Como Treinar o Seu Dragão – Cressida Cowell

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Como Treinar o Seu Dragao

O livro “Como Treinar Seu Dragão” é o primeiro da série escrita e ilustrada por Cressida Cowell. A história se passa em uma tribo viking chamada Hooligans Cabeludos, onde os jovens devem capturar e treinar dragões para se tornarem membros oficiais da tribo. Soluço Spantosicus Strondus III, filho do chefe da tribo, é um garoto franzino e atrapalhado que, em vez de capturar um dragão impressionante, acaba com um pequeno e inofensivo dragão chamado Banguela.

Soluço precisa treinar Banguela para a exibição final perante a tribo, mas o dragão é malcriado e desobediente. Soluço descobre que pode falar com dragões e usa isso para criar um plano para irritar os dragões e fazer com que eles se matem. No entanto, o plano falha e Soluço é engolido por um dragão chamado Morte Verde. Ele usa os chifres do seu elmo para tampar os buracos de fogo do dragão, o que faz com que Morte Verde exploda. Soluço é salvo por Banguela, e por causa dessa ação heroica, todos os jovens são autorizados a se juntarem às tribos.

A narrativa é simples, divertida e ideal para crianças, com muitas cenas cômicas e diálogos entre Soluço e Banguela. O livro também apresenta ilustrações que complementam a história, tornando-a ainda mais atraente para os leitores mais jovens.

