BEST-SELLER DO NEW YORK TIMES.
Pequenas Mudanças, Resultados Impressionantes.
Não importa quais sejam seus objetivos, Hábitos Atômicos oferece um método eficaz para você se aprimorar ― todos os dias. James Clear, um dos mais expoentes especialistas na criação de hábitos, revela as estratégicas práticas que o ensinarão, exatamente, como criar bons hábitos, abandonar os maus e fazer pequenas mudanças de comportamento que levam a resultados impressionantes.
Se enfrenta dificuldades para mudar seus hábitos, o problema não é você, é o sistema escolhido.
Os maus hábitos se repetem sem parar porque você está usando o sistema errado, e não porque não queira mudar.
Assim, suas limitações não são a complexidade de seu objetivo, mas a inadequação de seus sistemas.
Neste livro, você aprenderá um método comprovado capaz de levá-lo a novos patamares.
Clear é conhecido por sua habilidade em transformar tópicos complexos em comportamentos simples que podem ser facilmente aplicados à vida cotidiana e profissional. Seu método, desenvolvido a partir de conceitos comprovados da biologia, psicologia e neurociência, é um guia descomplicado para tornar os bons hábitos inevitáveis e os maus, impossíveis.
Ao longo desta jornada, os leitores serão inspirados e entretidos por histórias de medalhistas de ouro em Olimpíadas, artistas premiados, líderes de negócios, médicos que salvam vidas e astros da comédia que usaram a ciência dos pequenos hábitos para dominar seu ofício e se lançar ao topo de suas áreas de atuação.
Hábitos Atômicos remodela sua forma de pensar em avanço e sucesso e traz as ferramentas e estratégias de que precisa para transformar seus hábitos ― seja você técnico de um time almejando a conquista de um título, uma organização com pretensões de reinventar seu setor ou simplesmente um indivíduo que deseja parar de fumar, perder peso, reduzir o estresse ou atingir qualquer outra meta.
Descubra o Segredo dos Resultados Permanentes
Repleto de estratégias testadas e aprovadas de autoaprimoramento, Hábitos Atômicos ensinará você a construir hábitos que funcionem para – e não contra – você.
Introdução
Minha História
de meu segundo ano do ensino médio,
acertaram meu rosto com um taco de beisebol. Quando
meu colega fez um movimento para pegar impulso para a tacada,
o bastão escorregou de suas mãos e veio voando na minha
direção até me atingir diretamente entre os olhos. Não tenho
lembrança do momento do impacto.
O taco estatelou em meu rosto com tanta força que esmagou
meu nariz, deixando-o com um bizarro formato de U. A colisão
fez com que o tecido mole do meu cérebro chacoalhasse no
interior do meu crânio. Imediatamente, uma onda de inchaço
surgiu em toda a minha cabeça. Em uma fração de segundo, tive
um nariz quebrado, várias fraturas no crânio e duas órbitas
oculares estilhaçadas.
Quando abri os olhos, vi pessoas me encarando e correndo
para ajudar. Olhei para baixo e notei manchas vermelhas nas
minhas roupas. Um dos meus colegas tirou a camisa e a
entregou para mim. Eu a usei para conter o fluxo de sangue
escorrendo de meu nariz quebrado. Chocado e confuso, eu não
sabia da gravidade com que me ferira.
Meu professor passou o braço em volta do meu ombro e
começamos a longa caminhada até a enfermaria: atravessamos
o campo, descemos a colina e voltamos à escola. Mãos
aleatórias apoiavam meu corpo, me mantendo na vertical.
Caminhamos devagar, sem muita pressa. Ninguém percebia que
cada minuto importava.
Quando chegamos à sala da enfermeira, ela me fez uma série
de perguntas.
“Em que ano estamos?”
“1998”, respondi. Na verdade, era 2002.
“Quem é o presidente dos Estados Unidos?”
“Bill Clinton”, falei. A resposta correta era George W. Bush.
“Qual é o nome da sua mãe?”
“Humm. Humm.” Eu parei. Dez segundos se passaram.
“Patti”, falei casualmente, ignorando o fato de que tinha levado
dez segundos para lembrar o nome da minha mãe.
Essa é a última pergunta de que me lembro. Meu corpo era
incapaz de lidar com o rápido inchaço no meu cérebro, e eu perdi
a consciência antes da chegada da ambulância. Minutos depois,
fui transportado até o hospital local.
Pouco depois de chegar, meu corpo começou a se desligar. Eu
tinha dificuldades com funções básicas, como engolir e respirar.
Tive minha primeira convulsão do dia. Então, parei de respirar
completamente. Enquanto os médicos corriam para me fornecer
oxigênio, também decidiram que o hospital local não estava
equipado para lidar com a situação e requisitaram um helicóptero
para me transferir para um hospital maior, em Cincinnati.
