Agosto – Rubem Fonseca

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O atentado contra o jornalista Carlos Lacerda na rua Tonelero é a deixa para o romance “noir” do escritor carioca em torno dos acontecimentos de agosto de 1954, que levaram ao suicídio do Presidente da República, Getúlio Vargas.

Copyright © 1990 Rubem Fonseca Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19.02.1998 Coordenação da edição Sérgio Augusto Revisão Joana Milli Capa Retina 78 Não foram medidos esforços para localização dos titulares dos direitos usados nestaobra. Eventuais direitos não obtidos encontram-se devidamente reservados. Texto estabelecido segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. CIP-BRASIL.CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. F747a 4.ed. Fonseca, Rubem, 1925- Agosto/Rubem Fonseca. - 4.ed. - Rio de Janeiro : Agir, 2010. ISBN 978-85-220-1068-4 1. Brasil – História – Crise de 1954 – Ficção. 2. Romance brasileiro. I. Título. 09-6379CDD 869.93 CDU 821.134.3(81)-3 Todos os direitos reservados à AGIR EDITORA LTDA.– uma empresa Ediouro Publicações Rua Nova Jerusalém, 345 – CEP 21042-235 – Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ tel.: (21)3882-8200 fax: 3882-8212/8313 Finora abbiamo parlato di un paradigma indiziario (esuoi sinonimi) in senso lato. E venuto il momento didisarticolarlo. Un conto è analizzare orme, astri, feci (ferine o umane), catarri, cornee, pulsazioni, campi dineve o ceneri di sigaretta; un altro è analizzare scritture o dipinti o discorsi. La distinzione tra natura (inanimata o vivente) e cultura è fondamentale — certo piúdi quella, infinitamente piú superficiale e mutevole, trale singole discipline. [CARLO GINZBURG,Miti emblemi spie: morfologia e storia] History, Stephen said, is a nightmarefrom which I am trying to awake. [JAMES JOYCE, Ulysses] 1 O porteiro da noite do edifício Deauville ouviu o ruído dos passos furtivos descendo as escadas. Era uma hora da madrugada e o prédio estava em silêncio. “Então, Raimundo?” “Vamos esperar um pouco”, respondeu o porteiro. “Não vai chegar mais ninguém. Já está todo mundo dormindo.” “Mais uma hora.” “Amanhã tenho que acordar cedo.” O porteiro foi até a porta de vidro e olhou a rua vazia e silenciosa. “Está bem. Mas não posso demorar muito.” No oitavo andar. A morte se consumou numa descarga de gozo e de alívio, expelindo resíduos excrementícios e glandulares — esperma, saliva, urina, fezes. Afastou-se, com asco, do corpo sem vida sobre a cama ao sentir seu próprio corpo poluído pelas imundícies expulsas da carne agônica do outro. Foi ao banheiro e lavou-se com cuidado sob o chuveiro do box. Uma dentada no seu peito sangrava um pouco. No armário da parede havia iodo e algodão, que serviram para um curativo rápido. Apanhou sua roupa sobre a cadeira e vestiu-se, sem olhar para o morto, ainda que tivesse a aguda consciência da presença do mesmo sobre a cama. Não havia ninguém na portaria quando saiu. O homem conhecido pelos seus inimigos como Anjo Negro entrou no pequeno elevador, que ocupou por inteiro com seu corpo volumoso, e saltou no terceiro pavimento do Palácio do Catete. Andou cerca de dez passos no corredor em penumbra e parou em frente a uma porta. Dentro, no modesto quarto, vestido com um pijama de listas, sentado na cama com os ombros curvados, os pés a alguns centímetros do assoalho, estava o homem que ele protegia, um velho insone, pensativo, alquebrado, de nome Getúlio Vargas. O Anjo Negro, depois de tentar ouvir se algum ruído vinha de dentro do quarto, recuou, apoiando as costas numa das colunas coríntias simetricamente dispostas na balaustrada tetragonal de ferro que cercava o vão central do hall do palácio, àquela hora silencioso e escuro. Deve estar dormindo, pensou. Depois de certificar-se que não havia anormalidades no andar residencial do palácio, Gregório Fortunato, o Anjo Negro, chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, desceu as escadas em direção ao gabinete da assessoria militar, no térreo, verificando, no caminho, se os guardas mantinham-se nos seus postos, se o Palácio das Águias estava em paz. O major Dornelles conversava com outro assessor, o major Fitipaldi, quando Gregório entrou no gabinete. O chefe da gua
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