A Condição Humana – André Malraux

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China, março de 1927. Um homem corroído pela amargura. Um país sacudido por uma insurreição. Atrás de fachadas insuspeitas de cidades sufocadas por riquixás, automóveis e bondes, fumaça de carvão, excrementos e suores de brancos e amarelos, homens planejam uma revolução, muitos divididos entre a culpa e a ideologia. Publicado em 1933, este livro de André Malraux é um relato dos acontecimentos que deram início à Revolução Chinesa. Um depoimento pessoal sobre um dos momentos históricos mais dramáticos do século XX. Neste clássico da literatura mundial – estruturado como romance, mas escrito em tom de reportagem – as questões morais, intelectuais e políticas estão em primeiro plano, e os personagens representam valores e formas de ação.

    André Malraux   A CONDIÇÃO HUMANA         Tradução e Prefácio de: Jorge de Sena Título do original francês: La Condition Humaine      Prefácio   “La Condition Humaine”, de André Malraux, é sem dúvida um dos grandes livros do nosso tempo, cá ouso dizer que uma duradoura obra-prima da literatura universal. Alguém já afirmou que se não e o mesmo, antes e depois de ter lido o que é uma das mais pungentes, sóbrias e penetrantes obras de que a ficção se serviu para expor uma concepção simultaneamente desesperada e nobre da “condição humana”. Foi publicado este livro em 1933, naquele período chamado de “entre duas Grandes-Guerras”, período que os historiadores do futuro diluirão justamente entre as duas hecatombes, como se ambas houveram sido a mesma, e que foi, no entanto, na ordem política e social, um período decisivo na história da humanidade. Durante ele, de facto, descobriu o conjunto dos homens, uns com entusiástico anseio, outros com ansioso temor, que civilização europeia não significava necessariamente, ou deixara de significar, um predomínio económico e espiritual da Europa política. Nessa época se consumou, de resto, a unidade humana do Globo; nela, as distâncias são definitivamente anuladas, os meios de expansão e transmissão da cultura desenvolvem-se prodigiosamente, e abre-se a todos os homens, sem distinção de classes, credo ou cor, a possibilidade de uma ascensão efectiva à consciência humana. Não se iniciara, é certo, a era atómica, não se concebia ainda um extermínio em massa, levado a cabo com a comodidade e a simplicidade da campainha que mata o “Mandarim”. Por então, apenas o “krack” da Bolsa de Nova Iorque, em I929, lançara o mundo na confusão económica; os nacionalistas chineses triunfavam; o Japão ocupava a Mancharia; o espectro da guerra geral só era uma realidade no espírito dos fautores dela e no de alguns clarividentes. André Malraux era já um escritor conhecido, um pouco o aventureiro da literatura e da arte, que no fundo nunca deixou de ser, a par de senhor de uma perfeita, clássica técnica da linguagem escrita: a concisão fremente, a obliquidade patética, a limpidez sombria do isolado intratável Desde 1921, publicara entre outras obras “La Tentation de l'Occident, Royaume Farfelu, Les Conquérants, La Voie Royale”. Nascera em 1901, filho e neto de suicidas, seu pai, que fora um arruinado agente da “Royal Dutch”, seu avô, que fora “maire” de Dunquerque. Estivera na Indochina, e depois na China, onde assistira a guerra civil em Xangai e em Cantão, e contactara de perto com os actores e ensaiadores do drama. O êxito de “A Condição Humana” foi retumbante; e François Mauriac anotava no seu diário estas palavras subtis: “Poderia discernir-se nesta indulgência o instinto profundo de uma sociedade muito velha que diz ao filho que se levanta contra ela: - Faças o que fizeres, apesar dos ultrajes de que me embebes, és meu pela inteligência, pela cultura, pelo estilo; és meu por todos os dons do espírito. A minha herança cola-se-te a pele...” (Citado por P. de Boisdeffre e in “André Malraux”.). E de facto assim. Vejamos como. O crítico norte-americano Edmund Wilson, escrevendo sobre o grande poeta Rimbaud, disse: “A carreira dele, com a sua violência, o seu interesse moral e a sua plenitude trágica, deixa-nos a sensação de assistirmos ao espírito humano levado a mais resoluta das sinceridades e na posse das mais altas faculdades, cindindo-se no esforço de fugir, primeiro, ao compromisso humilhante, depois, ao caos não menos humilhante.” (In “axel's Castle”). Entre estes dois textos esclarecedores na sua concisão, procuremos esboçar um retrato de Malraux e um sentido da sua obra em que avulta, pela profundidade das reflexões e pela intensidade das situações, “A  Condição Humana”. Malraux é, de facto, como notou Mauriac, um filho preclaro da velha sociedade europeia, daquilo a que se convencionou chamar “civilização ocidental”. Foi sempre, porém, um filho rebelado contra o muito que dessa
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