Saí da sala de emergência e fui em direção ao heliponto, do
outro lado da rua. A maca sacudia pela calçada esburacada
enquanto uma enfermeira me empurrava e outra bombeava
manualmente o oxigênio. Minha mãe, que havia chegado ao
hospital alguns momentos antes, subiu no helicóptero ao meu
lado. Eu permaneci inconsciente e incapaz de respirar sozinho
enquanto ela segurava minha mão durante o voo.
Enquanto minha mãe viajava comigo no helicóptero, meu pai foi
para casa ver como estavam meu irmão e minha irmã e dar a
notícia para eles. Ele sufocou as lágrimas ao explicar para minha
irmã que não poderia ir à sua formatura do ensino fundamental,
naquela noite. Depois de deixar meus irmãos aos cuidados de
familiares e amigos, ele foi para Cincinnati encontrar minha mãe.
Quando minha mãe e eu pousamos no hospital, uma equipe de
quase 20 médicos e enfermeiros correu para o heliponto e me
levou para a unidade de trauma. A essa altura, o inchaço no meu
cérebro havia se tornado tão grave que eu estava tendo
repetidas convulsões pós-traumáticas. Meus ossos quebrados
precisavam ser consertados, mas eu não estava em condições
de ser submetido à cirurgia. Depois de outra convulsão — a
terceira do dia —, fui colocado em coma induzido e em um
ventilador.
Meus pais já conheciam aquele hospital. Dez anos antes, eles
haviam entrado no mesmo prédio, no térreo, depois que minha
irmã fora diagnosticada com leucemia, aos 3 anos de idade. Eu
tinha 5 anos na época. Meu irmão tinha apenas 6 meses. Após 2
anos e meio de quimioterapia, punções na coluna vertebral e
biópsias da medula óssea, minha irmãzinha finalmente saiu do
hospital feliz, saudável e sem câncer. E agora, depois de 10 anos
de vida normal, meus pais se encontravam no mesmo lugar com
outro filho.
Enquanto eu estava em coma, o hospital enviou um padre e um
assistente social para consolar meus pais. Foi o mesmo padre
que conversara com eles uma década antes, na noite em que
descobriram que minha irmã tinha câncer.
Conforme o dia se desvanecia na noite, uma série de máquinas
me manteve vivo. Meus pais dormiram irrequietos em um colchão
hospitalar — em um momento eles desabaram de cansaço, e
logo depois estavam completamente despertos e preocupados.
Minha mãe me disse mais tarde: “Foi uma das piores noites de
minha vida.”
MINHA RECUPERAÇÃO
Por um golpe de misericórdia, na manhã seguinte, minha
respiração melhorou a ponto de os médicos se sentirem
confortáveis em me tirar do coma. Quando finalmente recuperei a
consciência, descobri que havia perdido meu olfato. Como teste,
uma enfermeira me pediu para assoar o nariz e cheirar uma
caixa de suco de maçã. Meu olfato voltou, mas — para surpresa
de todos — o ato de assoar o nariz forçou o ar através das
fraturas no meu olho e empurrou meu olho esquerdo para fora.
Meu globo ocular saltou da órbita, mantido precariamente no
lugar pela minha pálpebra e pelo nervo óptico que o conectava
ao meu cérebro.
O oftalmologista disse que meu olho gradualmente voltaria ao
lugar à medida que o ar saísse, mas era difícil dizer quanto
tempo isso levaria. A cirurgia foi agendada para uma semana
depois, o que me permitiria mais tempo para a recuperação.
Parecia que eu havia saído do lado perdedor de uma luta de
boxe, mas fui liberado para deixar o hospital. Voltei para casa
com o nariz quebrado, meia dúzia de fraturas faciais e um olho
esquerdo inchado.
Os meses seguintes foram difíceis. Parecia que tudo na minha
vida estava em pausa. Tive diplopia por semanas; literalmente
não conseguia ver direito. Demorou mais de um mês, mas meu
globo ocular acabou retornando ao devido lugar. Entre as
convulsões e meus problemas de visão, foram oito meses antes
que pudesse dirigir um carro novamente. Na fisioterapia,
praticava padrões motores básicos, como andar em linha reta.
Estava determinado a não deixar a lesão me derrubar, mas
houve mais do que alguns momentos em que me senti deprimido
e subjugado.
Fiquei dolorosamente ciente do longo caminho que ainda tinha
pela frente quando voltei para o campo de beisebol, um ano
depois. O beisebol sempre foi uma parte importante da minha
vida. Meu pai havia jogado na liga secundária pelo St. Louis
Cardinals, e eu também sonhava em jogar profissionalmente.
Após meses de reabilitação, o que mais queria era voltar para o
campo.
