A princesa Irene, uma menina de oito anos, mora num solar na montanha em cujos subterrâneos vivem os goblins, uma raça de seres nada amigo dos que vivem lá em cima. Mas Irene tem um fio mágico que sua tetravó teceu para ela. É um fio da maior valia. Seu amigo Curdie, menino corajoso e inteligente, entra nos subterrâneos escuros da montanha à noite para investigar o que os goblins planejam de maldade. Não leva nenhuma luz, pois não pode ser visto. Como é inteligente, descobre um jeito de se guiar no escuro. Mas um dia os goblins o pegam. E nesse dia não se sabe se suas rimas para afugentar goblins vão funcionar.
A Princesa e o Globin – George MacDonald
GEORGE MACDONALD
A Princesa
e o
Goblin
Tradução Keila Litvak
Título original:
The Princess and the Goblin
© desta edição:
Landy Livraria Editora e Distribuidora Ltda.
Tradução:
Keila Litvak
Copidesque e Revisão:
Vilma Maria da Silva
Ilustrações:
Jessie Willcox Smith
Editor:
Antônio Daniel Abreu
Produção:
Kleber Kohn
Editoração:
ETCetera Editora de Livros e Revistas Ltda.
Fones: (011) 3825-3504 / 3826-4945
Fax: (011) 3826-7770
[email protected]
Direitos reservados para a língua portuguesa
LANDY
Landy Livraria Editora e Distribuidora Ltda.
Alameda Jaú, 1.791 tel. efax: (11) 3081-4169 (tronco-chave)
CEP 01420-002 - São Paulo, SP, Brasil
landy @landy. com.br
www.landy.com.br
2003
CAPÍTULO 1
POR QUE HÁ UMA HISTÓRIA SOBRE A PRINCESA
Era uma vez uma princesinha, cujo pai era o rei de um grande país, cheio de montanhas e vales. Seu palácio fora construído sobre uma das montanhas, e era muito majestoso e bonito. A princesa, cujo nome era Irene, nascera lá, mas logo após seu nascimento, pois sua mãe era uma mulher frágil, foi levada para ser criada por camponeses, numa casa grande, meio castelo, meio casa de fazenda, na encosta de uma outra montanha, cerca de metade do caminho entre a base e o pico.
A princesa era uma criaturinha doce, e no tempo em que minha história começa ela estava com cerca de oito anos, acho, mas ela cresceu bem depressa. Seu rosto era muito bonito, os olhos como dois pedacinhos do céu noturno, cada qual com uma estrela dissolvida no azul. Aqueles olhos, poderia se pensar, tinham vindo de lá, de tantas vezes que se voltavam para aquela direção. O teto do seu quarto era azul, salpicado de estrelas, tão parecido com o céu quanto era possível. Mas duvido que ela jamais tenha visto o verdadeiro céu estrelado, por uma razão que será melhor contar logo.
Aquelas montanhas estavam cheias de lugares ocos lá embaixo; cavernas enormes e caminhos tortuosos, alguns com água correndo por eles e alguns brilhando com todas as cores do arco-íris quando a claridade penetrava. Não se teria sabido muito sobre eles se não tivesse havido minas ali, fossos grandes e profundos com longas galerias e passagens saindo deles, cavados para se chegar ao minério, abundante naquelas montanhas. No decorrer da escavação, os mineiros chegaram a muitas dessas cavernas naturais. Algumas delas tinham aberturas distantes na encosta de uma montanha, ou em uma ravina.
Ora, nessas cavernas subterrâneas vivia uma estranha raça de seres, chamados por alguns de gnomos, por outros de duendes, e por outros de goblins. Uma lenda corrente no país dizia que houve um tempo em que eles viveram na superfície e eram muito parecidos com os humanos. Mas, por alguma razão ou outra, a respeito da qual existiam diversas lendas, o rei lhes impusera obrigações que eles consideraram demasiadamente pesadas, ou tinha requerido deles o cumprimento de observâncias das quais não gostaram, ou tinha começado a tratá-los com maior severidade, de alguma forma ou outra, e imposto leis mais severas; em consequência, tinham todos desaparecido do país. Contudo, conforme a lenda, em vez de ir para algum outro país, todos se haviam refugiado em cavernas subterrâneas, de onde nunca saíam, exceto a noite, raramente apareciam em grande número e nunca a muitas pessoas de uma vez. Dizia-se que era somente nas partes menos frequentadas e de difícil acesso das montanhas que eles se reuniam, mesmo à noite, ao ar livre. As pessoas que tinham visto alguns deles diziam que tinham mudado muito no transcurso das gerações; o que não era para admirar, pois viviam longe do sol, em lugares frios, úmidos e escuros. Estavam agora não simplesmente feios, mas absolutamente horrendos, ou ridiculamente grotescos, tanto no rosto como na forma. Não havia capacidade inventiva, diziam, da mais incomum imaginação traçada por caneta ou lápis, que pudesse ultrapassar a extravagância da aparência deles. Mas eu suponho que aqueles que o disseram tinham confundido os goblins c