Suzannah passou o último verão no Pebble Beach Hotel and Golf Resort. Não, ela não estava hospedada com os ricaços. Em vez disso, tomava conta dos filhos deles. Foi assim que ela conheceu Paul Slater. Suzannah era a babá do irmãozinho dele, Jack, e Paul se encantou por ela. Mas é claro que quando um garoto bonitão se interessa por ela as coisas não podem simplesmente dar certo.
Assombrado – A Mediadora – Vol. 5 – Meg Cabot
Névoa. É só o que consigo ver. Só névoa, do tipo que vem da baía toda manhã, passando sobre o parapeito da janela do meu quarto e se derramando no chão em gavinhas frias e lamentosas...
Mas aqui não há janelas, nem mesmo um chão. Estou num corredor ladeado por portas. Não há teto, apenas estrelas frias piscando num céu preto como nanquim. O corredor comprido feito de portas fechadas parece se estender para sempre em todas as direções.
E agora estou correndo. Estou disparando pelo corredor, com a névoa parecendo se grudar nas minhas pernas, as portas fechadas de cada lado se transformando num borrão. Eu sei que não adianta abrir qualquer uma daquelas portas. Não há nada atrás delas que possa me ajudar. Eu tenho de sair desse corredor, mas não posso, porque ele simplesmente vai ficando cada vez mais comprido, esticando -se na escuridão, ainda coberto por aquela névoa branca e densa.
E de repente não estou sozinha na nevoa. Jesse está comigo, segurando minha mão.
Não sei se é o calor de seus dedos ou a gentileza de seu sorriso que afasta o temor, mas subitamente estou conve ncida de que tudo vai ficar bem.
Pelo menos até se tomar claro que Jesse não sabe o caminho melhor do que eu. E agora nem mesmo o fato de minha mão estar na dele consegue suprimir a sensação de pânico que borbulha por dentro de mim.
Mas espere. Alguém está vindo na nossa direção, uma figura alta andando pela névoa. Meu coração que bate freneticamente - o único som que consigo ouvir nesse lugar morto, com exceção de minha respiração - reduz um pouco a velocidade. Ajuda. Ajuda por fim.
Só que quando a névoa se parte e eu reconheço o rosto da pessoa à nossa frente, meu coração começa a bater mais alto do que nunca.
Porque sei que ele não vai nos ajudar. Sei que não vai fazer nada.
Além de rir.
E então estou sozinha de novo, só que desta vez o piso à minha frente sumiu. As portas desaparecem, e estou cambaleando na borda de um abismo tão fundo que não consigo ver o chão lá embaixo.
A névoa redemoinha em volta, derramando -se no abismo e aparentemente querendo me levar junto. Estou balançando os braços para não cair, tentando freneticamente agarrar alguma coisa, qualquer coisa.
Só que não há o que agarrar. Um segundo depois uma mão invisível dá um único empurrão.
E eu caio.
Capítulo 1
- Bem, bem, bem - disse uma voz claramente masculina atrás de mim. - Vejam se não é Suzannah Simon.
Olha, não vou mentir para você. Quando um cara bonito fala comigo (e pela voz do cara dava para saber que ele era um gato; a autoconfiança daquele bem, bem, bem, o modo acariciante com que disse meu nome) eu presto atenção. Não pos so evitar. Afinal de contas sou uma garota de 16 anos. Minha vida não pode girar inteiramente em volta da última estampa de miniblusa da Lilly Pulitzer's e de qualquer inovação que Bobbi Brown tenha feito no mundo do delineador labial que não sai.
Então vou admitir que, mesmo tendo namorado - ainda que namorado seja uma palavra meio otimista para ele - quando me virei para ver o gostosão que estava falando comigo, dei uma leve sacudida no cabelo. Por que não? Quero dizer, considerando todo o produto que passei nele naquela manhã, em homenagem ao primeiro dia da décima primeira série (para não mencionar a névoa marinha que costuma transformar minha cabeça numa confusão encaracolada), meu penteado estava excepcionalmente bom.
Só quando tinha dado uma sacudid a na velha juba castanha eu me virei e vi que o gato que tinha dito meu nome não era alguém de quem eu gostasse muito.
De fato você pode dizer que tenho motivos para morrer de medo dele.
Acho que ele pôde ler o medo nos meus olhos - cuidadosamente maquiados naquela manhã com uma combinação nova em folha de sombras chamadas Bruma Café - porque o sorriso que se abriu em seu rosto bonito era ligeiramente torto num dos cantos.
- Suze - disse ele num tom brincalhão. Nem a névoa podia embotar as luzes brilhantes em seu cabelo escuro, encaracolado e revolto. Os dentes eram de um branco o