Um panorama da vida, da obra, e da época em que viveu Sigmund Freud – o criador da psicanálise, o homem que rompeu com a medicina de seu tempo e marcou o século XX ao revelar os segredos mais recônditos da alma e da sexualidade humana.
Freud – Criador da Psicanálise – Marco A. Coutinho Jorge
Marco Antonio Coutinho Jorge
Nadiá Paulo Ferreira
Freud,
criador da psicanálise
3ª edição
Copyright © 2002, Marco Antonio Coutinho Jorge
Nadiá Paulo Ferreira
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Capa: Sérgio Campante
Edições anteriores: 2002, 2005
ISBN: 978-85-378-0366-0
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Sumário
Breve introdução
A Viena de Freud
Os Freud
Da anestesia ao amor:
da medicina à psicanálise
Os sonhos:
via régia para o inconsciente
A peste e o sexual
A clínica da histeria
As dissidências
O destino de Édipo e o nosso
A virada de 1920
A morte no exílio
Cronologia
Referências e fontes
Leituras recomendadas
Sobre os autores
Coleção PASSO-A-PASSO
CIÊNCIAS SOCIAIS PASSO-A-PASSO
Direção: Celso Castro
FILOSOFIA PASSO-A-PASSO
Direção: Denis L. Rosenfield
PSICANÁLISE PASSO-A-PASSO
Direção: Marco Antonio Coutinho Jorge
Ver lista de títulos no final do volume
A morte no exílio
Quatro meses depois de Hitler ser nomeado chanceler da Alemanha, os livros de Freud foram queimados em praças públicas e centros universitários. Com a magnífica verve de sempre, Freud afirmou sua surpresa diante de tamanha evolução da humanidade, pois na Idade Média seria ele quem seria queimado vivo!
No verão de 1923, a descoberta de um tumor maligno do lado direito do palato desencadeara uma seqüência de nada menos que 31 cirurgias. As seqüelas deixadas por tantas operações e a idade avançada contribuíram para um estado precário de saúde, levando Freud a ignorar a insistência dos amigos para que deixasse Viena. Logo depois da chegada triunfal de Hitler a Viena, o escritório da editora Verlag (fundada em 1918) e o apartamento de Freud foram invadidos pelos membros de tropas paramilitares e camisas-pardas. Prenderam Martin Freud, que só seria libertado à noite. Revistaram os arquivos da editora, mas não encontraram nenhuma prova comprometedora. No apartamento, obrigaram Anna Freud a abrir o cofre e levaram todo o dinheiro. Felizmente não acharam o testamento de Freud, que revelaria a existência de dinheiro no exterior. Essa situação dramática chegou ao clímax em 22 de março de 1938, quando Anna foi presa. Schur afirmou que esta foi a única vez em que viu Freud muito preocupado, fumando sem parar e andando de um lado para outro. Às dezenove horas, Anna retornou contando que a Gestapo queria informações sobre a Associação Psicanalítica Internacional e que conseguira convencer os nazistas de que era uma entidade exclusivamente científica.
Freud resolveu deixar a Áustria e começou a luta com a burocracia. Sem dinheiro em espécie e com a conta bancária confiscada, não poderia atender às exigências das autoridades nazistas. Além do imposto que deveria ser pago pelos judeus para receberem o visto de saída da Áustria, cobraram as despesas de correio para trazer de volta as obras de Freud, que tinham sido enviadas para a Suíça por seu filho Jean Martin. Marie Bonaparte, que já ficara junto à família Freud durante o mês de março e início de abril, voltou a Viena, ainda em abril, e pagou todas as despesas. Jean Martin diz numa carta que as últimas tristes semanas em Viena teriam sido insuportáveis sem a presença da princesa.
Com as relações da princesa e o prestígio de Ernest Jones junto ao ministério inglês iniciou-se um movimento de apoio internacional a Freud, desencadeando uma série de adesões. O psiquiatra Ludwig Binswanger mandou uma carta convidando Freud a ir para a Suíça. William Bullitt, embaixador americano na França, pediu ao cônsul-geral americano em Viena, John Cooper Wiley, que fora nomeado por ele, para visitar Freud em sua residência. O embaixador american