O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu – Oliver Sacks

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O cientista e neurologista Oliver Sacks é também um excelente narrador, dono do raro poder de compartilhar com o leitor leigo certos mundos que de outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas. Em “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” estamos diante de pacientes que, imersos num mundo de sonhos e deficiências cerebrais, preservam sua imaginação e constroem uma identidade moral própria. Aqui, relatos clínicos são intencionalmente transformados em artefatos literários, mostrando que somente a forma narrativa restitui à abstração da doença uma feição humana, desvelando novas realidades para a investigação científica e problematizando os limites entre o físico e o psíquico.

O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU e outras histórias clínicas Tradução: LAURA TEIXEIRA MOTTA ORELHA DO LIVRO Oliver Sacks é um neurologista que reivindica para o saber médico uma nova abordagem descritiva, que aproxima os "relatos de casos" a técnicas romanescas, transformando estudos científicos em peças literárias com personagens e enredos tão imponderáveis quanto universais. É impossível ler seus ensaios sem pensar em Freud, o neurologista austríaco que, a partir de relatos clínicos com intensa lapidação estilística, acabou por ampliar os horizontes de representação da vida anímica e fez da psicanálise a matriz do imaginário e do pensamento modernos. Algo semelhante ocorre com Sacks. Em O homem que confundiu sua mulher comum chapéu, estamos na presença de um médico que acolhe a todo momento o novo, o inesperado que irrompe em cada testemunho do drama particular de seus pacientes. Um músico que percebe apenas formas abstratas, que detecta as propriedades geométricas de uma flor mas é incapaz de identificar nela uma rosa; pessoas que sentem dores em membros amputados; uma vítima da amnésia que desesperadamente inventa identidades para as pessoas; o assassino que não recorda seu crime e que, após um acidente, tem pesadelos que reconstituem cada detalhe do assassinato — são estas algumas das personagens de Sacks, almas perdidas na privação neurológica, na super excitação dos sentidos, nos excessos da imaginação, na clausura interior. O homem que confundiu sua mulher comum chapéu (adaptado para o teatro pelo diretor inglês Peter Brook) traz relatos envolventes, em que o observador tenta pacificar seu espante com referências ao universo estável da literatura e da filosofia. Mais de que talento retórico, porém, os latos de Sacks descobrem na arte da narrativa uma possibilidade de ir além do mero registro classificatório dos distúrbios cerebrais, criando uma neurologia da identidade, uma dramaturgia da mente que dá voz a "viajantes em terras inimagináveis" — alargando, pela sensibilidade poética, o campo de investigação da ciência. Oliver Sacks nasceu em Londres, em 1933, e mora nos EUA, onde leciona no Albert Einstein College of Medicine (Nova York). É autor de Enxaqueca, Um antropólogo em Marte, Tempo de despertar (que inspirou o filme homônimo com Robert De Niro e Robin Williams), A ilha dos daltônicos, Vendo vozes, Tio Tungstênio e com uma perna só — todos publicados pela Companhia das Letras. O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER com UM CHAPÉU de OLIVER SACKS PREFÁCIO "A última coisa a decidir ao se escrever um livro é o que se deve pôr primeiro", observou Pascal. Assim, tendo escrito, reunido e organizado estas histórias singulares, selecionado um título e duas epígrafes, preciso agora examinar o que fiz — e por quê. A duplicidade das epígrafes e o contraste entre elas — de fato, o contraste que Ivy McKenzie estabelece entre o médico e o naturalista — correspondem a uma certa duplicidade em mim: pois eu me sinto igualmente naturalista e médico, e me interesso tanto por doenças quanto por pessoas; talvez eu seja igualmente, ainda que não de forma adequada, um teórico e um dramaturgo, atraído no mesmo grau pelo científico e pelo romântico, vendo sempre ambos na condição humana e, sobretudo na quintessência da condição humana, a doença — os animais contraem enfermidades, mas só o homem mergulha radicalmente na doença. Meu trabalho, minha vida estão voltados totalmente para os doentes — mas os doentes e suas doenças conduzem-me a reflexões que, de outro modo, talvez não me ocorressem. Tanto assim que me vejo compelido a indagar, como Nietzsche: "Quanto à doença: não somos quase tentados a perguntar se conseguiríamos passar sem ela"? e a ver as questões que ela suscita como sendo de uma natureza fundamental. Invariavelmente meus pacientes levam-me a questionar, e invariavelmente minhas questões levam-me aos pacientes, assim, nas histórias ou estudos a segui
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