Praticamente Inofensiva – O Guia do Mochileiro das Galáxias Vol. 5 – Douglas Adams

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Os anos mais conturbados como um viajante solitário já haviam passado. Arthur Dent se resignara à nova condição e se acostumara à vida pacata e relativamente feliz como Fazedor de Sanduíches em Lamuella. Conquistara até um certo prestígio junto aos habitantes locais e fazia disso um bom argumento para continuar por lá.

Ao mesmo tempo, Ford Prefect via-se num conflito profissional ocasionado pela repentina venda do Guia do Mochileiro das Galáxias para outra editora. Sem compreender o funcionamento do novo Guia – que passara a se “comportar” de forma estranha – e não gostando nem um pouco de seu novo cargo como crítico de restaurantes, Ford se mete em alucinantes roubadas para não sair prejudicado (e para obter algum lucro, é claro).

Em outro ponto do Universo, Tricia McMillan havia feito fama intergaláctica como repórter e levava uma rotina razoavelmente satisfatória, até um pequeno planeta chamado Rupert ser descoberto e tudo começar a dar estranhamente errado em sua vida.

Espalhados pelos mais insondáveis cantos da Galáxia, Arthur, Ford e Tricia iam tocando suas vidas da melhor forma que podiam, mas tudo se complica novamente quando eles se reencontram. Tentando manter a sanidade e salvar a si mesmos, eles acabam assistindo juntos ao inevitável destino da Terra. Com reviravoltas surpreendentes, Praticamente Inofensiva traz aguardadas respostas, lança novas perguntas e, acima de tudo, faz o leitor lamentar o fim da saga de Dent e seus companheiros.

Com um novo olhar sobre seu próprio trabalho, Douglas Adams amadureceu os personagens e a habilidade de criar situações cômicas para criticar a sociedade. Ele se aproveita da trama para discutir as relações de trabalho, as políticas corporativas, as questões éticas da modernidade e as novidades tecnológicas. Mas ainda consegue superar sua capacidade de nos fazer rir de nossas próprias atitudes.

Usando e abusando da mesma imaginação ilimitada que demonstra nos livros anteriores, Adams apresenta em Praticamente Inofensiva uma Mistureba Generalizada de Todas as Coisas que fizeram da coleção um grande sucesso ao redor da Borda Ocidental desta Galáxia.

Tudo o que acontece, acontece. Tudo o que, ao acontecer, faz com que outra coisa aconteça, faz com que outra coisa aconteça. Tudo o que, ao acontecer, faz com que ela mesma aconteça de novo, acontece de novo. Isso, contudo, não acontece necessariamente em ordem cronológica. Para Ron, com agradecimentos especiais a Sue Freestone e a Michael Bywater, pelo apoio, ajuda e insultos construtivos. CAPÍTULO 1 A história da Galáxia ficou meio confusa por vários motivos: em parte porque aqueles que tentavam acompanhá-la ficaram meio confusos, mas também porque coisas incrivelmente confusas aconteceram de fato. Um dos problemas tem a ver com a velocidade da luz e com as dificuldades encontradas em tentar ultrapassá-la. Não dá. Nada viaja mais rápido do que a velocidade da luz, com exceção talvez das más notícias, que obedecem a leis próprias e especiais. Os Hingefreel de Arkintoofle Menor bem que tentaram construir naves espaciais movidas a más notícias, mas elas não funcionavam particularmente bem e, como eram extremamente mal recebidas sempre que chegavam a algum lugar, não fazia o menor sentido estar lá. Então, de modo geral, as pessoas da Galáxia acabavam ficando entretidas com suas próprias confusões locais e a história da Galáxia em si foi, por um bom tempo, basicamente cosmológica. O que não quer dizer que as pessoas não estivessem se esforçando. Tentaram enviar frotas de naves espaciais para lutar ou para fazer negócios em lugares distantes, mas elas geralmente levavam milhares de anos para chegar lá. Quando finalmente chegavam, já haviam sido descobertas outras formas de viagem usando o hiperespaço para superar o problema da velocidade da luz. Então, qualquer batalha para as quais essas frotas mais-lentas-que-a-luz tivessem sido enviadas já teria sido resolvida séculos antes de elas chegarem. Isso não impedia, é claro, que as tripulações quisessem lutar assim mesmo. Estavam treinados, preparados, tinham cochilado durante alguns séculos, vieram de muito longe para fazer um trabalho árduo e, por Zarquon, iriam fazê-lo de qualquer maneira. Foi então que ocorreram algumas das primeiras grandes confusões da História Galáctica, com batalhas ressurgindo continuamente séculos depois de as questões que as motivaram supostamente já terem sido resolvidas. Essas confusões, contudo, não eram nada se comparadas às que os historiadores precisavam destrinchar depois que a viagem no tempo foi descoberta e as batalhas começaram a pré-surgir centenas de anos antes que as questões envolvidas sequer fossem conhecidas. Quando o Gerador de Improbabilidade Infinita foi criado e planetas inteiros começaram a virar pudim inesperadamente, a renomada faculdade de história da Universidade de Maximegalon finalmente decretou seu próprio fechamento e cedeu seus prédios para a próspera faculdade de Divindade e Pólo Aquático, que estava de olho neles há anos. Isso não tem nada demais, é claro, mas provavelmente significa que ninguém jamais saberá com certeza de onde os grebulons vieram, por exemplo, ou exatamente o que queriam. E isso é uma pena porque, se alguém soubesse alguma coisa sobre eles, talvez uma horrível catástrofe pudesse ser evitada — ou, pelo menos, teria que encontrar uma outra maneira para acontecer. Click, hum. A gigantesca e cinzenta nave de reconhecimento grebulon movia—se em silêncio pelo vácuo negro. Viajava a uma velocidade espantosa, de tirar o fôlego, mas, ainda assim, recortada sobre o fundo cintilante de um bilhão de estrelas longínquas, parecia não estar se movendo. Era apenas um grão escuro congelado em meio aos infinitos grãos de brilho noturno. A bordo da nave tudo permanecia exatamente igual há milênios: extremamente escuro e silencioso. Click, hum. Bem, quase tudo. Click, click, hum. Click, hum, click, hum, click, hum. Click, click, click, click
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