História de Portugal – Oliveira Martins

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A história é sobretudo uma lição moral; eis a conclusão que, a nosso ver, sai de todos os eminentes progressos ultimamente realizados no foro das ciências sociais. A realidade é a melhor mestra dos costumes, a crítica a melhor bússola da inteligência: por isso a história exige sobretudo observação directa das fontes primordiais, pintura verdadeira dos sentimentos, descrição fiel dos acontecimentos, e, ao lado disto, a frieza impassível do crítico, para coordenar, comparar, de um modo impessoal ou objetivo, o sistema dos sentimentos geradores e dos actos positivos.

Edição revista e prefaciada pelo Dr. Guilherme Oliveira Martins. Plano da Obra – Nota inicial. Advertência. I. Descrição de Portugal. II. História da Independência 1109-1385. III. A conquista do mar tenebroso 1385-1500. IV. A viagem da Índia 1500-1640. V. A catástrofe 1500.1580. VI. A decomposição 1580-1777. VII. A Anarquia espontânea 1777-1834. Apêndice. I. Cronologia. II. Quadros Genealógicos. III. Notas sobre a historiografia em Portugal.

História de Portugal Oliveira Martins Edições Vercial Índice ADVERTÊNCIA LIVRO PRIMEIRO OS LUSITANOS FUNDAMENTOS DA NACIONALIDADE GEOGRAFIA PORTUGUESA A TERRA E O HOMEM A HISTÓRIA NACIONAL LIVRO SEGUNDO A SEPARAÇÃO DE PORTUGAL A CONQUISTA DE AL-GHARB A MONARQUIA E A JUSTIÇA A CRISE LIVRO TERCEIRO O INFANTE D. HENRIQUE PORTUGAL EM ÁFRICA O PRÍNCIPE PERFEITO EM DEMANDA DO PRESTE-JOÃO DAS ÍNDIAS LIVRO QUARTO D. FRANCISCO DE ALMEIDA AFONSO DE ALBUQUERQUE D. JOÃO DE CASTRO SUMÁRIO DA DERROTA. VOLTA AO REINO LIVRO QUINTO A CORTE DE D. MANUEL A INQUISIÇÃO (D. JOÃO III) JORNADA DE ÁFRICA (D. SEBASTIÃO) O SEBASTIANISMO LIVRO SEXTO A EDUCAÇÃO DOS JESUÍTAS OS FILIPES PORTUGAL RESTAURADO AS MINAS DO BRASIL (D. JOÃO V) O TERRAMOTO – O MARQUÊS DE POMBAL LIVRO SÉTIMO A SOCIEDADE A INVASÃO FRANCESA 1820 D. MIGUEL A REVOLUÇÃO LIBERAL APÊNDICE ADVERTÊNCIA «Antigamente foi costume fazerem memoria das cousas que se fazião, assi erradas, como dos valentes & nobres feytos. Dos erros porque se delles soubessem guardar: & dos valentes & nobres feytos, aos bõos fezessem cobiça auer pera as semelhantes cousas fazerem». Coronica do Condestabre A história é sobretudo uma lição moral; eis a conclusão que, a nosso ver, sai de todos os eminentes progressos ultimamente realizados no foro das ciências sociais. A realidade é a melhor mestra dos costumes, a crítica a melhor bússola da inteligência: por isso a história exige sobretudo observação direta das fontes primordiais, pintura verdadeira dos sentimentos, descrição fiel dos acontecimentos, e, ao lado disto, a frieza impassível do crítico, para coordenar, comparar, de um modo impessoal ou objetivo, o sistema dos sentimentos geradores e dos atos positivos. O desenvolvimento do critério racional e o predomínio crescente dos processos próprios das ciências baniram os modelos antigos e fizeram da história um género novo. Nem os discursos morais ou literários sobre a história, à maneira do XVII século, nem o doutrinarismo seco do XVIII, que sobre factos e instituições mal conhecidos construía sistemas gerais quiméricos, nem a opinião, muito seguida em nossos dias, de considerar a história unicamente nos seus fenómenos exteriores, averiguando eruditamente as épocas e as condições dos sucessos, merecem, a nosso ver, imitação. Todos estes sistemas, porém, ensaios sucessivos para determinar o género de um modo definitivo, têm um lado de verdade aproveitável. Os modelos clássicos fizeram sentir o caráter moral da história; os modelos abstratos, a necessidade de compreender os fenómenos num sistema de leis gerais; os modelos eruditos, finalmente, a condição imprescritível de um conhecimento real e positivo da cronologia e dos elementos que compõem o meio externo ou físico das sociedades.[1] Nada disto, porém, é ainda realmente a história, embora todas essas condições sejam indispensáveis para a sua compreensão. O íntimo e essencial consiste no sistema das instituições e no sistema das ideias coletivas, que são para a sociedade como os órgãos e os sentimentos são para o indivíduo, consistindo, por outro lado, no desenho real dos costumes e dos carateres, na pintura animada dos lugares e acessórios que forma o cenário do teatro histórico. Estes dois aspetos são igualmente essenciais: porque a coexistência independente dos motivos coletivos e naturais, e dos atos individuais, é um facto incontestável na vida das sociedades. Na História da Civilização Ibérica tratámos de estudar o sistema de instituições e de ideias da sociedade peninsular, para expor a sua vida coletiva orgânica e moral. Tomámos aí a sociedade como um indivíduo, e procurámos retratá-lo física e moralmente. Agora o nosso propósito é diverso. Tratando da história particular portuguesa, somos levados a encarar principalmente o segundo dos aspetos essenciais da história geral. A sociedade portuguesa, como molécula que é do organismo social ibérico, peninsular, ou espanhol – estas três expressões têm aqui um alcance eq
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