As Valkírias – Paulo Coelho

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Podemos dividir nossas experiências como eu procurei dividir a minha neste livro, mas não existem fórmulas para este crescimento. Deus colocou generosamente Sua sabedoria e Seu amor ao nosso alcance. Cabe a nós, neste momento da história, desenvolver os próprios poderes, acreditar que o Universo não acaba nas paredes do nosso quarto, aceitar os sinais, seguir os sonhos e o coração.

As Valkírias – 1992 – Paulo Coelho

Paulo Coelho As Valkírias Foto: cortesia de Istoé Gente Edição especial de www.paulocoelho.com.br , venda proibida NOTA DO AUTOR O leitor que se dispuser a ler As Valkírias precisa saber que este livro é muito diferente de O Diário de um Mago, O Alquimista ou Brida, títulos que o precedem. . Foi um livro muito difícil de escrever. Primeiro, porque toca em assuntos que exigem sensibilidade para serem aceitos. Segundo, porque já havia contado esta história para muitas pessoas, e temia haver desgastado a capacidade de contá-la por escrito (este temor me acompanhou da primeira à última página do livro, mas – graças a Deus – foi apenas um susto). Terceiro motivo, e o mais importante: para relatar os eventos ocorridos, precisei entrar em vários detalhes de minha vida pessoal – notadamente o casamento, as relações com outras pessoas e a frágil distância que separa a Tradição mágica a que pertenço do homem que sou. Como qualquer ser humano, expor minhas fraquezas e minha vida particular me deixa bastante constrangido. Mas – como ficou bem claro em O Diário de um Mago – o caminho da Magia é o caminho das pessoas comuns. Um homem pode ter um mestre, seguir uma Tradição esotérica, possuir disciplina necessária para realizar rituais; mas a Busca Espiritual é feita de constantes começos (daí a palavra “Iniciado”, aquele que está sempre iniciando algo), e a única coisa que conta – sempre – é a vontade de seguir adiante. As Valkírias mostra claramente o homem que existe por detrás do mago, e isto poderia decepcionar alguns poucos que estão em busca de “seres perfeitos”, com verdades definitivas a respeito de tudo. Mas os verdadeiros Buscadores sabem que, independente de todas as nossas falhas e defeitos, o Caminho Espiritual é mais forte. Deus é amor, generosidade e perdão; se acreditamos nisto, nunca vamos deixar que nossas fraquezas nos paralisem. Os eventos narrados neste livro se passaram entre os dias 5 de setembro e 17 de outubro de 1988. À ordem de alguns trechos está trocada, e em duas ocasiões utilizei a ficção, apenas para que o leitor pudesse compreender melhor os assuntos tratados – mas todos os fatos essenciais são verdadeiros. A carta citada no epílogo do livro está registrada no Cartório de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro, sob o número 478038. Paulo Coelho PRÓLOGO – Uma coisa que seja importante para mim? – J. pensou um pouco, antes de responder. – Magia. – Outra coisa – insistiu Paulo. – Mulheres – disse J. – Magia e mulheres. Paulo riu. – São importantes para mim também – disse. – Embora o casamento tenha me limitado um pouco. Foi a vez de J. soltar uma gostosa gargalhada. – Um pouco – disse ele. – Mas só um pouco. Paulo encheu de vinho o copo de seu mestre. Estava quase quatro meses sem vê-lo pessoalmente. E esta era uma noite muito especial, queria conversar mais, fazer um pouco de suspense antes de entregar a J. o embrulho que havia trazido. – Eu costumava imaginar os grandes mestres como pessoas longe deste mundo – disse a J. – Se você me respondesse desta maneira há alguns anos, acho que largaria o aprendizado. – Devia ter feito isto – respondeu J., bebendo seu vinho. – E eu teria colocado uma bela discípula em seu lugar. Beberam a garrafa inteira, conversando sobre trabalho, magia e mulheres. J. estava eufórico com um grande negócio que acabara de fechar para a multinacional holandesa onde trabalhava. E Paulo estava contente com o pacote que trazia. – Peça uma outra garrafa – disse Paulo. – Para brindar o quê? – Sua vinda ao Rio de Janeiro. O belo cenário que se vê da janela deste restaurante. E um presente que lhe trouxe. J. olhou para fora, estavam num restaurante localizado no último andar do hotel onde se hospedava. A praia de Copacabana, lá embaixo, estava toda iluminada. – O cenário merece um brinde – disse, chamando o garçom. Quando já chegavam ao meio da segunda garrafa, Paulo colocou o pacote em ci
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