O Oceano no Fim do Caminho – Neil Gaiman

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Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.

Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.

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“Gaiman construiu uma história inovadora sobre magia, humanidade, lealdade e memórias, em que a inocência perdida pode ser restaurada se alguém estiver disposto a pagar o preço.” Publishers Weekly “Mordaz e desolador, eloquente e amedrontador, uma fábula que nos lembra como nossa vida é ditada pelas experiências da infância. O que ganhamos com elas e o preço que pagamos.” Kirkus Reviews “Gaiman utiliza mitologia e sua própria infância para construir a história mais bela desde Stardust.” Booklist “Gaiman é um tesouro repleto de histórias, e temos sorte por ele existir.” Stephen King “Gaiman tem uma incrível imaginação e a habilidade para trabalhar temas complexos.” Philip Pullman “Neil Gaiman é um dos autores atuais mais celebrados pelo público jovem e dono de um estilo peculiar.” Folha de S.Paulo “Um olhar moderno sobre os contos de fadas e suas formas.” Library Journal Agradecimentos a Art Spiegelman pela permissão para uso de um trecho de sua conversa com Maurice Sendak na revista The New Yorker, copyright © by Art Spiegelman. Todos os direitos reservados. Copyright © 2013 by Neil Gaiman Todos os direitos reservados. TÍTULO ORIGINAL The Ocean at the End of the Lane ADAPTAÇÃO DE CAPA Julio Moreira PROJETO GRÁFICO ORIGINAL Jamie Lynn Kerner REVISÃO Shirley Lima REVISÃO DE EPUB Ana Celia Fernandes GERAÇÃO DE EPUB Intrínseca E-ISBN 978-85-8057-369-5 Edição digital: 2013 Todos os direitos reservados à Editora Intrínseca Ltda. Rua Marquês de São Vicente, 99, 3º andar 22451-041 — Gávea Rio de Janeiro — RJ Tel./Fax: (21) 3206-7400 www.intrinseca.com.br » » » » Sumário Capa Elogios Folha de rosto Créditos Mídias sociais Dedicatória Epígrafe Abertura Prólogo I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV Epílogo Agradecimentos Sobre o autor Para Amanda, que queria saber. Eu me lembro perfeitamente da minha infância… Eu sabia de coisas terríveis. Mas tinha consciência de que não deveria deixar que os adultos descobrissem que eu sabia. Eles ficariam horrorizados. MAURICE SENDAK, EM CONVERSA COM ART SPIEGELMAN, NA EDIÇÃO DE 27 DE SETEMBRO DE 1993 DA REVISTA THE NEW YORKER Era apenas um lago de patos, nos fundos da fazenda. Nada muito grande. Lettie Hempstock dizia que era um oceano, mas eu sabia que isso não fazia o menor sentido. Lettie falou que elas haviam atravessado o oceano até ali, vindas da velha pátria. Sua mãe dizia que Lettie não lembrava direito, e que tinha sido muito tempo atrás, e, de qualquer maneira, a velha pátria havia afundado. A velha sra. Hempstock, avó de Lettie, argumentava que ambas estavam erradas, e que o lugar que afundara não era a velha pátria de verdade. Ela declarava recordar-se bem da velha pátria de verdade. Afirmava que a velha pátria de verdade havia explodido. Prólogo Eu estava de terno preto, camisa branca, gravata preta e um par de sapatos pretos, bem-engraxados e lustrosos: um traje que normalmente me deixaria desconfortável, como se estivesse usando um uniforme roubado ou fingindo ser adulto. Hoje me confortou, de certa forma. Era a roupa certa para um dia difícil. Tinha cumprido meu dever pela manhã, dissera as palavras que me cabia dizer com sinceridade e, em seguida, após a cerimônia religiosa, entrei no carro e dirigi sem rumo, sem planejamento, com mais ou menos uma hora para matar antes de ver mais gente que havia anos não encontrava, distribuir mais apertos de mãos e beber várias xícaras de chá na mais fina porcelana. Dirigi pelas sinuosas estradas rurais de Sussex, das quais me lembrava apenas parcialmente, até que me vi a caminho do centro da cidade, então sem pensar peguei outra via, dobrei à esquerda e depois à direita. Foi só então que percebi para onde estava indo, para onde ia desde o começo, e fiz uma careta, consciente de minha ausência de bom senso. Eu estava dirigindo a caminho de uma cas
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