1. PRIMEIRO, CAPTURE O SEU DRAGÃO Há muito tempo, na selvagem e ventosa Ilha de Berk, um viking pequenino com nome comprido estava de pé na neve. Soluço Spantosicus Strondus Terceiro, a Grande Esperança e o Herdeiro da Tribo dos Hooligans Cabeludos, sentia-se levemente enjoado desde que despertara pela manhã. Dez garotos, incluindo Soluço, esperavam se tornar membros da Tribo após passarem no Programa de Iniciação em Dragões. Eles estavam de pé na pequena praia deserta, no lugar mais vazio da desolada ilha. Caía muita neve. — PRESTEM ATENÇÃO! — gritou Bocão Bonarroto, o soldado encarregado de fazer a Iniciação. Esta será nossa primeira operação militar, Soluço será o comandante do grupo. — Ah, o Soluço, não — grunhiram Bafoca de Maluquício e a maioria dos garotos. — Não pode colocá-lo no comando, senhor, ele é um INÚTIL. Soluço Spantosicus Strondus Terceiro, a Grande Esperança e o Herdeiro da Tribo dos Hooligans Cabeludos, limpou o nariz na manga da roupa, desanimado. Ele afundou um pouco mais na neve. — QUALQUER UM seria melhor que Soluço — zombou Malvado Melequento. — Até mesmo Perna-de-peixe. Perna-de-peixe tinha um estrabismo que o deixava quase cego e era alérgico a répteis. — SILÊNCIO! — rugiu Bocão Bonarroto. — Quem mais abrir a boca vai comer moluscos no almoço nas próximas TRÊS SEMANAS! O silêncio foi imediato. Moluscos parecem minhoca, ou meleca, e são bem menos saborosos que qualquer um dos dois. — Soluço será o responsável, e isso é uma ordem! — gritou Bocão, que não sabia falar mais baixo. Ele era um gigante de dois metros com um brilho alucinado no olhar e uma barba que parecia fogos de artifício explodindo. Apesar do frio extremo, usava bermudas e um colete de couro de veado que deixava entrever sua pele vermelho-lagosta e seus enormes músculos. O viking trazia uma tocha flamejante na mão gigantesca. — Soluço será o líder, embora ele seja, eu admito, completamente inútil, porque o garoto é o filho do CHEFE, e é assim que funciona entre nós, vikings. Onde vocês pensam que estão? Na REPUBLICA ROMANA? De qualquer modo, esse, hoje, será o menor de seus problemas. Vocês estão aqui para provar sua capacidade de se tornarem Heróis Vikings. Essa é uma antiga tradição da Tribo dos Hooligans. Vocês precisam... — Bocão fez uma pausa, bem teatral. — PRIMEIRO, CAPTURAR O SEU DRAGÃO! “Com mil moluscos!”, pensou Soluço. — Nossos dragões são o que nos diferencia! — gritou Bocão. — Humanos treinam gaviões para caçar e cavalos para carregá-los. Apenas os HERÓIS VIKINGS se atrevem a domar as criaturas mais selvagens e perigosas da face da Terra. Bocão cuspiu na neve com ar solene. — O Teste de Iniciação em Captura de Dragões tem três etapas. A primeira, e mais perigosa, avalia sua coragem e habilidade de assalto. Se querem entrar na Tribo dos Hooligans, primeiro vocês precisam capturar os seus dragões. E é POR ISSO prosseguiu Bocão, falando bem alto — que eu os trouxe ao cenário adequado. Vejam o Rochedo do Dragão Selvagem com os próprios olhos. Os dez garotos viraram a cabeça para trás. O rochedo se elevava diante deles, sombrio e sinistro. No verão, mal se podia vê-lo, pois dragões de todos os formatos e tamanhos se empoleiravam por ali, grunhindo, mordendo e produzindo uma cacofonia, com ruídos que se espalhavam por toda a região de Berk. No inverno, porém, os dragões hibernavam e o rochedo caía no silêncio, com exceção de alguns roncos abafados e lúgubres. Soluço sentia nas sandálias as vibrações sob seus pés. — Agora — disse Bocão —, vocês repararam naquelas quatro cavernas que ficam na metade do rochedo, agrupadas mais ou menos no formato de uma caveira? Os meninos concordaram com um aceno de cabeça. — Dentro da caverna que seria o olho direito da caveira está a creche dos dragõezinhos, onde, NESTE EXATO MOMENTO, três mil filhotes de dragão estão hibernando, em suas últimas semanas de inverno. — OOOOOOOH! — murmuram os meninos, animados. Soluço engoliu em seco. Ele sabia muito mais sobre dragões que qualquer outra pessoa ali. Desde pequeno era fascinado por essas criaturas. Passara horas observando-as, escondido. (Os observadores de dragões eram considerados nerds, por isso mantinham suas atividades em segredo.) E tudo o que Soluço aprendera sobre dragões lhe dizia que entrar em uma caverna com três mil deles seria loucura. Mas ninguém parecia muito preocupado com isso. — Em poucos minutos vou querer que vocês escolham uma dessas cestas e comecem a escalar o rochedo — comandou Bocão. — Depois que tiverem passado pela entrada da caverna, ninguém os ajudará. Sou grande demais para me espremer pelos túneis que levam à creche de dragões. Vocês entrarão na caverna SILENCIOSAMENTE, E isso também se aplica a você, Espinha-de- porco, a menos que queira ser a primeira refeição primaveril de três mil dragões famintos. HÁ! HÁ! HÁ! HÁ! Bocão riu muito de sua própria piada, depois continuou: — Dragões desse porte normalmente são inofensivos aos seres humanos, mas em grande número podem agir como piranhas. Não sobraria nada de ninguém, nem mesmo de um gordinho como você, Espinha-de-porco. Só restariam uma pilha de ossos e seu capacete. HÀ! HÀ! HÀ! HÀ! Então... Vocês caminharão SILENCIOSAMENTE pela caverna e cada garoto vai roubar UM dragão adormecido. Ergam o dragão da rocha CUIDADOSAMENTE e coloquem o bicho dentro de sua cesta. Alguma dúvida até aqui? Ninguém disse nada. . — Se por acaso alguém despertar o dragão, e é preciso ser ABSURDAMENTE IDIOTA para fazer isso, corram a toda a velocidade para a entrada da caverna. Os dragões não gostam de frio, e a neve provavelmente os impedirá de seguir seus rastros. “Provavelmente?”, pensou Soluço. “Ah, claro, isso é animador.”
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