Considerado um clássico moderno desde sua publicação em 1996, o livro Clube da Luta consagrou Chuck Palahniuk como um dos mais importantes e criativos autores contemporâneos, além do próprio livro como um cânone da cultura pop. O livro que estava esgotado há anos volta às livrarias nessa caprichada edição. O clube da luta é idealizado por Tyler Durden, que acha que encontrou uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e das regras sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito daqui para frente. O livro foi filmado em 1999, Por David Fincher (Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, A Rede Social), que possui duas nomeações ao Oscar, que conseguiu adaptar toda atmosfera do livro, o mundo caótico do personagem e o humor negro de Palahniuk em uma trama recebida com inúmeros elogios pela crítica e pelo público que conta com os atores Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter.
Clube da Luta – Chuck Palahniuk
Clube da Luta
Gostaria de agradecer às seguintes pessoas pelo amor e apoio, apesar das coisas terríveis que acontecem:
Ina Gebert, Geoff Pleat, Mike Keefe, Michael Bern Smith, Suzie Vitello, Tom Spanbauer, Gerald Howard, Edward Hibbert, Gordon Growden, Dennis Stovall, Linni Stovall, Ken Foster, Moniea Drake e Fred Palahniuk.
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Primeiro Tyler me arruma um emprego de garçom, depois enfia um revólver na minha boca e diz que o primeiro passo para a vida eterna é morrer. Por muito tempo Tyler e eu fomos grandes amigos. As pessoas estão sempre me perguntando se conheço Tyler Durden.
Com o cano da arma quase encostado no fundo da minha garganta, ele afirma:
— Ninguém quer morrer de verdade.
Sinto na língua os buracos silenciadores que furamos no cano do revólver. Grande parte do ruído da detonação é produzido pela expansão dos gases, tem aquele silvo supersônico que a bala faz quando disparada. Para fazer um silenciador, basta furar buracos no cano da arma, vários deles. Isso permite que o gás escape e a bala saia abaixo da velocidade do som.
Se furar errado, o revólver explode na sua mão.
— Não é realmente uma morte. A gente vira lenda. Não vai envelhecer —
continua ele.
Empurro com a língua o cano da arma para a bochecha e digo, Tyler, você
está falando de vampiros.
Estamos no alto de um prédio que em dez minutos deixará de existir. Pegue vapor de ácido nítrico com 98% de concentração e adicione o ácido a três vezes a mesma quantidade de ácido sulfúrico. Faça isso num banho de gelo. Depois, com um conta-gotas, pingue glicerina lentamente. E você obterá nitroglicerina. Sei disso porque Tyler sabe disso. A nitro misturada a pó de serra também dá um bom explosivo plástico. É só misturar a nitro com algodão e adicionar sal amargo como sulfato. Também funciona. Outros preferem misturar parafina. Para mim, parafina nunca funcionou.
Tyler e eu estamos no alto do Parker-Morris Building com a arma enfiada na minha boca e ouvindo os vidros se estilhaçando. Estamos na beira do telhado. É um dia nublado, mesmo na altura em que estamos. É o prédio mais alto do mundo, aqui em cima é sempre frio. E muito silencioso; você se sente como um desses macacos do espaço que só fazem aquilo que são treinados para fazer. Puxe a alavanca. Aperte o botão.
Você não entende nada e, depois, simplesmente morre.
Acima do centésimo nonagésimo primeiro andar, na beira do telhado, a rua matiza-se de um tapete rústico, com as pessoas paradas, olhando para cima. O
vidro que se quebrou foi de uma janela logo abaixo de nós. Outra vidraça explode na parede lateral do prédio, de onde sai um fichário grande como uma geladeira preta, logo abaixo um arquivo cora seis gavetas despenca pelo paredão e cai em lentas cambalhotas, e cai, cada vez menor, e cai, desaparecendo entre a massa de pessoas.
Num desses 191 andares sob os nossos pés, os macacos espaciais do Comitê
de Maldades do Projeto de Ações Violentas estão feito loucos, tentando destruir cada resto de história.
Sabe aquele velho ditado que diz que a gente destrói quem mais ama? Bom, o inverso também é verdadeiro.
Com a arma enfiada na sua boca e o cano entre os dentes, só dá para falar as vogais.
Estamos nos nossos dez minutos finais.
Outra janela estoura no prédio, o vidro espirra para todo lado como uma revoada de pombos, e uma escrivaninha, empurrada pelo Comitê de Maldades, vem surgindo na parede lateral, balança, escorrega e vira um objeto mágico voador que se perde na multidão.
Em nove minutos o Parker-Morris Building não existirá mais. Pegue uma boa quantidade de gelatina explosiva e amarre nas colunas estruturais de qualquer coisa; dá para derrubar qualquer prédio do mundo. É só escorar bem com sacos de areia na base para que a explosão se dê contra a coluna e não se espalhe pela garagem.
Não se ensina nos livros como fazer isso.
Há três maneiras de fazer napalm: primeiro, misturando partes iguais de gasolina e suco de laranja concentrado e congelado. Segundo, mi