Elogio da Loucura – Erasmo de Rotterdam

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Neste libelo do teólogo Erasmo de Rotterdam (1469-1536), quem fala é a Loucura. Sempre vista apenas como uma doença ou como uma característica negativa e indesejada, aqui ela é personificada na forma mais encantadora. E, já que ninguém mais lhe dá crédito por tudo o que faz pela humanidade, ela tece elogios a si mesma. O que seria da raça dos homens se a insanidade não os impulsionasse na direção do casamento? Seria suportável a vida, com suas desilusões e desventuras, se a Loucura não suprisse as pessoas de um ímpeto vital irracional e incoerente? Não é mérito da Loucura haver no mundo laços de amizade que nos liguem a seres perfeitamente imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de ‘Elogio da Loucura’, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escolásticos ortodoxos que punham o homem ao serviço da razão (e não o contrário) e estende um véu de compaixão por sobre a natureza humana.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam  ÍNDICENotíciaBiográfica ELOGIODALOUCURA ErasmoaTomásMore DeclamaçãodeErasmodeRotterdam Notas NOTÍCIA BIOGRÁFICAFILHO de Geraldo Elia e de Margarida Zerembergen, nasceu Erasmo no dia 27 de outubro de 1465, na cidade de Rotterdam. 0 seu primitivo nome de Geraldo, herdado do pai, traduziu-o ele, mais tarde em latim e em grego, tornando-se célebre com o de Desidério Erasmo. Seu pai, em virtude da perseguição da família de Margarida, por não ter o casal recebido a bênção da Igreja, fora constrangido a refugiar-se em Roma. Em seguida desesperado com a falsa notícia da morte de Margarida, entrou num convento e fez-se padre. Ao saber, porém, que Margarida ainda vivia, voltou à Alemanha e recuperou a sua felicidade, passando a viver em companhia da esposa e do filho.Aos onze anos de idade, Erasmo já lia perfeitamente Horácio e Terêncio. Tendo perdido os pais ainda muito jovem, o seu tutor internou-o no convento de Stein, onde Erasmo, desgostoso,v entregou-sev apaixonadamentei aos estudos. Tinha apenas vinte anos quando escreveu sua primeira obra: O Desprezo do Mundo. Em seguida publicou um discurso intitulado O Bem da Paz. Esses dois trabalhos logo se tornaram muito conhecidos e celebrizaram o seu autor. 0 bispo de Cambrai mandou chamar Erasmo e o teve em sua companhia. Seguiu ele, depois para Paris e entrou no colégio de Montegu, mas aí se deu tão mal com a alimentação que a sua saúde ficou seriamente prejudicada. Regressando à Holanda, teve a proteção da marquesa de Nassau, Ana de Brosselen. A fidalga castelhana forneceu-lhe recursos para as suas viagens. Erasmo foi, então, para a Inglaterra onde esteve em companhia de Lord Montjoye, que mandara chamá-lo. Daí, partiu ele para a Itália, onde se doutorou pela Universidade de Bolonha.Na Itália, Erasmo travou relações com os homens mais famosos da época. Conheceu cardeais e papas, entre estes Júlio II. Esteve em seguida, em Veneza, com Aldo Manuzio; depois, em Pádua, onde foi preceptor do filho bastardo de James Stuart; mais tarde tornou à inglaterra, onde teve em Thomas More um dos seus melhores amigos.O Elogio da Loucura (Encomium Moriae), que ora editamos, foi publicado em Paris em 1509. É uma sátira extraordinariamente interessante, na qual os potentados da época e sobretudo os homens da Igreja são impiedosamente escalpelados pela ironia incomparável do grande escritor.Sempre inquieto e insatisfeito, percorreu Erasmo vários países, até se instalar definitivamente na Basiléia, onde morreu aos setentas anos de idade, no dia 11 de julho de 1536.ELOGIO DA LOUCURA ERASMO de ROTTERDAMERASMO A THOMAS MORE, SAÚDE.ACHANDO-ME, dias atrás, de regresso da Itália à Inglaterra, a fim de não gastar todo o tempo da viagem em insípidas fábulas, preferi recrear-me, ora volvendo o espírito aos nossos comuns estudos, ora recordando os doutíssimos e ao mesmo tempo dulcíssimos amigos que deixara ao partir. E foste tu, meu caro More, o primeiro a aparecer aos meus olhos, pois que malgrado tanta distância, eu via e falava contigo com o mesmo prazer que costumava ter em tua presença e que juro não ter experimentado maior em minha vida. Não desejando, naquele intervalo, passar por indolente, e não me parecendo as circunstâncias adequadas aos pensamentos sérios, julguei conveniente divertir-me com um elogio da Loucura. Porque essa inspiração?(1) -perguntar-me-ás. Pelo seguinte: a princípio, dominou-me essa fantasia por causa do teu gentil sobrenome, tão parecido com a Mória quanto realmente estás longe dela e, decerto, ainda mais longe do conceito que em geral dela se faz. Em seguida, lisonjeou-me a idéia de que essa engenhosa pilhéria pudesse merecer a tua aprovação, se é verdade que divertimentos tão artificiais, não me parecendo plebeus, naturalmente, nem de todo insulsos, te possam deleitar(3), permitindo que, como um novo Demócrito, observes e ridicularizes os acontecimentos da vida humana. Mas, assim como, pela
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