Maré de Terror – Justin Somper

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Grace e Connor Tormenta estão de volta. Após muitos perigos e aventuras, os gêmeos conseguiram se encontrar, e agora Grace acompanha o irmão a bordo do navio Diablo, sob o comando do capitão Molucco Wrathe.

Mas a vida de pirata também é muito arriscada: após um ataque malsucedido, Grace percebe que a vida de Connor pode ter um fim trágico e repentino se ele insistir em viver no mar. Cheng Li, a subcapitã do Diablo, lhes oferece uma solução: eles poderão freqüentar a famosa Academia dos Piratas por uma semana. Assim, Grace espera afastar o irmão do perigo, enquanto Cheng Li pretende mostrar aos gêmeos que a pirataria tem ainda mais a oferecer àqueles que seguem as normas.

Mas a Academia não exerce tanto fascínio sobre Grace… Enquanto Connor se delicia com as aulas práticas sobre navegação e esgrima, a menina não consegue parar de pensar nos amigos que deixou no navio Vampirata – especialmente no belo e gentil Lorcan, que tanto a ajudou em sua tensa passagem pela embarcação.

Um anel que ganhou do vampiro permite à jovem que volte ao convés, em misteriosas viagens astrais. Em uma dessas visitas, Grace descobre que os danos que seu amigo sofreu ao ficar muito tempo sob a luz do sol do que o permitido o estão enfraquecendo. Mas este não é o único problema no navio Vampirata: mais e mais rebeldes seguem o perveso Sidório em sua sede infinita por sangue, e o capitão não sabe mais o que fazer para controlá-los.

Grace e Connor devem seguir por caminhos diferentes: será que ele escolherá o aprendizado prático proporcionado pelas aventuras a bordo do Diablo ou preferirá o terreno mais seguro e acolhedor da Academia de Piratas? E o que Grace poderá fazer para salvar seus amigos dos perigos que rondam o navio Vampiratas – sem colocar em risco sua própria vida?

          Tradução de ALVES CALADO                     Para minha mãe, Thelma Somper, que está sempre em busca de um bom livro. Espero que este esteja à altura! Com amor e agradecimento por todo o seu apoio.               PRÓLOGO   O surfista noturno         Crepúsculo. Uma baía deserta. As ondas se estendem famintas para a areia, que muda de tom, do branco para o mel, dourado e um âmbar feroz à medida que o sol se cansa e mergulha nas águas negras. As ondas famintas engolem depressa a bola de luz. Agora é um mundo de sombra sobre sombra. Nenhum olhar humano pode discernir as emendas entre terra e água ou entre água e céu. Nenhum olhar humano pode identificar a agitação e as batidas do oceano. Porque essa não é a escuridão desbotada das cidades e metrópoles. É a escuridão real — profunda, intensa e feita de veludo negro. Onde está a lua? É como se tivesse optado por não sair essa noite, relutante em testemunhar os acontecimentos das próximas horas. Onde estão as estrelas? Também parecem ter decidido manter uma discreta distância. Sem lua. Sem estrelas. Numa noite assim alguém pode ser perdoado por achar que o mundo está no fim. E, para um de vocês, isso pode ser verdade. Porque as ondas escuras protegem um segredo. Um homem — pelo menos algo que parece um homem — surfando numa prancha. Não é um passeio tranquilo. As ondas negras são altas e ferozes, testando o surfista até os limites da força e da resistência. Ele jamais perde o equilíbrio, apesar das ondulações, apesar da falta de luz para guiar o caminho. Seu corpo musculoso se vira e se retorce, grudado à prancha. Ele trava uma batalha pelo respeito com as ondas que adoram zombar. E está se dando bem. Por fim as ondas parecem se cansar do esporte e recompensam a determinação do surfista levando-o para a parte rasa. Mesmo assim ele se move com grande velocidade, a prancha afiada como faca raspando a fina película de água opalina. Ele salta da prancha, os pés tocando o fundo arenoso. A água faz uma última tentativa brincalhona de segurar a prancha, mas o surfista enfia as mãos na espuma e a arranca das garras das ondas. Com a prancha embaixo do braço, caminha pela areia seca. Não pára nem por um instante, apesar do peso da prancha. Nem o ar noturno o faz sentir frio. E, estranhamente, mesmo tendo saído das profundezas da água, sua pele e o cabelo já estão secos. As roupas também estão secas como ossos. Não usa neoprene, apenas roupas comuns — calça e camisa, as mangas arrancadas nos ombros para permitir o máximo de movimento aos braços. Os pés estão descalços. Chega à base de um penhasco e encosta a prancha na pedra, deixando-a para trás enquanto começa a subir. Parece haver um caminho, mas, à medida que a rocha fica mais alta, ele precisa estender as mãos para se alçar, usando os pés com igual destreza. Agora, seu aspecto é menos de um homem que de animal selvagem. Na verdade, é um pouco dos dois. E um pouco além disso. Chega ao topo do penhasco e pára um instante, olhando para trás com satisfação, vendo a rocha íngreme que acabou de subir, olhando para além da areia, para o mar violento através do qual chegou. Nenhum olhar humano pode perceber os limites entre terra e água. Mas seus olhos absorvem tudo. Seus olhos estão à vontade na escuridão. Ele não perde mais tempo se parabenizando, e se vira para a frente. Há uma cerca alta mas, depois de todos os obstáculos por que passou, este é fácil. Os pés pousam na grama macia. Ele olha adiante, bem adiante, para a casa à distância — janelas iluminadas, mesmo a essa hora tardia. Ela está quase pegando fogo, de tanta luz. Isso provoca um estalo de dor como um relâmpago nos olhos, mas ele supera a dor e continua andando. Seus passos longos percorrem com facilidade o terreno, de tão grandes que são. Passa por um campo onde há cavalos correndo. Por um momento pára e olha para eles. Não parecem vê-lo, mas sentem, imobilizando-se por um momento. Estão com medo do estranho, e é bom mesmo que estejam. M
Rolar para cima