Rituais Ontem E Hoje – Mariza Peirano

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O que a marcha do MST, peregrinações religiosas, o carnaval e trocas cerimoniais como o kula da Melanésia têm em comum? O conceito antropológico de ritual une essas e várias outras manifestações culturais. Esse volume analisa o desenvolvimento dessa idéia, derrubando preconceitos e mostrando como ela pode ser reapropriada inclusive para o exame de eventos do cotidiano.

Coleção PASSO-A-PASSO CIÊNCIAS SOCIAIS PASSO-A-PASSO Direção: Celso Castro FILOSOFIA PASSO-A-PASSO Direção: Denis L. Rosenfield PSICANÁLISE PASSO-A-PASSO Direção: Marco Antonio Coutinho Jorge Ver lista de títulos no final do volume Mariza Peirano Rituais ontem e hoje Copyright © 2003, Mariza Peirano Copyright desta edição © 2003: Jorge Zahar Editor Ltda. rua Marquês de São Vicente 99, 1º andar 22451-041 Rio de Janeiro, RJ tel (21) 2529-4750 / fax (21) 2529-4787 [email protected] www.zahar.com.br Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Capa: Sérgio Campante ISBN: 978-85-378-0560-2 Arquivo ePub produzido pela Simplíssimo Livros Sumário Introdução O conceito de ritual hoje O potlach e o kula: à parte da historiografia dos rituais A historiografia canônica Rituais e magia Mitos e ritos O carnaval como ritual A marcha política como ritual Conclusão Referências e fontes Leituras recomendadas Sobre a autora Agradecimentos Este texto foi escrito no primeiro semestre de 2002, quando estive associada ao David Rockefeller Center for Latin American Studies, na Universidade de Harvard. As excelentes condições de trabalho do Centro permitiram-me total concentração na elaboração do livro. Durante esse período, recebi uma bolsa “Estágio Senior” do CNPq. Agradeço a Celso Castro o convite e o diálogo; a Wilson Trajano Filho, as sugestões; e a Stanley Tambiah, a confiança. Conclusão Naturalmente, os resumos que fiz dos estudos de Roberto DaMatta sobre o carnaval e de Christine Chaves sobre a Marcha Nacional dos Sem-Terra não fazem justiça aos dois trabalhos. Um contato direto com os textos originais permitirá uma apreciação mais aguçada. Mas resumi-los serviu para exemplificar os temas e as abordagens utilizados nos dois livros, além de servir para demonstrar um ponto importante que foi apenas insinuado no início deste livro: o de que o ritual é uma forma de ação sobretudo maleável e criativa que, com conteúdos diversos, é utilizada para várias finalidades. Com os exemplos do carnaval e da marcha política — se não pelos anteriores, como o potlatch e o kula — espero ter eliminado o preconceito (ainda presente e de enorme persistência) que vê os rituais como fenômenos formais e desprovidos de sentido. Seguindo a mesma linha, este pequeno livro tem a pretensão de questionar a idéia que se faz dos rituais como opostos à racionalidade e afeitos a crenças místicas. O caminho que percorremos ocupou poucas páginas, mas teve a duração de um século no desenvolvimento da antropologia. Foi um processo longo, como é natural nas transformações teóricas. Inicialmente presos na discussão relativa à magia, religião e ciência, os antropólogos aos poucos foram secularizando a noção de ritual, a ponto de ver esses fenômenos como especiais e críticos independentemente de critérios de racionalidade, religiosidade e misticismo. O ritual — agora definido etnograficamente, isto é, em termos nativos — tornou-se um fenômeno interessante para análise justamente porque, no longo processo de reflexão sobre suas características intrínsecas, reconheceu-se que ele tem o poder de ampliar, iluminar e realçar uma série de idéias e valores que, de outra forma, seriam difíceis de discernir. O mecanismo da bricolagem, definido por Lévi-Strauss, é fundamental aqui: os elementos que entram no ritual já existem na sociedade, fazem parte de um repertório usual, mas são então reinventados. Se o ritual possui características marcantes de estereotipia, redundância, condensação e, às vezes, formalidade, esses são traços de eventos sociais em geral — no ritual eles apenas são reforçados. Concluímos, portanto, que rituais são um tipo especial de eventos, mas não qualitativamente diferentes daqueles considerados usuais. Sendo assim, o instrumental desenvolvido
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