As elites dirigentes e os meios de comunicação de massa da Venezuela e dos Estados Unidos simplificam demais quando apresentam Chávez como o herdeiro de Fidel Castro e, não raras vezes, divulgando informações errôneas a seu respeito. A verdade é mais complexa, e mais interessante. O líder de um dos países com maior potencial energético da América Latina está determinado a tentar usar a riqueza de seu país para ajudar a maioria pobre. O Chávez que surge do relato de Jones não é nem um santo imaculado e nem um tirano revolucionário. Ele é um mestre do jogo político – eleito presidente por três vezes -, um improvisador talentoso, um nacionalista bolivariano e um socialista confesso. Suas políticas o colocaram em rota de colisão com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, com as grandes empresas de petróleo e com a Casa Branca de Bush. No momento em que compareceu às Nações Unidas, em setembro de 2006, Chávez já havia se tornado figura de destaque no cenário internacional. Quando declarou: “O demônio veio aqui ontem… o presidente dos Estados Unidos”, ficou claro que, para o bem ou para o mal, um homem se levantava a fim de enfrentar o poderio do país mais forte da Terra, imitando conscientemente o Libertador Simón Bolívar. O desafio aos Estados Unidos; a atuação no conflito armado entre o governo colombiano e as Farc; a aproximação com o presidente do Irã, Ahmadinejad; o fomento de núcleos de oposição aos EUA; a não renovação da licença da maior rede de TV do país; a nacionalização das companhias; a dissolução do parlamento – estes são alguns dos episódios contados integralmente neste livro.
Hugo Chávez – Bart Jones
Sumário
Prefácio
1. O Furacão Hugo
2. Raízes Rebeldes
3. Nasce um Revolucionário
4. Tateando Novos Rumos
5. Um Juramento Sagrado
6. A Conspiração Ganha Corpo
7. As Primeiras Traições
8. O Massacre
9. À Espera de Asas para Voar
10. A Rebelião dos Anjos
11. Prisão
12. O Adeus ao Comandante Misterioso
13. Pé na Estrada
14. A Bela e a Fera
15. Rumo ao Poder
16. Um Nascimento e uma Tragédia
17. As Primeiras Deserções
18. O Homem do Petróleo
19. Primeiras Revoltas no Regresso da Turma do Irã-Contras
20. O Golpe
21. O Presidente Desaparece
22. Depois do Golpe
23. A Greve do Petróleo
24. As Missões Sociais
25. O Referendo
26. No Contra-Ataque
27. O Socialismo do Século 21
Posfácio da Edição Americana
Posfácio da Edição Inglesa
Agradecimentos
Notas
HUGO CHÁVEZ
Da Origem Simples ao Ideário da Revolução Permanente
Bart Jones
Tradução:
Rodrigo Castro
Copyright © 2007 by Bart Jones
Copyright © 2008 by Editora Novo Conceito Todos os direitos reservados
Consultoria: Patrícia Secco
Editores: Bete Abreu e Pedro Almeida
Assistentes Editoriais: Marília Mendes e Sonnini Ruiz
Produtor Gráfico: Samuel Leal
Tradução: Rodrigo Castro
Preparação de Texto: Maria Alexandra Orsi Cardoso de Almeida
Revisão de Texto: Esther Alcântara e Vanessa de Paula
Capa: Osmane Garcia Filho
Editoração e Diagramação: Triall
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Jones, Bart Hugo Chávez : da origem simples ao ideário da revolução permanente / Bart Jones ; tradução Rodrigo Castro. -- São Paulo : Novo Conceito Editora, 2008.
Título original: Hugo! : the Hugo Chávez story from mud hut to perpetual revolution.
ISBN 978-85-99560-42-6
eISBN 978-85-8163175-2
1. Chávez, Hugo 2. Venezuela - Política e governo - 1974-1999 3. Venezuela – Política e governo – 1999- 4. Venezuela - Presidentes -B iografia I. Título.
8-06148 CDD-987.0642092
Índices para catálogo sistemático:
1. Venezuela : Presidentes : Biografia 987.0642092
Rua Dr. Hugo Fortes, 1885 – Parque Industrial Lagoinha
14095-260 – Ribeirão Preto – SP
www.editoranovoconceito.com.br
“A América é ingovernável. Os que se dedicam à revolução aram no mar. A única coisa a se fazer na América é emigrar.”
Simón Bolívar
“Aqueles que tornam impossível a revolução pacífica farão da revolução violenta algo inevitável.”
John F. Kennedy
Para Elba e Frank
Prefácio
Hugo Chávez e eu estávamos sentados sozinhos no segundo andar do palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, Venezuela. O relógio marcava quase meia-noite do dia 30 de abril de 2007. A Venezuela estava a alguns minutos de realizar um feito, em certo sentido histórico, assumindo o controle majoritário de quatro projetos petrolíferos multibilionários desenvolvidos na bacia do rio Orinoco (leste) e até então pertencentes a empresas estrangeiras, entre as quais a ExxonMobil, a Chevron Corp, a Conoco e a Total.
Sentado a uma mesa em um pátio externo semifechado, Chávez supervisionava o processo de aquisição. Sobre sua cabeça, um teto de sapé. Penduradas no teto, várias gaiolas com passarinhos que volta e meia trinavam. O ambiente era de tranqüilidade. Mas no Estado de Anzoátegui nada lembrava esse ar de placidez. Os ânimos exaltavam-se. Funcionários e dirigentes da empresa estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA), escoltados por soldados venezuelanos, preparavam-se para, à meia-noite do dia 1o de Maio, Dia do Trabalho, assumir o controle das instalações usadas pelas petrolíferas privadas. Os funcionários hasteariam bandeiras venezuelanas e mudariam o nome das empresas. A Sincor, por exemplo, se transformaria na PetroJunin, designação que faz referência a uma famosa batalha liderada pelo herói de Chávez, Simón Bolívar.
Como muitas das manobras de Chávez, essa também era polêmica. Os adversários afirmavam se tratar de mais um passo rumo à instalação de uma ditadura talhada aos moldes daqu