Clãs da lua alfa – Philip K. Dick

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Qual é o limite entre a sanidade mental e a loucura? Imagine no futuro uma pequena lua, que tendo um dia servido de asilo para loucos, agora é um estado constituído. Com suas leis e problemas. As pessoas se reúnem em clãs – os Psicóticos, os Hebetizados, os Maníacos, os Paranóicos, os Esquizóides, os Depressivos – de acordo com suas doenças mentais. O resultado é uma sociedade surreal e ao mesmo tempo bizarra, arremedo da nossa. A Terra continua existindo, mas, mesmo nesse espaço que conhece-mos, estranhas criaturas circulam e interferem nos destinos humanos. Você irá conhecer a “matéria vis-cosa”, estranha forma de vida com exóticos poderes; Coelho Hentman, protagonista de um famoso programa de humor na televisão; Chuck Rittersdorf, nosso anti-herói e é claro… muitos “simulacros” , dos quais é melhor não falar por agora.

    Philip K. Dick   Clãs da Lua Alfa       Tradução Terezinha Batista dos Santos           ©1964, by Philip K. Dick Publicado por acordo com Scott Meredith Literary Agency, Inc. 845 Third Avenue, New York, N.Y., 10022     Título original: Clans of the Alphane Moon   Capa Original: Roberto Garcia (“Ziggy Trots e um Alfano”) Capa do Exilado: http://bystander-koko.deviantart.com/art/Philip-K-Dick-Alphane-Moon-251438554   Revisão tipográfica: Henrique Tarnapolsky Digitalização: Diogo Seisenhofer     Impresso no Brasil Printed in Brazil     1987     ISBN 85-265-0091-0     Todos os direitos desta edição reservados à: LIVRARIA FRANCISCO ALVES EDITORA S.A. Rua Sete de Setembro, 177 — Centro Tel.: 221-3198 20050 — Rio de Janeiro — RJ       Introdução   Qual é o limite entre a sanidade mental e a loucura? Imagine no futuro uma pequena lua, que tendo um dia servido de asilo para loucos, após abandonada à própria sorte, agora é um estado constituído. Com suas leis e problemas. As pessoas se organizaram em sete clãs — os Psicóticos, os Hebetizados (“idiotia”), os Maníacos, os Paranoicos, os Esquizoides, os Depressivos e os Obsessivos — de acordo com suas doenças mentais. O resultado é uma sociedade surreal e ao mesmo tempo bizarra, arremedo da nossa. A Terra continua existindo, mas, mesmo nesse espaço que conhecemos, estranhas criatura circulam e interferem nos destinos humanos. Você irá conhecer a “matéria viscosa”, estranha forma de vida com exóticos poderes; Coelho Hentman (“Bunny Hentman”), protagonista de um famoso programa humorístico na televisão; Chuck Rittersdorf, nosso anti-herói e é claro... muitos “simulacros”, dos quais é melhor não falar por agora.   Philip K. Dick (1928-1982) nasceu em Chicago, no estado de Illinois, E.U.A., e passou grande parte de sua vida na Califórnia. Autor de 35 romances e de seis livros de contos, Dick recebeu em 1962 o prêmio Hugo por seu romance “O Homem do Castelo Alto”. Em 1974, foi agraciado com o prêmio John W. Campbell por seu romance “Flow my Tears, the Policemen Said. O romance “Blade Runner — O Caçador de Androides” (1968) foi adaptado, em maio de 1982, para o cinema e recebeu várias indicações para o Oscar de 1983. As obras de Philip K. Dick exibem muitos elementos comuns à ficção científica, mas se destacam por trazer sempre um pouco do espírito humano e da sua psicologia em página do mais puro delírio ficcional.   “À maior parte dos críticos escapou o fato de Dick entreter-nos com realidade e loucura, tempo e morte, pecado e salvação. Ninguém se deu conta de que há mais de 30 anos possuímos nosso Borges americano” — Ursula K. LeGuin (The New Republic)       Capítulo 1   Antes de entrar na sala do conselho supremo, Gabriel Baines enviou seu simulacro, elaborado pelos Maníacos, rangendo à frente, para ver se o artefato por acaso seria atacado. O simulacro — habilmente construído de forma a assemelhar-se a Baines em cada detalhe — executava tarefas variadas, desde que fora concluído pelo inventivo clã dos Maníacos; no entanto, Baines limitava-se a empregá-lo para a defesa; o objetivo único de sua vida consistia em defender-se, bem como sua reivindicação a associar-se ao grupo dos Paranoicos em Vila de Adolf, no extremo norte da lua. Evidentemente Baines já saíra diversas vezes de Vila de Adolf, mas só se sentia em segurança — ou melhor, relativamente seguro — aqui, protegido pelos muros sólidos da cidade dos Paranoicos. O que provava que seu pedido de participação no clã dos Paranoicos não fora parte de uma trama, um mero artifício pelo qual ele poderia penetrar na área urbana mais resistente e solidamente construída das redondezas. Sem dúvida Baines era sincero... caso houvesse dúvidas a seu respeito. A visita aos barracos inacreditavelmente degradados dos Hebetizados fora um exemplo. Há pouco tempo estivera em busca de membros fugidos de uma brigada de trabalho; por serem Hebetizados, eles talvez houvessem retornado a Vila de Gandhi. Entretanto, a dificuldade
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