Uma Longa Jornada – Nicholas Sparks

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Aos 91 anos, com problemas de saúde e sozinho no mundo, Ira Levinson sofre um terrível acidente de carro. Enquanto luta para se manter consciente, a imagem de Ruth, sua amada esposa que morreu há nove anos, surge diante dele. Mesmo sabendo que é impossível que ela esteja ali, Ira se agarra a isso e relembra diversos momentos de sua longa vida em comum: o dia em que se conheceram, o casamento, o amor dela pela arte, os dias sombrios da Segunda Guerra Mundial e seus efeitos sobre eles e suas famílias.

Perto dali, Sophia Danko, uma jovem estudante de história da arte, acompanha a melhor amiga a um rodeio. Lá, é assediada pelo ex-namorado e acaba sendo salva por Luke Collins, o caubói que acabou de vencer a competição.

Ele e Sophia começam a conversar e logo percebem como é fácil estarem juntos. Luke é completamente diferente dos rapazes privilegiados da faculdade. Ele não mede esforços para ajudar a mãe e salvar a fazenda da família. Aos poucos, Sophia começa a descobrir um novo mundo e percebe que Luke talvez tenha o poder de reescrever o futuro que ela havia planejado. Isso se o terrível segredo que ele guarda não puser tudo a perder.

Ira e Ruth. Luke e Sophia. Dois casais de gerações diferentes que o destino cuidará de unir, mostrando que, para além do desespero, da dificuldade e da morte, a força do amor sempre nos guia nesta longa jornada que é a vida.

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1 Início de fevereiro, 2011 Ira Às vezes acho que sou o último da minha espécie. Meu nome é Ira Levinson. Sou sulista e judeu, e me orgulho de ter sido chamado de ambas as coisas em uma ocasião ou outra. Além disso, sou velho. Nasci em 1920, ano em que o álcool foi proibido e as mulheres conquistaram o direito de votar. Muitas vezes me perguntei se esse foi o motivo de minha vida ter sido como foi. Afinal, nunca bebi e a mulher com quem me casei ficou na fila para votar em Roosevelt assim que teve idade para isso. Dessa forma é fácil imaginar que o ano do meu nascimento de algum modo foi determinante. Meu pai teria zombado desse pensamento. Ele acreditava em regras. “Ira”, dizia-me quando eu era novo e trabalhava com ele em sua loja de roupas e artigos masculinos, “deixe-me lhe dizer o que você nunca deve fazer”, e então dizia. Chamava isso de suas Regras para a Vida. Cresci ouvindo as regras do meu pai para quase tudo. Algumas delas eram de natureza moral, baseadas nos ensinamentos do Talmude – e provavelmente as mesmas que a maioria dos pais ensinava aos filhos. Aprendi, por exemplo, que nunca deveria mentir ou roubar, mas meu pai – que era judeu não praticante, como ele mesmo se descrevia na época – costumava focar mais nas coisas práticas. Nunca saia na chuva sem chapéu. Nunca toque em uma boca de fogão, porque, mesmo que seja improvável, ainda pode estar quente. Fui alertado a nunca contar meu dinheiro em público nem comprar joias de um homem na rua, por mais que parecesse um ótimo negócio. E esses nuncas não tinham fim, mas, apesar de sua natureza aleatória, eu seguia quase todas as regras, talvez porque jamais tivesse querido desapontar meu pai. A voz dele até hoje me segue por toda parte. Do mesmo modo, meu pai me dizia com frequência o que eu deveria fazer. Ele esperava honestidade e integridade em todos os aspectos da vida, mas também me disse para abrir portas para mulheres e crianças, dar apertos de mãos firmes, lembrar os nomes das pessoas e sempre dar ao cliente um pouco mais do que ele esperava. Acabei percebendo que suas regras não eram apenas a base de uma filosofia que lhe servira bem, mas diziam tudo sobre quem ele era. Como meu pai acreditava em honestidade e integridade, achava que os outros também acreditavam. Tinha fé na decência humana e presumia que os outros eram como ele. Acreditava que a maioria das pessoas, quando lhe era dada a chance, fazia o certo, mesmo que isso fosse difícil, e acreditava que o bem sempre vencia o mal. Mas não era ingênuo. “Confie nas pessoas”, dizia, “até que elas lhe deem motivo para não confiar. E depois nunca mais fique de costas para elas.” Mais do que qualquer outra pessoa, meu pai moldou o homem que sou hoje. Mas a guerra o mudou. Ou melhor, o Holocausto o mudou. Não alterou sua inteligência – meu pai era capaz de fazer as palavras cruzadas do The New York Times em menos de dez minutos –, mas abalou suas crenças em relação às pessoas. O mundo que achava que conhecia não fazia mais sentido e ele começou a mudar. A essa altura, estava no fim da casa dos 50 anos e, depois de me tornar sócio de seu negócio, passava pouco tempo na loja. Tornou-se judeu praticante. Começou a frequentar com regularidade a sinagoga junto de minha mãe – falarei sobre ela mais tarde – e a apoiar financeiramente muitas causas judias. Recusava-se a trabalhar aos sábados. Acompanhou com interesse as notícias sobre a criação do Estado de Israel – e a subsequente guerra entre árabes e israelenses – e começou a ir a Jerusalém pelo menos uma vez por ano, como se procurasse algo que nunca soubera que tinha perdido. Quando meu pai envelheceu, comecei a me preocupar com aquelas viagens ao exterior, mas ele me garantiu que era capaz de cuidar de si mesmo. E de fato cuidou durante muitos anos. Apesar da idade avançada, sua mente continuava aguçada como sempre, mas o corpo, infelizmente, não se adaptou tão bem. Ele teve um ataque cardíaco aos 90 anos e, embora tivesse se recuperado, sete meses depois um
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