Mas meu retorno ao beisebol não foi tranquilo. Quando a
temporada chegou, fui o único jogador júnior cortado do time do
colégio. Fui rebaixado para jogar com os alunos do segundo ano
no time júnior. Eu jogava desde os 4 anos e, para alguém que
havia gastado tanto tempo e esforço no esporte, ser cortado era
humilhante. Ainda me lembro vividamente do dia em que isso
aconteceu. Sentei no meu carro e chorei enquanto zapeava pelas
estações de rádio, procurando desesperadamente por uma
música que me fizesse sentir melhor.
Depois de um ano de determinação, consegui retornar ao time
do colégio como sênior, mas raramente estava em campo. No
total, joguei 11 ciclos de beisebol na liga colegial principal no
ensino médio, pouco mais do que uma única partida.
Apesar da minha carreira insossa no ensino médio, eu ainda
acreditava que poderia me tornar um ótimo jogador. E sabia que,
para que as coisas melhorassem, era eu quem teria que fazer
isso acontecer. A reviravolta veio dois anos depois da lesão,
quando comecei a cursar o ensino superior, na Denison
University. Era um recomeço, e seria lá que eu descobriria o
surpreendente poder dos pequenos hábitos.
COMO APRENDI SOBRE HÁBITOS
Frequentar a Denison University foi uma das melhores decisões
da minha vida. Conquistei um bom lugar no time de beisebol e,
embora, por ser calouro, estivesse no final da lista de escalação,
fiquei emocionado. Apesar do caos dos meus anos de ensino
médio, consegui me tornar um atleta universitário.
Eu não seria o titular do time de beisebol tão cedo, então me
concentrei em colocar minha vida em ordem. Enquanto meus
colegas ficavam acordados até tarde e jogavam videogame, eu
construía bons hábitos de sono e ia para a cama cedo todas as
noites. No mundo bagunçado de um dormitório de faculdade, fiz
questão de manter meu quarto limpo e arrumado. Essas
melhorias foram pequenas, mas me deram uma sensação de
controle sobre a minha vida. Comecei a me sentir confiante
novamente. E essa crescente crença em mim mesmo invadiu a
sala de aula enquanto eu aprimorava meus hábitos de estudo e
consegui obter notas altas durante meu primeiro ano.
Um hábito é uma rotina ou comportamento que é realizado
regularmente — e, em muitos casos, de modo automático.
Conforme cada semestre passava, eu acumulava pequenos, mas
consistentes, hábitos, que acabaram levando a resultados
inimagináveis para mim quando comecei. Por exemplo, pela
primeira vez em minha vida, criei o hábito de levantar pesos
várias vezes por semana, e, nos anos que se seguiram, meu
corpo de 1,93m passou de franzinos 77kg para esguios 90kg.
Quando meu segundo ano chegou, ganhei um papel de
iniciante na equipe de arremesso. No penúltimo ano, fui eleito
capitão da equipe e, no fim da temporada, indicado para a equipe
de estrelas do ano. Mas somente no último ano que meus
hábitos de sono, estudo e treinamento de força realmente
começaram a valer a pena.
Seis anos depois de eu ter sido atingido no rosto com um taco
de beisebol, levado para o hospital e colocado em coma, fui
selecionado como o melhor atleta masculino da Denison
University e nomeado para a ESPN Academic All-America Team
— uma honra concedida a apenas 33 jogadores em todo o país.
Quando me formei, estava listado nos livros de registro da escola
em oito categorias diferentes. Naquele mesmo ano, recebi a
maior honraria acadêmica da universidade, a Medalha do Reitor.
Espero que me perdoe se isso soa pretensioso. Para ser
honesto, não havia nada de lendário ou histórico em minha
carreira atlética. Não cheguei a jogar profissionalmente. No
entanto, analisando esses anos em retrospectiva, acredito ter
conseguido algo igualmente raro: atingi todo o meu potencial. E
acredito que os conceitos deste livro o farão atingir o seu
também.
Todos nós enfrentamos desafios na vida. Essa lesão foi um dos
meus, e a experiência me ensinou uma lição crucial: mudanças
que parecem pequenas e sem importância a princípio terão
resultados notáveis se você estiver disposto a persistir nelas por
anos. Todos lidamos com contratempos, mas em longo prazo a
qualidade de nossas vidas depende da qualidade de nossos
hábitos. Com os mesmos hábitos, você terá os mesmos
resultados. Mas com melhores hábitos, tudo é possível.
Talvez existam pessoas que consigam alcançar um sucesso
incrível da noite para o dia. Não conheço ninguém assim e
certamente não sou uma delas. Não houve um momento decisivo
na minha jornada do coma induzido até o Academic All-America;
houve muitos. Foi uma evolução gradual, uma longa série de
pequenas vitórias e pequenas descobertas. A única maneira de
eu fazer progresso — a única escolha que eu tinha — era dar
pequenos passos. Empreguei essa mesma estratégia alguns
anos depois, quando comecei meu próprio negócio e comecei a
trabalhar neste livro.