A tripulação do Argo II enfrenta dias difíceis. Inimigos espreitam no caminho para a Casa de Hades e o moral da equipe está baixo após a perda de dois integrantes importantes em Roma. Para chegar às Portas da Morte e tentar impedir o despertar de Gaia, nossos heróis Hazel, Jason, Piper, Frank e Leo vão precisar fazer alianças perigosas, encarar deuses instáveis e combater os asseclas enviados pela sanguinária Mãe Terra para detê-los.
A situação é ainda pior para Percy e Annabeth. Após caírem no Tártaro, os dois passam fome, sede e sofre com diversos ferimentos enquanto são caçados por vários inimigos que derrotaram ao longo dos anos e que agora surgem das sombras em busca de vingança. A única esperança da dupla de voltar para o plano mortal reside em encontrar as Portas da Morte e fechá-las de uma vez por todas. No entanto, uma legião de monstros fiéis a Gaia defende as Portas, e nem Percy nem Annabeth estão em condições de enfrentá-la.
Para meus maravilhosos leitores:
Lamento pelo último suspense.
Quer dizer, não, não de verdade. HAHAHAHA.
Mas, falando sério, adoro vocês, pessoal.
Rick Riordan
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I
HAZEL
DURANTE O TERCEIRO ATAQUE, Hazel quase engoliu um pedregulho. Tentava enxergar através da neblina, perguntando-se como podia ser tão difícil voar por uma estúpida cordilheira, quando o alarme do navio soou.
— Tudo a bombordo! — gritou Nico do mastro de proa do navio voador.
Lá atrás, no leme, Leo girou o timão. O Argo II guinou para a esquerda, os remos aéreos cortando as nuvens como facas enfileiradas.
Hazel cometeu o erro de olhar por cima da amurada. Uma forma esférica e escura movia-se rapidamente em sua direção. Ela pensou: Por que a lua está se aproximando? Então gritou e se jogou no convés. A imensa pedra passou tão perto que soprou o cabelo caído em seu rosto.
CRAC!
O mastro de proa tombou — vela, vergas e Nico, tudo caindo no convés. O pedregulho, mais ou menos do tamanho de uma picape, desapareceu na neblina como se tivesse mais o que fazer longe dali.
— Nico!
Hazel chegou até ele com dificuldade enquanto Leo estabilizava o navio.
— Estou bem — murmurou Nico, chutando as velas enroscadas em suas pernas.
Ela o ajudou a se levantar e os dois cambalearam até a proa. Hazel olhou com mais cuidado dessa vez. As nuvens se abriram o bastante para revelar o topo de uma montanha logo abaixo: um cume escarpado de rocha negra despontava das encostas verde-musgo. De pé, no topo, estava um deus da montanha — um dos numina montanum, como Jason os chamava. Ou ourae, em grego. Qualquer que fosse o nome, eles eram malvados.
Como os outros que haviam enfrentado, esse usava uma túnica branca simples que cobria a pele áspera e escura como basalto. Era extremamente musculoso, tinha pouco mais de seis metros de altura, barba branca e comprida, cabelo desgrenhado e um olhar selvagem, como o de um eremita louco. Ele gritou algo incompreensível para Hazel, mas que com certeza não eram boas-vindas. Com as próprias mãos, ele arrancou outro pedaço de rocha de sua montanha e começou a moldar uma bola.
A cena desapareceu na neblina, mas quando o deus da montanha rugiu de novo outros numina responderam ao longe, as vozes ecoando pelos vales.
— Malditos deuses das pedras! — gritou Leo ao timão. — Vou ter que substituir o mastro pela terceira vez! Acham que eles dão em árvores?
Nico franziu a testa.
— Os mastros são feitos de árvores.
— Essa não é a questão!
Leo pegou um de seus controles, adaptado de um Nintendo Wii, e girou-o em círculo. A alguns metros dali, um alçapão se abriu no convés. Surgiu um canhão de bronze celestial. Hazel só teve tempo de tapar os ouvidos antes de aquilo disparar para o céu, espalhando uma dúzia de esferas de metal que deixou um rastro de fogo verde. Em pleno ar, esporões brotaram das esferas como as pás de um helicóptero, e elas se afastaram em meio à névoa.
Pouco depois, uma sequência de explosões ecoou pela cordilheira, seguida pelo rugido indignado dos deuses da montanha.
— Há! — gritou Leo.
Infelizmente, a julgar pelos dois últimos encontros, Hazel presumiu que a mais nova arma de Leo apenas irritara os numina.
Outra pedra silvou através do ar a estibordo.
— Tire-nos daqui! — gritou Nico.
Leo murmurou alguns comentários pouco lisonjeiros sobre os numina, mas girou o timão. Os motores rugiram. O cordame mágico se tensionou por conta própria, e o navio rumou para bombordo. O Argo II ganhou velocidade, recuando para o noroeste, como vinha fazendo nos últimos dois dias.
Hazel não relaxou até estarem longe das montanhas. O nevoeiro se dissipou. Abaixo deles, o sol da manhã iluminava a pradaria italiana: colinas verdes e campos dourados não muito diferentes daqueles do norte da Califórnia. Hazel quase podia imaginar que estava navegando de volta para casa, rumo ao Acampamento Júpiter.
Aquela ideia fez seu peito doer. O Acampamento Júpiter fora o seu lar por apenas nove meses, desde que