Fala sério, mãe! – Thalita Rebouças

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Mãe e filha. Que relação complicada essa! Amor, carinho, compreensão e, claro, muitas, muitas brigas. Brigas importantes, brigas bobas, brigas memoráveis. Só variam conforme a idade. Boletim, namorados, arrumação do quarto, legumes, viagens, festas, hora de chegar das festas… tudo é motivo para essas pelejas domésticas.
Para Angela Cristina, elas são apenas carinho e preocupação. Para Maria de Lourdes, são chateação materna mesmo. Na primeira metade do livro, os textos mostram o ponto de vista da mãe. Mas depois do primeiro beijo, aos 12 anos, é Maria de Lourdes (ou Malu, como ela prefere) quem assume a narrativa.
Fala sério, mãe! é uma coletânea de crônicas bem-humoradas do cotidiano dessas duas personagens, que pode ser lida aleatoriamente ou como um romance em pílulas, em ordem cronológica, da barriga aos 21 anos.

Fala sério, mãe! – Thalita Rebouças

NA BARRIGA Conversando com o neném que vai chegar Quando você era só um amendoin crescendo dentro do meu útero, eu já tinha certeza de que você seria uma menina. Um linda menininha. Aí você aumentou de tamanho, a barriga aumentou de tamanho... e eu também. Fiquei redonda, o nariz alargou (desfigurou seria mais apropriado, mas eu estou grávida, grávidas podem tudo, eu prefiro "alargou" e não se fala mais nisso), a pele deu uma manchada, os pés estufaram - o que me levou a perder quase todos os meus sapatos - e as costas passaram a doer como se eu fosse uma estivadora. Mas, apesar disso, as pessoas em volta não se cansam de dizer como estou bonita, como irradio luz. Gente bacana... sim, porque a partir do sétimo mês, eu comecei a me achar um bujão de gás em forma de gente e lamentei em silêncio por todas as abdominais perdidas e calorias gastas na academia. E pensar que um importante mistério será decifrado com o nascimento da minha pequerrucha: para onde vai toda essa barriga que eu ganhei? Que aspecto terá a pele dessa região? Ficará murcha e enrugada depois do parto? Quer saber? Nada disso realmente importa. Além de ver seu rostinho e seu corpinho saudáveis, tenho apenas uma curiosidade, quase que jornalística. Como é um parto? É ou não é igual a parto de novela? Será que é aquele suadouro? Aquela fooorça? Como surgiu essa idéia de ninguém contar um parto em detalhes? É sempre "lindo", "muito emocionante", "a dor é grande, mas vale a pena..." nenhuma mulher quantifica essa dor ou dá pistas sobre ela. "É uma cólica muito forte." Tudo bem, a frase realmente diz bastante, mas não é tudo. Como é na hora H? Em que a cabeça sai, os bracinhos, todo o resto... quanto tempo vai demorar? O que eu vou sentir, pensar? Vou chorar quando você chorar? O que sentirei quando finalmente vir seu rosto? Será que vou conseguir segurar no colo alguém tão frágil? Dá um medo... Seu pai já avisou que não vai assistir ao parto. Vem dizendo isso isso desde que descobrimos que tínhamos feito você. Não fique triste, homens são meio frescos para sangue, mesmo. Mas o papai te ama muito e vive alisando a minha barrigona para conversar com a filhota dele. Aliás, o mundo resolveu alisar a minha barriga, até a vizinha do 203, aquela megera desalmada. Agora a dita cuja me ama. Só porque eu estou esperando neném. Mas tudo bem. Logo no primeiro mês descobri que grávida não tem dono, é do povo. É praticamente uma revista de sala de espera, todo mundo (todo mundo mesmo, inclusive gente com quem não tenho a menor intimidade) se sente tentado a passar a mão. Bom, agora é só esperar. E aproveitar o tempo que sobra para usufruir os últimos dias de paparico a que tenho direito. Taí uma parte boa da gravidez. Parece que todo dia é dia do meu aniversário: os amigos telefonam, visitam, dão presentes, flores, comidinhas... Prometo que tentarei administrar com tranquilidade a contagem regressiva e essa ansiedade que me sobe no peito. Falta só mais um pouquinho e, para quem já esperou tanto, não vai ser difícil. Tenho certeza, Maria de Lourdes, de que vamos ter uma relação linda, cheia de carinho, amizade, compreensão e diálogo. E eu juro que vou fazer de tudo para criar você da melhor forma possível. Mas nasce rapidinho, tá? 5 MESES Entre germes e bactérias - Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! Viva a Maria de Lourdes! Êêê! - Êêê! - Ela sorriu, deixando à mostra a gengiva mais linda do mundo. Aniversário de cinco meses da minha pequena. Eu mesma soprei as velinhas do bolo enquanto ela balbuciava coisas do tipo gugu dadá. Minha filhota está tão gostosa! Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre mim. Meu corpo continua igual a uma lasanha (quadrado e compacto) e minha barriga ainda não voltou para o lugar, o que levou o Armando a me chamar carinhosamente de "meu tribufu". Um doce de marido, isso é que é incentivo. O pior é que ele acha que entende tudo de mulher, imagina se nã
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