Os gêmeos Tormenta estão de volta em uma nova e assustadora aventura, que mistura vampiros e piratas. Connor, ainda a bordo do Diablo, tenta se ajustar à vida de pirataria e se prepara para enfrentar um grande desafio: seu primeiro saque. Enquanto isso, Grace está disposta a tudo para ajudar Lorcan, seu amigo vampiro, a recuperar a visão e irá visitar um guru que pode curá-lo. Ao longo do caminho, ela acabará percebendo que seu destino está intrinsecamente ligado aos Vampiratas..
Capitão de Sangue – Justin Somper
Tradução de
ALVES CALADO
Para Jenny, Jo e Jonathan.
O sangue fala mais alto!
CAPÍTULO 1
O cesto de gávea
— Vai, Connor. Você consegue!
— Vai, meu chapa! Continua subindo!
Connor Tormenta fez uma careta. Suas pernas pareciam ao mesmo tempo pesadas como chumbo e incontroláveis como gelatina. Foi um erro ter parado na metade da subida. Estava indo tão bem até ali! Queria dominar esse medo. Estava na hora. Já havia passado da hora. Mas o medo estava arraigado nele, pesado e irremovível como uma âncora presa sob uma pedra.
Queria olhar para baixo. Lutava para manter a cabeça reta, sabendo que olhar para baixo era a pior coisa que poderia fazer. Sentia os olhos sendo puxados como ímãs na direção do convés, muitos metros — metros demais! — lá embaixo. E depois descendo pelo costado do Diablo e penetrando até o fundo do oceano. Quando parava para pensar nisso — e nunca deveria parar para pensar nisso —, era uma queda e tanto.
— Não olhe para baixo! — A voz de Cate velejou pelo ar, forte e segura. Se ao menos ele pudesse ser tão confiante quanto a subcapitã sempre parecia estar.
— Ande, garoto! — gritou o capitão Wrathe. — Você já derrotou inimigos piores do que alguns metros de cordame!
Isso era verdade, pensou Connor, a mente relampejando com imagens sombrias dos últimos três meses. O enterro de seu pai. Quase ter se afogado, antes de Cheng Li resgatá-lo. Ter sido separado de Grace. A morte de seu grande colega Jez. A traição de Cheng Li, do comodoro Kuo e de Jacoby Blunt. A noite terrível em que havia comandado o ataque contra Sidório e Jez... não; não era Jez, e sim a coisa em que Jez havia se tornado. A lembrança daquela noite ardia como uma fogueira, quente como as tochas que ele havia lançado por cima da água, para o convés do outro navio. Tão devastadora quanto as chamas que haviam engolfado seu amigo... o eco de seu amigo...
— Anda, Connor!
Era Grace! Mesmo que ela estivesse de volta ao navio Vampirata, era sua voz — mais clara do que qualquer coisa. Isso deu a Connor a força extra de que ele precisava. Depois de tudo que haviam passado, ele não podia mais ser derrotado por esse último temor. Esse medo ridículo de altura.
Com cuidado, tirou a mão direita do cordame. A marca de corda estava gravada profundamente, vermelha e esfolada, na palma de sua mão. Percebeu a força com que estivera se agarrando. O sino do navio tocou. A surpresa daquele som o fez perder o equilíbrio por um instante, mas era apenas o toque anunciando a troca de turnos. Firmou-se. Era agora ou nunca. Estendeu a mão para o quadrado seguinte da escada de corda e respirou fundo.
Não olhou para baixo. Também não olhou para cima. Só manteve os olhos focalizados nas mãos e nos quadrados de corda. Cada quadrado era igual ao anterior — uma janela de corda emoldurando um retalho de céu. Se ficasse concentrado nisso, era como se nem estivesse subindo.
De repente percebeu que suas pernas não estavam mais tremendo. Em vez disso, moviam-se com firmeza, procurando o ponto de apoio seguinte, encontrando um ritmo. A respiração também havia se acomodado. Estava calmo. Estava conseguindo. Dominando o medo. A sensação era boa. A sensação era muito boa.
Perdeu-se no movimento, e só quando ouviu o som de comemoração lá embaixo percebeu que havia chegado ao objetivo. Olhou para cima e sua mão tocou não em corda, mas na estrutura de madeira do cesto de gávea. Tudo que restava era se alçar ao ponto de vigia.
Um frio o atravessou. Não havia como ignorar a altura em que estava, acima do convés. Sem qualquer amarra para protegê-lo. Era loucura estar ali em cima. À mercê do movimento das ondas lá embaixo. De novo uma onda gelada de medo rasgou suas entranhas. Trincou os dentes, esperando que aquilo passasse. O medo se agarrou a ele, mas Connor não seria derrotado. Não agora.
Havia um bom motivo para estar ali em cima. Alguém precisava ficar no cesto de gávea — manter vigilância e avisar an