Três crimes. Entre as vítimas, nada em comum – idade, sexo, ocupação, cor da pele. Os cadáveres, porém, apresentavam a mesma característica sinistra: seus fígados tinham sido removidos. Nenhum sinal indicava como o assassino entrara e saíra do local do crime. Crimes em série exatamente como esses já haviam ocorrido antes, mas há muitos e muitos anos.
Mulder e Scully tentam prender um assassino mutante, que pode passar pelos menores buracos e despertar da hibernação a cada 30 anos, para cometer assassinatos.
Assassino Imortal – Arquivo X Vol. 4 – Chris Carter
Novelização de Ellen Steiber
baseada na série de TV
Arquivo X, criado por Chris Carter
com adaptação do roteiro de
Glen Morgan e JamesWong
Tradução de José A. Ceschin
1998
Para Mimi Panitch,
Terri Windling e Tânia Yatskievych,
Itrépidas companheiras de viagem
E grandes amigas
Arquivo X
Assassino Imortal
Capítulo 1
Sete e meia. Enquanto os últimos raios vermelhos do pôr-do-sol rasgavam os céus de
Baltimore, multidões de trabalhadores acotovelavam-se nas ruas, procurando voltar depressa
para casa, antes que a noite caísse.
Todos, menos George Usher, um homem de negócios de meia-idade, que voltava para
o escritório, pronto para uma longa noite de trabalho, só que não estava muito contente com
isso.
Quando saiu do elevador, no décimo quinto andar do prédio comercial, Usher suspirou.
Cubículos vazios, longos e silenciosos corredores, com uma ou outra luz vermelha indicando as
saídas de emergência, que emprestavam um brilho lúgubre no meio da reduzida claridade do
começo da noite.
Era uma sensação diferente estar no escritório à noite. Arrepiante. "A segurança é
perfeita", lembrou Usher para acalmar-se. "Não entra ninguém que não trabalhe no edifício”.
Mesmo assim, estava com uma sensação muito estranha.
Usher foi para sua sala, acendeu a luz e discou um número no telefone. Uma secretária
eletrônica respondeu, com a voz de sua mulher pedindo que deixasse o recado depois do sinal.
— Oi, querida — ele disse —, são umas sete e meia, e acho que vou ficar por aqui um
bom tempo ainda. A reunião não correu muito bem. Ligue pra mim. Eu te amo. Tchau.
Usher desligou e fixou o olhar no corredor escuro, na frente da porta de sua sala. De
repente, sentiu um calafrio, era medo.
"Café", pensou ele, "uma boa xícara de café ajuda." Apanhou sua caneca de porcelana
e foi para a máquina de café que ficava do outro lado do escritório. Andando pelo corredor, foi
passando por inúmeras salas vazias.
No entanto, a sua sala não estava vazia.
No mesmo instante em que ele saiu, um barulhinho quase inaudível rompeu o silêncio.
No alto da parede oposta à mesa de Usher, a grade de metal da passagem de ar condicionado
moveu-se, menos de meio centímetro. Os dois parafusos que seguravam a grade começaram
a girar. Primeiro o da direita, depois o da esquerda. Aí, bem devagar, longos e finos dedos
apareceram pelas fendas da grade e a empurraram para o lado.
Usher tomou o caminho de volta pelo corredor, com a caneca cheia de café feito pela
manhã. Parou ao chegar diante da porta de sua sala; era capaz de jurar que tinha deixado a
luz acesa lá dentro.
Entrou na sala escura, tateando em busca da luminária que havia sobre sua mesa.
Nesse momento a porta fechou-se com uma força fora do comum, e Usher de repente
percebeu que não estava sozinho.
Apavorado, correu para a porta, agarrou a maçaneta e fez força para abrir. Mas alguém
— ou alguma coisa — o estava segurando.
Usher ficou desesperado, lutou para livrar-se das mãos do estranho e conseguiu
escapar. Rolou o corpo sobre a mesa, mas logo sentiu duas mãos muito fortes apertando-lhe a
garganta. Não conseguia respirar nem gritar, quando seu corpo foi erguido no ar por aquela
força inumana.
Por uma fração de segundos, aquelas mãos afastaram-se de sua garganta, o tempo
suficiente para o grito aterrorizado de Usher explodir pelo escritório, no momento em que seu
corpo foi arremessado violentamente contra a porta, que não resistiu e se quebrou.
E então fez-se o mais completo silêncio.
Uma hora mais tarde a sala de George Usher estava envolta pela luz fria e branca do
luar. O café derramado de sua caneca tombada esparramou-se pelo carpete, que já estava
encharcado de sangue. Seu corpo sem vida jazia ali perto.
Diretamente acima do cadáver, um dos pa