Várias pessoas residentes em uma pequena comunidade rural, tornam-se, de repente, violentas e perigosas. A causa desta mudança são devido a mensagens luminosas que aparecem nos seus aparelhos domésticos, dizendo-lhes para matar.
Sangue – Arquivo X Vol. 7 – Chris Carter
ARQUIVO X
SANGUE
Novelização de Les Martin
Baseada na série de TV Arquivo X criado por Chris Carter
com roteiro de Glen Morgan e James Wong
Tradução de José A. Ceschin
Título original: The X-Files — Fear
Twentieth Century Fox Corporation, 1996
Para Aaron,
o leitor constante.
Capítulo 1
Ed Funsch estava tremendamente aborrecido. Muitas vezes era o trabalho
que o deixava assim. Na verdade, era quase sempre o trabalho. Mas ele procurou
lembrar-se de que aquilo era bem melhor do que morrer de fome. Ou ter de dormir nas
ruas. O que estaria ele fazendo se não tivesse conseguido aquele trabalho dois meses
antes?
Ed trabalhava para o Serviço Postal Americano, em Franklin, Pennsylvania.
Sete horas por dia, cinco dias por semana, ele ficava sentado na frente de uma
máquina de seleção de correspondência, no Centro de Triagem.
Hoje ele estava trabalhando como fazia todos os dias. Um envelope entrou na
máquina de seleção. Ed olhou para uma janelinha de supervisão. O código de
endereçamento postal apareceu em letras aumentadas.
14141
Ed digitou os números em um teclado numérico. Acendeu um painel digital
vermelho na máquina.
14141
Ed verificou o número, e depois apertou um botão.
A carta continuou percorrendo a canaleta, no sistema de entrega de
correspondência.
Outra carta entrou no seu lugar.
02828
Ed digitou o número.
02828
Enquanto o envelope partia de novo pela canaleta, Ed olhou para o relógio.
Ainda faltava uma hora e vinte minutos para o almoço.
Aí ele olhou de novo pelo visor da máquina, procurando pelo próximo
envelope.
Já fazia um mês que Ed estava trabalhando ali, e era um dos muitos homens
de uniforme azul e cinza que havia no Centro de Triagem. Ele já era capaz de fazer
seu trabalho até sem pensar. Podia usar a cabeça para pensar em outras coisas.
Cada vez mais, ele pensava em quanto odiava a máquina que tinha à sua
frente. Era a última geração de aparelhos específicos para a triagem de
correspondência. Era considerada uma excelente ferramenta para facilitar a vida do
trabalhador postal.
Que vontade de rir! pensou Ed, de olhos vidrados no painel digital. Era fácil
ver quem era a ferramenta. Ele não operava a máquina. Era a máquina que o operava.
De repente, ele levou um susto que interrompeu seus pensamentos.
O envelope seguinte ficou enroscado na canaleta.
Ed tinha de agradecer pela existência de envelopes como esse. O tamanho
estava fora do padrão normal, e ainda havia outros com dobras e os cantos
amarrotados. Os envelopes assim representavam alguma coisa para ele fazer. Algo
que a máquina não conseguia. Pelo menos não por enquanto.
Ele enfiou a mão na canaleta para libertar o envelope.
— Ai! — gritou, puxando a mão para trás. Olhou para o dedo dolorido. O
sangue gotejava de um corte na pele — Fui ferido pelo papel — resmungou ele,
sentindo o estômago revirar.
A visão do sangue o fazia sentir enjôo, deixando-o mais fraco do que nunca,
mais inútil do que nunca. E ali, realmente, parecia que a máquina estava zombando
dele. Que chance tinha uma simples criatura de carne e osso contra aquele monstro
de metal, frio e insensível? Ele começou a tremer de raiva. Estava vendo tudo
vermelho, vermelho como sangue.
Nesse instante ele sentiu no ombro a mão de alguém.
Ed levantou o olhar. Era seu chefe, Harry McNally.
— Ei, Ed. Você está bem? — perguntou Harry, preocupado —, Está mais
pálido do que um fantasma.
— Sangue — respondeu Ed, erguendo o dedo, ainda trêmulo.
Harry deu uma olhada para o dedo ferido, e disse:
— Foi só um corte feito pelo papel, Ed — ele fez uma breve pausa e depois
disse: — Mas, s