O que você faria se tivesse de proteger um grande tesouro? Guardaria esses bens mais preciosos num simples armário ou entregaria tudo aos cuidados de um banco com cofre bem seguro? Se a resposta é óbvia no que diz respeito a bens materiais, mais ainda quando se trata de uma riqueza muito maior: o casamento. Alvo de ataques, ele precisa ser devidamente protegido. Em Casamento Blindado, o casal Renato e Cristiane Cardoso apresenta orientações para todo casal que reconhece o valor da vida conjugal e deseja resguardá-la do risco do divórcio. Para isso, eles se valem da longa experiência adquirida durante os anos em que aconselharam e ministraram cursos a milhares de casais, e que compartilham também como apresentadores do programa The Love School – A Escola do Amor.
Casamento Blindado – O seu casamento à prova de divórcio – Renato & Cristiane Cardoso
Folha de Rosto
Capítulo 2 | É mais embaixo
Se eu fosse uma mosca na parede da sua sala ou de seu quarto quando você e seu cônjuge estivessem discutindo algum problema, o que eu veria? Talvez uma frieza no falar, grosserias, um tom de raiva nas palavras, irritação, um interrompendo o outro, acusações, críticas e coisas assim. Em um dia vocês discordam sobre a disciplina dos filhos, em outro dia sobre o porquê de o marido aceitar uma ex-namorada no Facebook dele, em outro sobre a interferência da sogra no casamento. A questão é que o verdadeiro problema não é aquilo que você vê. O problema é mais embaixo.
O marido tem um vício, por exemplo. A esposa o vê praticando aquele vício e pensa que aquilo é o problema. Ela se irrita, o critica, tenta conversar e pedir para ele mudar, mas nada muda. Por quê? Porque o vício não é o problema. Há uma raiz, algo mais profundo que causa aquele vício. Ela não sabe o que é, possivelmente nem ele. Mas os dois discutem em círculos sobre aquilo que veem.
Os problemas visíveis são apenas como folhas, galhos e troncos de uma árvore. Já as verdadeiras causas são menos aparentes, difíceis de detectar e entender. Porém, a única razão dos problemas visíveis existirem é a raiz que os alimenta. Se não houvesse raiz, a árvore não existiria.
Quando você descobrir a raiz dos problemas no relacionamento, entenderá por que seu parceiro e você mesmo fazem o que fazem. A luta contra as folhas e os galhos dos problemas diminuirá — e muito —, bem como será amenizado o ambiente desagradável que costuma se formar entre vocês. A eliminação de apenas uma raiz ruim resultará em muitos problemas solucionados de uma só vez — e de forma permanente! Tal é o poder da mudança de foco. Saber focar a atenção e a energia no verdadeiro problema pode transformar seu casamento, pois tudo, inclusive nosso comportamento, depende de como olhamos, para onde olhamos, e como interpretamos o que olhamos.
Stephen Covey menciona um acontecimento em sua vida que lhe ensinou a importância disso.
Ele conta que um dia estava no metrô, sentado, e calmamente lia o jornal. O vagão não estava cheio, tudo estava calmo, e havia alguns assentos vazios. Na parada em uma das estações, entrou um pai com dois filhos muito travessos e se sentou ao lado dele. Os garotos não paravam. Pulavam, corriam para lá e para cá, falavam alto, e imediatamente tiraram a paz de todos no vagão. O pai, sentado e com os olhos fechados, parecia não ligar para o que estava acontecendo. Covey então não resistiu à indiferença do pai e, irritado, virou-se para ele e perguntou por que ele não fazia alguma coisa para controlar os filhos. O pai, parecendo notar a situação pela primeira vez, respondeu: “É verdade, desculpe-me. Saímos agora do hospital onde a mãe deles acabou de falecer. Eu não sei o que fazer e parece que eles também não...” Covey se desculpou e passou a consolar o homem. Imediatamente, toda a sua irritação contra o pai e as crianças desapareceu e deu lugar à empatia.
Mas o que transformou o comportamento do antes irritado Covey? Foi a maneira que ele passou a olhar a situação. Antes da informação dada pelo pai, Covey apenas olhava a cena pelas lentes de seus valores e princípios. “Como pode um pai permitir que os filhos sejam tão mal-educados? Se fossem meus filhos...” Mas depois da informação, sua maneira de ver mudou tudo. Note que não houve alteração nas pessoas: as crianças não pararam de se comportar mal, nem o pai fez nada para controlá-las. Apenas a ótica da situação mudou e, com ela, o comportamento de Covey.
Assim também é no casamento. Julgamos o outro, exigimos que ele mude, pois o vemos pelas lentes de nossas próprias experiências, valores e conceitos. Mas todo esse conflito acontece porque não entendemos nem atentamos para o que realmente está por trás de cada situação. Por isso, uma das primeiras atitudes que você deve tomar para transformar a realidade do seu casamento é mudar a sua ótica — para onde você olha, como olha, e como inte