Neste livro, o autor limita a trama a um dia apenas – como um ‘Ulisses’ curitibano. Na cidade, às vésperas das eleições presidenciais de 2002, enquanto Lula e Serra trocavam farpas, o fotógrafo do título, nunca nominado, é contratado por um homem misterioso para fotografar secretamente a modelo Íris. Apesar de aparentemente fácil, o trabalho se complica quando ele se sente atraído pela moça.
O Fotógrafo – Cristovão Tezza
Cristovão Tezza
O FOTÓGRAFO
2ª edição, revista
2011
Cip-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, rj.
Tezza, Cristovão, 1952-
T339f
O fotógrafo [recurso eletrônico] / Cristovão Tezza. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2013.
recurso digital
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-01-40408-4 (recurso eletrônico)
1. Romance brasileiro. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
13-01009
CDD: 869.93
CDU: 821.134.3(81)-3
Copyright © Cristovão Tezza, 2004
Projeto gráfico da versão impressa: Regina Ferraz
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
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Produzido no Brasil
ISBN 978-85-01-40408-4
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fotogramas
Capa
Rosto
Créditos
Sumário
O fotógrafo espera
Íris recebe um cheque
O fotógrafo encontra Íris
O fotógrafo bebe uma cerveja
Íris e Lídia encontram-se duas vezes
O fotógrafo almoça com a família
O fotógrafo conversa com o pai
Lídia e Duarte vão ao cinema
O fotógrafo revela um filme
Íris almoça em casa
Duarte volta para casa
O fotógrafo encontra o deputado
Lídia bebe um café
Mara caminha pela cidade
O fotógrafo faz um lanche
Íris vai ao Café Teatro
Duarte chega em casa
O fotógrafo e Lídia trocam palavras
Danton leva Íris para casa
O fotógrafo vai à cidade
Íris toma um banho
Duarte acorda de madrugada
O fotógrafo encontra um amigo
Lídia acorda de madrugada
O fotógrafo reencontra Íris
Colofon
Saiba mais
O FOTÓGRAFO ESPERA
A solidão é a forma discreta do ressentimento, ele pensou, com a nitidez de quem escreve um poema, olhando para o alto — quantos andares? — e mais uma vez lembrando de Lídia. Talvez ela tenha declamado para mim esse verso algum dia, como tantas vezes, durante a leitura de um livro. Conferiu de novo a fotografia de cores apagadas, tirada por uma máquina descartável por um não fotógrafo em alguma festa de aniversário — uma jovem difusamente bonita, parece; pode ser qualquer pessoa. No verso, a indicação precisa do endereço, que ele releu. Oitavo andar, 803, Edifício Liberdade. Uma ironia, ele pensou, fantasiando a biografia do prédio: o dono da construtora, hoje com quase 60 anos, ouvia Jimi Hendrix e Janis Joplin e Tropicália e era contra a ditadura militar. Fumou maconha duas vezes e frequentou três reuniões de alguma dissidência do Partido Comunista. Não se envolveu e formou-se em engenharia. Foi o orador da turma, imaginou. Um discurso cheio de imagens veladas mas contundentes. Nós erguemos o futuro, ele terá dito, pensando em prédios, e o fotógrafo sorriu. O primeiro prédio — este — recebeu o nome de Edifício Liberdade, em nome dos nossos princípios. Talvez em 1972. Não, não teria coragem. Tem o problema do financiamento, alguém sensato lhe diria, esse pessoal do dinheiro é medroso, melhor não provocar com vara curta, ele quase disse em voz alta, e lembrou — apalpando-as, na verdade — as duas notas que estavam no seu bolso. Seria uma provocação infantil. A doença infantil do comunismo. Sejamos cuidadosos. Talvez Edifício Mercedes Sosa, e quase o fotógrafo cai na risada, louco na rua, só: uma lamúria de merda, ele lembrou alguém lhe dizer anos atrás (Lídia?); odeio mendicância poética. É riso nervoso, ele avalia, voltando a olhar o prédio do outro lado da rua. Serão mesmo vinte andares? Recomeçou a contá-los, de baixo para cima, mas um vulto saindo do hall desviou sua atenção. Não, não é ela, percebeu, e i