As Exterminadoras – Edmund Cooper

As Exterminadoras Edmund Cooper em ePub mobi ou PDF

Em pleno século XXV, quando os seres humanos se reproduzem quer por partenogênese quer por processos assexuados, encontramos a exterminadora Rura Alexandra. Sua tarefa é ajudar na exterminação dos poucos milhares de homens que restam. Mas atormentam-na a incerteza e a lembrança do sangue já derramado. Diarmid MacDiarmid é um dos últimos chefes rebeldes sobreviventes. Em serviço de patrulha, Rura e duas outras exterminadoras caem em uma armadilha. As suas companheiras são mortas; Rura, violada pelos homens de Diarmid, é depois levada à sua presença. Ambos cairão em um mútuo fascínio que lhes será fatal. Antecipando-se às extremistas do Women’s Lib, o autor apresenta-nos um mundo no qual as mulheres tudo dominam e os homens são meros joguetes, aparentemente nem mesmo necessários…

CAPÍTULO I Estava uma linda manhã de Estio - perfeita para o Dia da Exterminação. Rura tinha o carro flutuador a média elevação, para uma duração média de viagem, elementos que se adequavam quase exatamente aos escarpados vales de Cumberland. Cento e cinquenta quilômetros à hora, um metro acima do solo. Àquela velocidade não era provável ter quaisquer surpresas pelo caminho. Tinha muito tempo para chegar às Terras Altas da Escócia e fazer derramar sangue antes do anoitecer. De qualquer modo, o detector de caça que girava preguiçosamente sobre a sua cabeça podia apontar a existência de alvos convenientes muito antes de chegarem às Terras Altas. Alguns dos rebeldes aventuravam-se já a avançar para sul. Rura estava cansada. Assim estavam, provavelmente, as suas companheiras, Moryn e Olane. A tradicional orgia da véspera da exterminação tinha este ano batido todos os recordes. Sem dúvida entraria para a história da Universidade como uma das maiores do século XXV. Rura lembrava-se ainda de ter feito amor com três mo- ças. Depois disso, as coisas tornavam-se confusas. Sabiam as deusas quantas moças a tinham então amado. Agora, o carro flutuador sibilava ao longo da encosta de Windermere. A luz do Sol inclinava-se sobre os baldios, transformando montes, rochedos e charnecas em tex-turas de infinita beleza. Num dia destes... Num dia destes, pensou Rura, como era fastidioso ter de ir caçar homens e borrar-se no seu revoltante sangue. Mas a tradi- ção era a tradição. O Dia da Formatura na Universidade das Exterminadoras tinha sempre incluído este derrame de sangue simbólico. Era uma afirmação de fé e marcava o fim de dois anos de intensiva aprendizagem e treino. «Mais duas semanas», pensou Rura, «e terei vinte anos. Terei direito à plena Condição de Mulher. Passarei a usar a caveira de ouro e os ossos cruzados, símbolos de uma exterminadora qualificada. As mulheres desejar-me-ão. E eu poderei escolher.» Rura sentiu o peso da culpa. Devia estar feliz. Mas sentia-se culpada. Culpada por que não estava feliz? Então por que não estava feliz? Não sabia. Tentou lembrar-se das moças que abraçara e com quem fizera amor. Tentou lembrar o largo olhar de surpresa estampado nos olhos delas. Tentou lembrar-se de lábios, seios, toque, intimidade, dádiva e aceitação. Mas só conseguia trazer à mente o vazio. Talvez tivesse andado a trabalhar de mais. - Dirige para a água! - disse Moryn. - Querida, dirige para a água. Vamos fazer um vale de espuma sob a luz do Sol. Deixemos atrás de nós uma pista para assinalar o Dia da Exterminação! Rura sorriu e fez rodar o carro de utilização terrestre para o lago. Tinha sido um lago calmo, assim como um lençol de vidro. Mas agora o jato de ar do carro flutuador retalhava-o, erguendo e abandonando atrás de si pulverizadas paredes de água, através das quais o Sol construía efémeros arco-íris. Olane olhou para trás, para a esteira que morria. - Escrevemos na água, escrevemos no ar - disse ela de modo estranho. - Mas nenhuma de nós escreverá na rocha! Olane era uma das moças que Rura tinha beijado e abraçado e levado ao êxtase na véspera da exterminação , Rura lançou-lhe um olhar rápido, viu a tristeza nos seus olhos e, no mesmo instante, sentiu-se deprimida. - Olane querida, não podemos viver para sempre! - Às vezes - disse Olane - acho que não podemos viver, muito simplesmente. Moryn sentiu a melancolia no ar e quis combatê-la com uma instantânea excitação. - Tenho aqui comigo uma garrafa de brande! - disse ela. Bebamos a um bom derrame de sangue! Rura estava surpreendida. - O álcool é estritamente proibido no Dia da Exterminação. Podemos ser expulsas. - Quem poderá vir a saber? Haverá sangue nos nossos rostos e a garrafa de brande estará bem no fundo de qualquer lago escocês. Bebamos e alegremo-nos porque hoje... nós matamos. Rura verteu o seu brande logo que se afastou de Windermere e se elevou sobre as montanhas. Ao todo, havia cinco carros flutuad
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