Em Os irmãos Sister, Patrick deWitt faz uma homenagem ao universo clássico do Velho Oeste, transformando o cenário comum em uma inesquecível viagem cômica com personagens marcantes – perdedores, trapaceiros, românticos, confusos – e uma narrativa empolgante. Uma ficção histórica sobre os anos 1850 que mostra dois irmãos unidos pelo sangue, a violência e o amor. O Velho Oeste não foi mais o mesmo depois que eles chegaram. Será que você conseguirá acompanhar o gatilho desses dois irmãos? Cuidado! Você está na mira deles!
Os Irmãos Sister – Patrick deWitt
OS IRMÃOS SISTER
PATRICK DEWITT
Tradução
Marcelo Barbão
Copyright © 2011 by Patrick deWitt
Direitos exclusivos para o Brasil, não válidos para
territórios como Portugal, Angola e Moçambique.
Todos os direitos reservados.
Título original: The Sisters Brothers
PREPARAÇÃO Gabriela Ghetti
REVISÃO Vivian Miwa Matsushita, Carla Schneider
DIAGRAMAÇÃO S4 Editorial
CAPA adaptada do original por S4 Editorial
CAPA ORIGINAL © Dan Stiles
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
W784s
deWitt, Patrick
Os irmãos Sister / Patrick deWitt; tradução de Marcelo Barbão. – São Paulo: Planeta, 2013.
208 p. 23 cm.
Tradução de: The Sisters Brothers
ISBN 978-85-422-0100-0
1. Ficção canadense. I. Barbão, Marcelo. II. Título.
13-0773.
CDD: 819.13
CDU: 821.111(71)-3
2013
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PARA MINHA MÃE
OREGON CITY, 1851
EU ESTAVA SENTADO DO LADO DE FORA DA MANSÃO DO COMODORO, esperando que meu irmão Charlie saísse com notícias sobre o trabalho. Estava ameaçando nevar e eu sentia frio. Como queria algo para fazer, comecei a estudar o cavalo novo do Charlie, Nimble. Meu novo cavalo se chamava Tub. Não acreditávamos muito em dar nomes a esses animais, mas tínhamos recebido como parte do pagamento pelo último trabalho os dois já com seus nomes, então tudo bem. Nossos cavalos anteriores, sem nomes, tinham sido sacrificados, então era claro que precisávamos desses novos, mas eu sentia que teria sido melhor receber dinheiro e comprar os cavalos que quiséssemos, sem histórias, hábitos e nomes pelos quais esperavam ser chamados. Eu gostava muito do meu cavalo anterior e ultimamente tive umas visões, enquanto dormia, de sua morte, as pernas queimadas coiceando, os olhos saltados por causa do calor. Ele conseguia cobrir quase cem quilômetros num dia, como uma rajada de vento, e eu nunca tinha encostado a mão nele, a não ser para acariciá-lo e limpá-lo, e tentava não pensar nele queimando naquele celeiro, mas, se a visão surgia sem ser convidada, como poderia impedi-la? Tub era um animal bastante saudável, mas estaria melhor com outro dono, menos ambicioso. Era corpulento e tinha as costas curtas, por isso não conseguia viajar mais do que oitenta quilômetros por dia. Eu era obrigado a chicoteá-lo, o que alguns homens não se importam em fazer e algo com que outros até sentem prazer, mas que eu odiava; e depois ele, Tub, terminava acreditando que eu era cruel e pensava para si mesmo: Triste vida, triste vida.
Senti alguém olhando para mim e deixei de encarar o Nimble. Charlie estava espiando da janela do segundo andar e acenou com a mão. Não respondi e ele fez uma careta para tentar me arrancar um sorriso; quando notou que eu não sorriria, sua expressão ficou vazia e ele entrou, saindo da minha vista. Eu sabia que ele tinha me visto admirar seu cavalo. Na manhã anterior, eu tinha sugerido que vendêssemos Tub e dividíssemos os custos de um novo cavalo e ele havia concordado que isso era justo, porém mais tarde, no almoço, ele sugeriu que adiássemos isso até que o novo trabalho estivesse terminado, o que não fazia sentido já que o problema com Tub era que ele iria atrapalhar o trabalho, então não seria melhor substituí-lo antes disso? Charlie tinha um pouco de gordura no bigode e falou: “Depois do trabalho é melhor, Eli”. Ele não tinha reclamações com Nimble, que era tão bom ou até melhor do que seu cavalo anterior, sem nome, mas ele teve a chance de escolher primeiro entre os dois enquanto eu estava de cama, me recuperando de uma ferida na perna sofrida no trabalho. Eu não gostava de Tub, mas meu irmão estava satisfeito com Nimble. Esse foi o problema com os cavalos.
Charlie montou em Nimble e a gente se afastou, na direção do Pig-King. Só tinham se passado dois meses desde nossa