Hell – Lolita Pille

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Esta obra, best-seller na França, faz um relato cínico da juventude parisiense do terceiro milênio. O livro é um misto de romance e relato confessional. A autora Lolita Pille é jovem, rica, usa drogas, gasta fortunas em roupas e causou muita polêmica ao lançá-lo . A protagonista é um alter ego da autora, despreza os que não pertencem ao meio e faz sexo como quem troca de roupa.

Copyright © Editons Grasset & Fasquelle, 2002 TÍTULO ORIGINAL Hell CAPA E PROJETO GRÁFICO Victor Burton PREPARAÇÃO Leny Cordeiro REVISÃO Carlos Alves REVISÃO DE EPUB Cristiane Pacanowski GERAÇÃO DE EPUB Simplíssimo FOTO DA AUTORA Olivier Roller E-ISBN 978-85-8057-019-9 Edição digital: 2011 Todos os direitos desta ediçao reservados à Editora Intrínseca Ltda. Rua Marquês de São Vicente, 99, 3º andar 22451-041 • Gávea • Rio de Janeiro • RJ Tel./Fax: (21) 3206-7400 www.intrinseca.com.br » » » » 1Eu sou uma putinha. Daquelas mais insuportáveis, da pior espécie; uma sacana do 16ème, o melhor bairro de Paris, e me visto melhor que a sua mulher, ou a sua mãe. Se você trabalha num lugar “metido”, ou é vendedora numa butique de luxo, com toda certeza gostaria que eu morresse; eu, e todas as minhas iguais. Mas a gente não mata a galinha dos ovos de ouro. De forma que a minha espécie insolente irá perdurar e proliferar… Sou o símbolo manifesto da persistência do esquema marxista, a encarnação dos privilégios, os eflúvios inebriantes do Capitalismo. Como digna herdeira de gerações de mulheres da sociedade, passo muito tempo na boa vida cobrindo de esmalte minhas unhas; folgada tomando banho de sol; com a bunda sentada numa poltrona com a cabeça entregue às mãos de Alexandre Zouari, ou olhando vitrines na rue du Faubourg-Saint-Honoré, enquanto vocês passam o tempo todo trabalhando para pagar as porcariazinhas de que precisam. Sou o mais puro produto da geração Think Pink; meu credo: seja bela e consumista. Mergulhada na loucura policefálica das tentações ostentatórias, sou a musa da deusa Aparência, em cujo altar imolo alegremente todo mês o equivalente ao que você recebe como salário. Um dia, vou detonar meu visual. Sou francesa e parisiense e estou me lixando para o resto; pertenço a uma única comunidade, a mui cosmopolita e controversa tribo Gucci Prada – a grife é meu distintivo. Sou um pouquinho caricatural. Confesse que você me acha uma completa babacona com meu visual Gucci, o sorriso branco de louça de banheiro e os cílios de borboleta. Mas é engano seu me subestimar; essas são armas ameaçadoras e é graças a elas que vou descolar mais tarde um marido que seja pelo menos tão rico quanto papai, condição sine qua non desta minha existência tão deliciosa e exclusivamente fútil. Visto que trabalhar não faz parte da longa lista dos meus talentos. Quero me divertir com eles, e basta. Da mesma forma que mamãe e vovó antes de mim. Uma vez dito isso, já faz algumas décadas que a concorrência está pesada no mercado matrimonial de alto luxo. Os bons partidos são disputados a tapa por um exército de manecas, secretárias e outras criadas ambiciosas, cujos dentes brancos brilham no assoalho e de quem nada consegue demover a intenção de ficar com a parte do leão. A parte do leão = um apartamento com salões na Rive Droite + uma Mercedes esporte + um armário cheio de roupa cafona de grife + duas cabeças louras + escarnecer das antigas colegas que não se deram tão bem. É verdade, na zona oeste de Paris, somos todos belos, somos todos ricos. Ricos… isso está na cara para vocês, haja vista o preço do metro quadrado; se não fôssemos ricos, não estaríamos morando ali. Já belos, percebo alguma dúvida nas suas cabeças. Mas pensem um pouco. Num mundo em que a ascensão social corre solta há várias gerações por intermédio da cama, as famílias feias foram purgadas graças a casamentos de interesse, nos quais, da união de um gordão cheio da grana com uma arrivista gostosa, resulta geralmente uma prole perfeita, já que esta será dotada do físico da mamãe e da conta bancária do papai. É verdade que não dá para a gente ter sempre sucesso, pode acontecer de o papai ser passado para trás pelo seu administrador e de os genes da mamãe não se imporem, de forma que o bebê pode nascer feio como o papai e pobre como a mamãe. É o que a gente chama de azar, mas não vou me estender sobre esse assunto. Não vim segurar a pena para descre
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