O Rube nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com elas. Nem é preciso dizer que Rube e eu não somos muito parecidos em matéria de mulher. Cameron Wolfe é o caçula de três irmãos, e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velho e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a cada semana está com uma garota nova. Cameron daria tudo para se aproximar de uma garota daquelas, para amá-la e tratá-la bem, e gosta especialmente da mais recente namorada de Rube, Octavia, com suas ideias brilhantes e olhos verde-mar. Cameron e Rube sempre foram leais um com o outro, mas isso é colocado à prova quando Cam se apaixona por Octavia. Mas por que alguém como ela se interessaria por um perdedor como ele? Octavia, porém, sabe que Cameron é mais interessante do que pensa. Talvez ele tenha algo a dizer, e talvez suas palavras mudem tudo: as vitórias, os amores, as derrotas, a família Wolfe e até ele mesmo.
A Garota Que Eu Quero – Markus Zusak
Copyright © Markus Zusak 2001
Todos os direitos reservados.
TÍTULO ORIGINAL
Getting the Girl
TRADUÇÃO
Vera Ribeiro
REVISÃO
Shirley Lima
Janaina Senna
CAPA
Mariana Newlands
FOTO DE CAPA
Eyecandy Images/SuperStock
GERAÇÃO DE EPUB
Intrínseca
REVISÃO DE EPUB
Juliana Latini
E-ISBN
978-85-8057-372-5
Edição digital: 2013
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Intrínseca Ltda.
Rua Marquês de São Vicente, 99, 3º andar
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Rio de Janeiro — RJ
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Um obrigado especial a Anna McFarlane,
por sua confiança em meu trabalho de escritor.
Para Scout,
e para mamãe e papai.
1
Foi ideia da namorada do Rube fazer os picolés de cerveja, não minha.
Vamos começar por aí.
Foi um acaso ter sido eu quem saiu perdendo por causa disso.
Sabe, sempre achei que mais cedo ou mais tarde eu ia crescer, mas isso ainda não tinha acontecido. Simplesmente era assim.
Para ser sincero, eu me perguntava se algum dia chegaria a hora de Cameron Wolfe (esse sou eu) se dar bem. Imaginara um eu diferente. Era diferente porque, naqueles momentos, eu achava que realmente me tornaria um vencedor.
A verdade, porém, era dolorosa.
Era uma verdade que me dizia, com uma brutalidade interna contundente, que eu era eu e que vencer não vinha naturalmente para mim. Era algo pelo qual tinha que lutar, nos ecos e nas pegadas trilhadas da minha mente. De certo modo, eu tinha que garimpar esses momentos de satisfação.
Eu me masturbava.
Um pouquinho.
Certo.
Certo.
Muito.
(Já me disseram que não se deve admitir esse tipo de coisa muito cedo, porque as pessoas podem se ofender. Bem, tudo que posso dizer é: por que diabos não? Por que não dizer a verdade? Caso contrário, isso tudo não tem sentido, tem?
Tem?)
Eu queria apenas ser tocado por uma garota, um dia. Queria que ela não me olhasse como se eu fosse um perdedor imundo, rasgado, meio risonho e meio carrancudo que tentava impressioná-la.
Os dedos dela.
Na minha cabeça, eles eram sempre suaves, descendo pelo peito até minha barriga. As unhas correriam por minhas pernas, bem de leve, enchendo minha pele de arrepios. Eu sempre imaginava isso, mas me recusava a crer que fosse pura questão de tesão. E posso dizer isso porque, nos meus devaneios, as mãos da garota paravam sempre no meu coração. Todas as vezes. Eu dizia a mim mesmo que era ali que queria que ela me tocasse.
Havia sexo, é claro.
Nudez.
Sempre presente, entrando e saindo dos meus pensamentos.
Mas, quando acabava, era pela voz murmurante dela que eu ansiava, e por um ser humano enroscado em meus braços. Só que, para mim, não era apenas uma porção de realidade. Eu estava engolindo visões e me espojando em minha própria mente, com a sensação de que poderia me afogar, satisfeito, dentro de uma mulher.
Nossa, como eu queria isso.
Queria me afogar dentro de uma mulher, no sentimento e no enlevo do amor que poderia lhe dar. Queria que a intensidade da pulsação dela me esmagasse. Era isso que eu queria. Era isso que eu queria ser.
Mas.
Não era.
As únicas provinhas que eu conseguia eram uma olhadela aqui e outra ali, e minhas esperanças e visões dispersas.
Os picolés de cerveja.
É claro.
Eu sabia que estava esquecendo alguma coisa.
Tinha sido um dia quente para o inverno, embora o vento continuasse frio. O sol estava quente e meio pulsante.
Estávamos sentados no quintal, ouvindo o programa das tardes de domingo sobre futebol americano e, com toda a franqueza, eu olhava para as pernas, os quadris, o rosto e os seios da namorada mais recente do meu irmão.
O irmão em questão é o Rube (Ruben Wolfe) e, no inverno de que estou falando, ele parecia ter uma nova namorada a cada poucas semanas. Às vezes eu os ouvia, quando estavam no nosso quarto — um chamado ou grito, um gemido ou até um sussurro de êxtase. Eu tinha gostado da última namorada dele desde o começo, lembro bem. O nome dela era