Alan é um advogado bem-sucedido de São Paulo e leva uma vida aparentemente perfeita: mora em uma cobertura luxuosa, namora uma mulher lindíssima e pode ter tudo o que quiser. Mas todas as noites é atormentado por um sonho que o leva a um amor de outra vida. Assiste à morte na fogueira de uma jovem. E nesse momento promete: “-Eu me amarei para sempre!”. Quando desperta o sonho fica em sua cabeça. Envolvido por esse mistério, Alan vive dias de angustia. Tudo muda quando ele viaja para uma cidade do interior e encontra uma moça semelhante à que aparece em seu sonho. A profunda emoção que sente ao vê-la confirma que é a mesma pessoa. Essa é a primeira de várias evidências de que nada acontece por acaso. Mas, para seu espanto, a moça foge aterrorizada ao deparar com ele. Agora Alan precisa descobrir quem é essa mulher e qual é a ligação entre eles. Para isso, terá que rever sua existência e descobrir que as coisas realmente importantes não podem ser compradas. Auxiliado pela Terapia de Vidas Passadas, ele se entregará a uma árdua jornada de autoconhecimento. E entenderá que, embora o passado não possa se mudado, há uma nova vida para superar os erros e refazer os laços de amor, em busca de um futuro luminoso. Juntos para sempre é um livro cativante, escrito com a sensibilidade de Walcyr Carrasco, consagrado autor da TV Globo, conhecido por novelas como Alma gêmea, O cravo e a rosa[/i] e Chocolate com pimenta, todas campeãs de audiência.
Juntos Para Sempre – Walcyr Carrasco
A história de uma história
Há alguns anos fui à África fazer pesquisas para minha novela Caras & Bocas, exibida mais tarde pela Rede Globo de Televisão. Eu estava interessado em diamantes. Hummm... Mas quem não está? Claro que gostaria que até minhas obturações dos dentes fossem feitas de diamantes, se tivesse dinheiro para isso. Até agora minha verba só foi suficiente para um único brinquinho, que uso na orelha. Meu interesse em diamantes era puramente profissional, como escritor. A trama central da novela girava em torno de uma família proprietária de minas. Queria visitar os famosos campos de extração sul-africanos para escrever sobre eles.
A viagem de avião de São Paulo a Joanesburgo dura a noite inteira. Para mim, voo noturno não é problema. Pego no sono com facilidade. Tenho o talento de dormir em qualquer lugar. Quando mais jovem, atravessei a América do Sul dormindo em ônibus, caminhões, barcos. Até mesmo em um ônibus boliviano onde as camponesas levavam galinhas e, se bem me lembro, uma cabra no banco atrás do meu. Durmo em aviões como se estivesse em minha própria cama. Meu único medo é roncar, por questão de delicadeza com os outros passageiros. Deve ser muito desagradável conviver com alguém que é capaz de competir com os motores do avião. A vantagem do ronco é que a gente nunca ouve o próprio. Mas já me disseram que meu ronco é de lascar. Felizmente, nos aviões suponho que me comporto. Nunca quiseram me botar pra fora de algum voo devido ao barulho. Talvez, nos aviões, a posição me impeça de roncar. Talvez. Ou os outros passageiros sejam educados demais para reclamar. Só acordo quando é servido o café da manhã. Outra coisa: eu jamais perco um café da manhã! Mas os detalhes sobre minha gulodice eu deixo para outro livro.
O voo para a África reservava uma surpresa.
Adormeci profundamente, como costuma acontecer. E sonhei com uma história completa, do começo ao fim. É a história que conto neste livro.
Sonhar é uma experiência misteriosa. Por mais que os neurologistas expliquem o ato de sonhar como fruto de conexões nervosas do cérebro, o conteúdo de um sonho frequentemente é inexplicável. Muitos psicólogos acreditam que se referem a experiências do dia a dia, a associações com o cotidiano. Isso acontece bastante, penso eu. Mas sonhar pode ser algo mais profundo, que abra as dimensões para outras realidades. Um canal para um universo mágico, para percepções extrassensoriais, capazes de abrir as portas para um mundo além do material. Para histórias, descobertas e segredos guardados no infinito.
Quando a gente sonha, está além da consciência. A sensação do tempo muda. Durante meu voo, sonhei com uma história que durou uma vida. Mais que uma: atravessou séculos. Não foi a primeira vez que isso me aconteceu. Já tinha sonhado com histórias inteiras em outras ocasiões. Esta, porém, foi especial. Quando acordei, demorei a tomar consciência de que ainda estava no avião. Eu havia viajado para muito longe.
Sonhei com uma história de amor. Uma história que começou durante o período da Inquisição e da caça às bruxas. E continuou em outra vida, na atualidade. Os detalhes do passado eram tão reais que resolvi fazer algumas pesquisas. Fiquei especialmente impressionado quando me informei sobre os dados históricos e eles confirmaram várias passagens de meu sonho. O Reino de Granada realmente existiu. A Espanha só foi unificada pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela no final do século XV. Mesmo assim, até então se tratava de uma confederação de monarquias. Ainda hoje, algumas regiões da Espanha, embora submetidas ao governo central, possuem certo grau de independência, com língua e administração próprias.
Li bastante sobre bruxas. Muitas eram mulheres comuns, vítimas de maledicências e falsas acusações. Outras curavam doentes com ervas, consertavam braços e pernas quebrados. Acusadas de pacto com o demônio, eram presas pelos agentes da Inquisição. Suas confissões eram extraídas sob torturas a cargo de um religioso. A I