A Tempestade – William Shakespeare

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Próspero é deixado à deriva em um barco junto com sua filha Miranda. Aportam em uma ilha onde passam a viver. Um dia, há uma tempestade. Ferdinando está entre os náufragos que vão dar na ilha. Miranda se apaixona.

A Tempestade (1623)William ShakespeareEdiçãoRidendo Castigat MoresVersão para eBookeBooksBrasil.orgFonte Digitalwww.jahr.org“Todas as obras são de acesso gratuito. Estudei sempre por conta do Estado, ou melhor, da Sociedade que paga impostos; tenho a obrigação de retribuir ao menos uma gota do que ela me proporcionou.”Nélson Jahr Garcia (1947-2002)   Dramatis Personae   ALONSO, rei de Nápoles. SEBASTIÃO, seu irmão. PRÓSPERO, o legítimo duque de Milão ANTÔNIO, seu irmão, duque usurpador de Milão. FERDINANDO, filho do rei de Nápoles. GONZALO, um velho e honesto conselheiro. ADRIANO, nobre, FRANCISCO, nobre. CALIBÃ, escravo selvagem e disforme. TRÍNCULO, palhaço. ESTÉFANO, despenseiro bêbado. MIRANDA, filha de Próspero. ARIEL, espírito do ar. ÍRIS, CERES, espírito. JUNO, espírito. Comandante de um navio, contramestre, marinheiros. Ninfas, espíritos. Segadores, espíritos. Outros espíritos, a serviço de Próspero.     ATO I Cena I   (A bordo de um navio no mar. Tempestade, com relâmpagos e trovões. Entram, por lados diferentes, Um comandante de navio e um contramestre)   COMANDANTE — Contramestre! CONTRAMESTRE — Aqui, comandante! Tudo bem? COMANDANTE — Bem. Falai com os marinheiros. Pegai firme, se não, iremos dar à costa. Mãos à obra! Mãos à obra! (Entram marinheiros) CONTRAMESTRE — Vamos, corações! Coragem! Coragem, meus corações! Força! Coragem! Amainai a mezena! Prestai atenção ao apito do comandante! — Sopra, vento, até arrebentar, se houver espaço bastante! (Entram Alonso, Sebastião, Antônio, Ferdinando, Gonzalo e outros). ALONSO — Cuidado, cuidado, bondoso contramestre! Onde está o comandante? Sede homens! CONTRAMESTRE — Por obséquio, ficai lá embaixo. ANTÔNIO — Contramestre, onde está o comandante? CONTRAMESTRE — Não o estais ouvindo? Mas, assim, atrapalhais nosso trabalho. Permanecei nos camarotes; estais mas é ajudando a tempestade. GONZALO — Tende paciência, amigo. CONTRAMESTRE — Quando o mar tiver paciência. Vamos, fora daqui! Que importa a estes berradores o nome de rei? Ide para os camarotes! Silêncio! Não nos prejudiqueis! GONZALO — Bem; mas lembra-te de quem levas a bordo. CONTRAMESTRE — Ninguém a quem eu ame mais do que a mim próprio. Sois conselheiro, não? Se pudermos impor silêncio a estes elementos e estabelecer ordem imediata, não tocaremos em uma só corda mais. Recorrei a vossa autoridade; mas se ela for inoperante, dai graças ao céu por terdes vivido tanto e ficai nos camarotes preparados para o que vossa hora vos reservou. — Coragem, meus corações! — Saí do caminho, já disse! (Sai.) GONZALO — Tenho muita confiança neste camarada. Não tem cara de quem há de morrer afogado. Tem mais cara de enforcado. Persisti, bondoso Fado, no enforcamento dele. Fazei que a corda de seu destino seja nosso cabo, que o nosso mesmo não oferece nenhuma resistência. Mas se ele não nasceu para a forca, nossa situação é miserável. (Saem. Volta o Comandante.) CONTRAMESTRE — Amainai o joanete! Vamos! Depressa! Mais baixo! Mais baixo! Experimentemos deixar só a vela grande! (Ouve-se um grito no interior.) A peste leve esses gritadores! Fazem mais barulho do que a tempestade e todas as manobras. (Voltam Sebastião, Antônio e Gonzalo.) Outra vez? que fazeis aqui? Será preciso largar tudo e perecer afogado? Quereis ir para o fundo? SEBASTIÃO — Que a bexiga vos ataque a goela, cão gritador, blasfemo e sem caridade! CONTRAMESTRE — Nesse caso, trabalhai! ANTÔNIO — Vai te enforcar, mastim! Vai te enforcar, gritador insolente e sem-vergonha! Temos menos medo de perecer afogado do que tu. GONZALO — Sirvo eu de fiador em como ele não morrerá afogado, ainda que o navio fosse tão resistente quanto uma casca de noz, e vazasse tanto quanto uma rapariga incontinente. CONTRAMESTRE — Orça! Orça! Largai duas velas! Virai de bordo outra vez! Ao largo! Ao largo! (Entram marinheiros com roupas molhadas.) MARINHEIROS — Está tudo perdido! Vamos rezar! Vamos rezar! Está tudo perdido! (Saem) CONTRAMESTRE
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