Identidade Roubada – Chevy Stevens

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Annie O’Sullivan, corretora de imóveis levanta da cama com três objetivos – vender uma casa, fazer as pazes com a mãe e não se atrasar para o jantar com o namorado. Naquele domingo, aparecem poucas pessoas interessadas em visitar o imóvel. Quando Annie está prestes a ir embora, uma van estaciona diante da casa e um homem vem em sua direção e sequestra Annie, que fica presa durante um ano inteiro em um chalé nas montanhas. ‘Identidade roubada’ é o relato que ela faz para sua terapeuta do tempo em que ficou à mercê do homem a quem chamava de Maníaco.
As memórias que vêm à luz ao longo das sessões de análise são intercaladas com a história de sua vida desde que conseguiu escapar do chalé – a luta para superar seus medos e se reencontrar, a investigação policial para descobrir a identidade do sequestrador e a sensação de que seu martírio ainda não acabou.

P R I M E I R A  S E S S Ã O Sabe, doutora, esta não é a primeira vez que tento fazer terapia desde que voltei. O cara que foi recomendado pelo médico da minha família logo depois que cheguei em casa era uma figura. Ele se comportava como se não soubesse quem eu era. Que idiotice! Só alguém cego e surdo não saberia. Droga, parece que para onde me viro tem algum imbecil saindo de trás da moita com uma máquina fotográfica. Mas, antes que essa merda toda acontecesse, a maioria das pessoas nunca tinha ouvido falar de Vancouver Island, muito menos de Clayton Falls. Hoje, basta mencionar a ilha a qualquer pessoa e aposto que a primeira coisa que ela vai dizer é: “Não foi lá que aquela corretora de imóveis foi sequestrada?” Até o consultório do cara era desestimulante: sofás de couro preto, plantas de plástico e uma mesa de metal cromado com tampo de vidro. É assim que se deixa um paciente à vontade? E todos os objetos ficavam perfeitamente alinhados sobre a mesa. Os dentes dele eram a única coisa desalinhada naquele consultório. Quer saber, só pode haver algo errado com um sujeito que tem a necessidade de alinhar tudo sobre a mesa, mas que não conserta os próprios dentes. De saída, ele perguntou sobre minha mãe e então me pediu que pegasse lápis de cor e representasse meus sentimentos no papel. Quando eu disse que aquilo parecia gozação, ele respondeu que eu estava reprimindo minhas emoções e que precisava “abraçar o processo”. Que se danem ele e o processo. Não passei de duas sessões. Fiquei a maior parte do tempo me perguntando se devia acabar com a vida dele ou com a minha. Por isso, só em dezembro – quatro meses após minha volta – resolvi tentar de novo essa coisa de terapia. Estava quase conformada a ficar ferrada para sempre, mas a ideia de passar o resto da vida daquele jeito... O seu texto no site é bem engraçado para uma terapeuta e seu rosto me pareceu amigável... e com dentes bonitos, por sinal. E mais, você não tem um monte de siglas – que só Deus sabe o que significam – depois do nome. Não faço questão do especialista mais conhecido do mundo. Isso é sinônimo de um ego enorme e de uma conta maior ainda. Também não me importo de dirigir uma hora e meia até aqui. A viagem me afasta de Clayton Falls, e até hoje não encontrei nenhum repórter escondido no banco traseiro do carro. Não me leve a mal. O fato de você parecer uma avó – devia estar tricotando, não anotando o que os outros falam – não quer dizer que eu goste de estar aqui. E por que eu deveria chamá-la de Nadine? Não sei aonde quer chegar, mas tenho um palpite: ao usar seu nome, seria como se fôssemos grandes amigas, logo poderia contar coisas das quais não quero me lembrar... e muito menos falar a respeito! Desculpe, não estou lhe pagando para ser minha amiguinha, então é melhor aceitar que eu a chame de doutora. E, já que estamos acertando os ponteiros, vamos estabelecer algumas regras básicas antes de começarmos nossa brincadeira. Vai ter que ser do meu jeito. Isso quer dizer que você não vai perguntar nada. Nem mesmo “Como se sentiu quando blá-blá-blá...?”. Vou contar a história desde o começo e, quando quiser ouvir sua opinião, eu peço. Ah! E, caso queira saber, não, nem sempre fui uma pessoa amarga. v Naquela manhã do primeiro domingo de agosto fiquei na cama até mais tarde, enquanto Emma, minha golden retriever, roncava no meu ouvido. Eram poucas as minhas horas de descanso. Naquele mês eu vinha me matando de trabalhar para ter exclusividade na venda de um condomínio à beira-mar. Nos padrões de Clayton Falls, um complexo de 100 unidades é algo fora do comum, e àquela altura a concorrência havia se reduzido a outro corretor e eu. Não sabia quem era meu concorrente, mas o construtor tinha me telefonado na sexta-feira, dizendo-se impressionado com minha apresentação e informando que a decisão final seria anunciada em poucos dias. Eu me senti tão perto do sucesso que podia até saborear o gostinho do champanhe. Na verdade, eu tinha provado champanhe um
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