A ambiciosa policial Heather Kennedy está em seu trabalho mais difícil: seus métodos de investigação são criticados e ela está sendo assediada por colegas rancorosos porque não lhes dá atenção. Até que lhe é atribuída o que parece ser uma investigação de rotina, sobre a morte acidental de um professor da Faculdade Prince Regent, mas a autópsia deste caso volta com algumas descobertas incomuns: o inquérito vincula a morte deste professor às de outros historiadores que trabalharam juntos em um obscuro projeto sobre um manuscrito do início da Era Cristã. Em seu escritório, Kennedy segue com sua investigação e logo se preocupa com o rumo para onde está sendo levada. Mas ela não está sozinha em sua apreensão. O ex-mercenário Leo Tillman — seu futuro parceiro — também tem angustiantes informações sobre estes crimes. E sobre a misteriosa organização mundial a que os crimes se relacionam… Escondido entre os pergaminhos do Mar Morto, um códice mortal pretende desvendar os segredos que envolvem a morte de Jesus Cristo. Entre um terrível acidente de avião no deserto americano, um brutal assassinato na Universidade de Londres e uma cidade-fantasma no México, Manuscritos do Mar Morto é o mais emocionante thriller desde O código Da Vinci.
Manuscritos do Mar Morto – Adam Blake
Capítulo 33
— É aqui — Kennedy disse. — Na próxima à esquerda. Olhe lá a placa.
Mesmo no crepúsculo, era impossível não vê-la. A cerca de 4,8 quilômetros depois da última vila pela qual haviam passado, a placa era exatamente como Ros Barlow a havia descrito: as asas douradas saindo da letra P de Pombal num floreio ridículo e melodramático, reduzindo o efeito a um anticlímax. A casa achatada, com teto de palha, e a série de celeiros arruinados espalhados mais além não poderiam fazer jus a essa declaração bombástica. Seria preciso fazer o deus Hermes descer de um céu claro, talvez pendurado em fios.
A pequena estrada de pedregulhos diante da casa de campo era curta demais para o caminhão. O Vauxhall Vectra cinza de Combes estava imediatamente visível, estacionado bem diante da casa num desafio aos bons protocolos de investigação e senso comum. Com a entrada bloqueada, Tillman virou à direita e dirigiu por entre o mato, que chegaria à altura da cintura até um espaço amplo e aberto à direita da construção principal, onde parou o caminhão. Kennedy olhou ao redor, procurando por Combes, mas ele parecia ainda estar lá dentro. Isso significava que encontrara algo: ele tivera uma vantagem de pelo menos meia hora sobre eles e provavelmente fizera um percurso mais rápido na estrada. Então, o que quer que restasse, parecia improvável que a Fazenda do Pombal fosse um beco sem saída.
Esforçando-se para conter a própria agitação, Kennedy desceu da cabine. Esquadrinhou o ambiente. A não ser pela faixa de pedregulhos, todo o espaço ao redor e entre a casa de campo e as construções próximas dela havia sido tomado por capim e arbustos: não havia como identificar marcas de pneus ou pegadas deixadas ali, embora, se o tempo estivesse mais úmido, ela pudesse ter se ajoelhado, separado o capim com as mãos e dado uma boa olhada.
A casa de campo e os campos descuidados ao redor dela estavam absolutamente silenciosos. E não existiam outras casas nem construções típicas de fazenda ao longe. O próprio Pombal tinha meia dúzia de celeiros e pequenos depósitos de aspecto abandonado, que se amontoavam ao redor da estrutura principal como conspiradores. Se Barlow houvesse estabelecido nesse lugar uma base secreta de campo para seu projeto do Rum, ele escolhera muito bem. Também não deixara nenhum rastro: a julgar pelas aparências, eles — e Combes, é claro — poderiam ser as primeiras pessoas a pisarem ali em dez anos ou mais.
A casa de campo parecia tanto dilapidada quanto deserta. Todas as janelas, exceto uma, tinham tábuas brutas pregadas sobre elas. A que era visível estava quebrada. A madeira dos caixilhos estava enrugada, com a pintura descascada, e um telhado de varanda decorativo sobre a entrada principal havia desmoronado sobre si mesmo feito um estômago caído.
Tillman desceu do caminhão pela porta do motorista e, como Kennedy, ficou parado por um instante ou dois. Ao passo que ela examinava o chão em busca de rastros, ele esquadrinhava as pequenas casas em volta, presumivelmente procurando quaisquer sinais de vida. Lançou um olhar para ela, encolheu os ombros, balançou a cabeça muito levemente e dirigiu-se à porta. Kennedy foi atrás dele.
A porta parecia intacta, mas apenas à primeira vista. Depois de um momento de silêncio, Tillman apontou para o que Kennedy já havia visto: as lascas ao longo de uma área de mais ou menos dez centímetros, logo abaixo do nível da tranca. Alguém abrira a porta usando um pé de cabra ou talvez um macaco para carros e depois a havia fechado.
Kennedy empurrou a porta com o pé. Ela se abriu numa fresta com um rangido audível.
— Você vai nos apresentar — Tillman resmungou em tom inexpressivo — ou eu devo esperar no caminhão?
— Entre. Já estamos tão fora do manual de operações agora que eu não acho que isso importe muito. Vamos compartilhar tudo o que encontrarmos, quer o Combes goste disso ou não — e ele tem tanta razão quanto eu para ficar calado em relação aos detalhes.
Kennedy empurrou a porta com o pé uma segunda vez,