortez. — Guy encostou o fone ao peito, perguntando: — Que tipo de desculpa eles aceitariam? — Sei lá. Talvez a verdade, que conseguimos o tão esperado apartamento no Bramford. — Ora, meu bem! Seja realista, não iriam dar a mínima para isso. — Você inventa algo na hora, Guy. Vamos ao menos dar uma olhada. Diga logo que queremos vê-lo, antes que ela desligue e passe para o candidato seguinte. — Rô, por favor, procure entender: já assinamos o contrato e pagamos um depósito. Não vejo saída. — Pelo amor de Deus, Guy, olhe que ela vai desligar. — Gemendo e fingindo estar aflita, Rosemary agarrou o fone e tentou levá-lo à boca de Guy, que, rindo, se deu por vencido. — Sra. Cortez, talvez consigamos cancelar o outro contrato, pois não foi assinado em definitivo. Só firmamos um compromisso. Podemos conhecer o apartamento? A sra. Cortez passou as instruções: deveriam ir ao Edifício Bramford entre onze e onze e meia, e procurar pelo sr. Micklas ou sr. Jerome, dizendo que tinham sido enviados por ela para ver o apartamento 7E. Deu seu número para que depois lhe telefonassem. — Viu? Quando você quer, sempre encontra uma saída. Mente com grande classe! — Precisamos pensar bem, Rosemary. O apartamento só tem quatro cômodos. Não vai sobrar um quarto para crianças. — Prefiro mil vezes um apartamento pequeno no Bramford a um andar inteiro naquela penitenciária branca. — Engraçado, ainda ontem você a adorava. — Adorava, não. Aceitava. Aquilo não poderia ser adorado nem pelo arquiteto que o projetou. Quando e se as crianças chegarem, faremos uma sala de jantar num canto do living. — Vamos ver — duvidou Guy, preparando-se para fazer a barba e examinando-se demoradamente no espelho com seus olhos grandes e castanhos. — Jesus! Uma espinha! — Cuidado, não esprema! — advertiu Rosemary, colocando um vestido amarelo e sapatos da mesma cor, enquanto Guy passava o barbeador elétrico no rosto. Estavam no apartamento onde Guy morava quando solteiro. Era um quarto-e-sala decorado com cartazes de Paris e Verona, cujo mobiliário se resumia a um armário e um sofá-cama. Completavam a peça um minúsculo banheiro e uma kitchenette embutida. Era terça-feira, dia 3 de agosto.     O sr. Micklas era um homenzinho ágil e elegante. O fato de lhe faltarem dedos em ambas as mãos não parecia constrangê-lo, pois estendeu uma com naturalidade. — Oh! O senhor é ator! — exclamou enquanto tocava o botão do elevador com o dedo médio. — Os artistas adoram nosso prédio. — Citou quatro ou cinco nomes de conhecidos atores que moravam no edifício. —
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