Chris Astor é um homem maduro, um botânico bem-sucedido, mas, especialmente, um pai amoroso. Sua filha – Becky – é, para ele, seu maior e melhor projeto. Mas a garota, tão amada, tem câncer. O que pode um pai quando sua filha foi acometida por uma doença assim, nociva? Como diminuir o sofrimento de uma criança tão amada? Apesar de sua agonia, Chris encontra uma maneira mágica de acolher sua menininha. Para que ela se recupere bem, e mais rapidamente, ele cria um mundo paralelo, cheio de fantasias, e histórias, e personagens maravilhosos que parecem ter o poder milagroso da convalescência. E nada no mundo, nem sua sanidade, nem seu trabalho, nem mesmo sua mulher serão obstáculos para a determinação deste pai que só tem o propósito de ver sua filha feliz.
A Menina que Semeava – Lou Aronica
Este livro demorou muito tempo para ficar pronto, e muitas pessoas ajudaram de várias maneiras no processo.
Minha família — minha esposa Kelly e meus filhos Molly, David, Abigail e Tigist — sempre soube o que essa história significa para mim e sempre me apoiou.
Os primeiros leitores me ajudaram a não sair dos trilhos. Um agradecimento especial para Peter Schneider, Keith Ferrell, Debbie Mercer e minha irmã Fran Alesia por seus incentivos e comentários.
Rick Levy e Lisa Tatum tiveram um papel importante num momento crítico de mudar o rumo do livro. Eu não teria enxergado isso sem vocês dois.
Danny Baror e Scott Hoffman, por sua participação em questões vitais, pela qual agradeço profundamente.
Obrigada a Barbara Aronica Buck — que eu quero deixar bem claro aqui, não foi a inspiração para a Polly dessa história — por projetar a capa, e a Brooke Dworkin por impedir que eu cometesse erros editoriais idiotas. Se você encontrar algum erro editorial idiota, pode culpar minha teimosia.
Finalmente, gostaria de agradecer a Ray Bradbury, principalmente porque todos nós deveríamos fazer isso, mas especialmente porque ele me mostrou, em primeira mão, como um escritor deve ser.
1
O zunido suave do aparelho de DVD era o único som que se ouvia na sala. Chris estava sentado no sofá em frente da televisão, com o controle remoto na mão, embora não pretendesse usá-lo. Ele deixaria o aparelho continuar rodando ininterruptamente.
Na tela, o vídeo da vida da sua filha Becky girava para a frente. O sorriso que ele acreditava ser o primeiro. Sua obra-prima: Natureza morta com purê de peras e bolachas recheadas na bandeja. O corpo de criança relaxando temporariamente para um cochilo no peito dele. Os dois correndo debaixo do jato da mangueira d’água. O casamento lindamente preparado para o ursinho de pelúcia e o cachorrinho de brinquedo, quando Chris serviu de padrinho e dama de honra ao mesmo tempo. A cabecinha coberta por uma bandana na festa de aniversário de seis anos. Desfilando um novo penteado quando o cabelo voltou ao normal depois que o tratamento acabou. Sua ex-esposa Polly, parecendo magra demais e cansada — ou simplesmente com raiva de alguma coisa — ao sair do auditório com Becky no final da apresentação da peça do segundo ano. Mergulhos de costas na piscina do resort em Berkshires. Becky revirando os olhos para a câmera durante o piquenique da escola. A risada forçada na reunião de família. O filme que ela fez dele dormindo na cadeira do jardim, naquele que se tornaria seu último final de semana inteiro na casa. Becky e Lonnie caminhando em direção ao quarto de Becky nesse apartamento, antes de fecharem a porta e o deixarem para fora.
Horas e horas de atividades se passaram em alta velocidade. Como uma demonstração da crescente irrelevância de Chris na vida de Becky.
Chris tinha assistido a essas velhas fitas com bastante frequência nos últimos quatro anos. Fez isso diversas vezes até finalmente transferi-las digitalmente para um DVD, há seis meses. Era algo com que se distrair nas noites de sexta-feira. Ao ouvir a voz infantil da filha na tela pela primeira vez, ele chorou imediatamente. Sentiu uma falta desesperadora daquela voz, mais ainda do que achava ser possível. Sentiu saudades do jeito como ela falava com ele, como a maneira dela de pronunciar a palavra “papai” fazia parecer que tudo ia dar certo. Como ela lhe dera motivos para acreditar que todas as promessas poderiam ser realizadas, todos os obstáculos, superados. A voz de Becky tinha um tom distraído quando ele ligou para a casa dela. Ela tinha compromisso com alguns amigos e estava atrasada. Não podia competir com a sua maquiagem, seu delineador, muito menos com seus amigos de escola que estavam esperando por ela.
Para piorar ainda mais as coisas, Polly tinha atendido ao telefone. Sempre um grande acontecimento. Pelo menos quando o segundo marido dela atendia, ele dizia alguma coisa engraçada. Quando Polly atendia, ela sempre aproveitava para mencionar alguma nov