Por que, entre tantos músicos, atletas, cientistas, poucos alcançam aquilo que costumamos chamar de “genialidade”? O que diferencia Mozart, Albert Einstein e Michael Jordan de tantos que, na mesma época, compunham, desenvolviam teorias científicas ou jogavam basquete? Quem aposta que é alguma qualidade genética, ainda não conhece as teorias defendidas por esse livro. Em contestação à tendência de explicar o surgimento desses indivíduos excepcionais por meio de um determinismo genético, David Shenk desenvolve, em O gênio em todos nós, um brilhante argumento a favor da capacidade humana de moldar suas próprias habilidades. Segundo o autor, os genes apenas desenham as possibilidades de cada pessoa, que serão impulsionadas ou desestimuladas pelo meio em que vive e pelo trabalho individual. O resultado é uma visão otimista do ser humano, não mais destinado à grandeza ou à mediocridade por fatores que não pode controlar. De maneira clara e persuasiva, Shenk faz um apanhado dos mais recentes estudos científicos que explicam como desenvolvemos nossas habilidades e como os genes interagem com o ambiente para nos tornar quem somos. Demonstra também como podemos cultivar nossos potenciais — ou arruiná-los. Não somos prisioneiros do nosso DNA e está nas nossas mãos transformar, por meio do esforço, nosso potencial em grandes realizações.
O Gênio Em Todos Nós – David Shenk
David Shenk
O GÊNIO EM TODOS NÓS
Por que tudo que você ouviu falar sobre genética, talento e qi está errado
Tradução:
Fabiano Morais
Para meus pais
Em comparação com o que deveríamos ser, estamos apenas semidespertos. Nossa lenha está úmida, nosso fogo, abafado. Utilizamos apenas uma pequena fração de nossos recursos físicos e mentais … Generalizando, o ser humano vive muito aquém de seu potencial.
WILLIAM JAMES
Sumário
A ARGUMENTAÇÃO
Introdução: O Garoto
PARTE I O mito do dom
1. Genes 2.0 – Como os genes realmente funcionam
Ao contrário do que sempre nos ensinaram, os genes não determinam sozinhos traços físicos ou de personalidade. Na verdade, eles interagem com o meio ambiente dentro de um processo dinâmico e contínuo que gera e constantemente refina o indivíduo.
2. A inteligência é um processo, não algo em si mesmo
A inteligência não é uma aptidão inata, embutida no momento da concepção ou dentro do útero, e sim um conjunto de habilidades em desenvolvimento, conduzido pela interação entre os genes e o ambiente. Ninguém nasce com uma quantidade predeterminada de inteligência. A inteligência (e o quociente de inteligência − qI) pode ser aprimorada. Alguns adultos não chegam nem perto de alcançar seu verdadeiro potencial intelectual.
3. O fim do conceito de “dom” (e a verdadeira fonte do talento)
Como a inteligência, os talentos não são dons inatos, e sim resultado de um acúmulo lento e invisível de habilidades que se desenvolvem desde o momento da concepção. Todos nascem com diferenças, e alguns com vantagens exclusivas para determinadas tarefas. Contudo, ninguém é geneticamente destinado à grandeza e poucos são biologicamente incapazes de alcançá-la.
4. Semelhanças e diferenças entre gêmeos
Gêmeos idênticos normalmente possuem semelhanças impressionantes, mas por motivos que vão muito além de seus perfis genéticos. Eles também podem ter diferenças surpreendentes (e muitas vezes ignoradas). Gêmeos são produtos fascinantes da interação entre os genes e o ambiente. Isso, no entanto, vem passando despercebido, uma vez que os estudos sobre “hereditariedade” têm sido gravemente mal-interpretados. Na verdade, os estudos sobre gêmeos não revelam nenhuma porcentagem de influência genética direta e não nos dizem absolutamente nada sobre potencial individual.
5. Prodígios e talentos tardios
Crianças prodígio e adultos insuperáveis muitas vezes não são a mesma pessoa. Compreender o que faz habilidades extraordinárias surgirem nas diferentes fases da vida de alguém nos oferece um valioso insight em relação à verdadeira natureza do talento.
6. Homens brancos sabem enterrar? Etnia, genes, cultura e sucesso
Aglomerações de talentos esportivos em determinados grupos étnicos e geográficos geram suspeitas de vantagens genéticas ocultas. As verdadeiras vantagens são muito mais sutis – e bem menos ocultas.
PARTE II Cultivando a grandeza
7. Como ser um gênio (ou pelo menos genial)
O velho paradigma nature/nurture – a dicotomia que contrapõe o que é da natureza de alguém (nature), ou seja, inato, ao que é assimilado através da criação (nurture), isto é, adquirido – sugere que o controle sobre nossas vidas está dividido entre genes (inatos) e nossas próprias decisões (adquiridas). Na verdade, temos muito mais controle sobre os nossos genes – e muito menos controle sobre o meio em que vivemos – do que imaginamos.
8. Como arruinar (ou inspirar) uma criança
A criação oferecida pelos pais faz diferença. Nós podemos fazer muito para incentivar nossos filhos a se tornarem bem-sucedidos, mas precisamos estar atentos a alguns erros importantes que devem ser evitados.
9. Como favorecer uma cultura de excelência
Não podemos deixar a tarefa de favorecer a grandeza nas mãos apenas dos genes e dos pais; estimular conquistas individuais é também dever da sociedade. Cada cultura deve se esforçar para promover valores que tragam à tona o melhor das pessoas.
10. Genes 2.1 – Como aprimorar os seus genes
Há muito tempo acreditamos que nosso