Dália Negra – James Ellroy

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* James Ellroy, o maior escritor policial da atualidade, tem um passado tão barra pesada quanto o dos personagens de seus romances. O autor de Los Angeles, Cidade proibida, Tablóide americano, Noturnos de Hollywood e Meus lugares escuros foi um garoto sofrido nas ruas de Los Angeles. Sofria com o fracasso do pai e a devassidão da mãe. Mas tudo piorou muito quando ela foi encontrada morta, em um terreno baldio, com marcas violência sexual. James não escapou de um destino triste. Virou delinqüente e viciado, vivendo como mendigo pelas ruas da Califórnia até descobrir a literatura. Impressionado pela morte da mãe, James transferiu traumas, preocupações e curiosidade para um assassinato muito parecido. Uma jovem encontrada em circunstâncias semelhantes com a de sua mãe, que ganhou manchetes de jornais como a Dália Negra. Obcecado, Ellroy pesquisou o caso a fundo. E, quando percebeu, estava com um romance prontinho em sua cabeça. Botou tudo no papel e o resultado foi Dália Negra, que agora chega às telas de cinema com direção de Brian de Palma e Josh Hartnett, Aaron Eckhart, Scarlett Johansson e Hilary Swank nos papéis principais. O romance é muito mais do que uma mera colagem criativa de fatos retirados dos jornais. Ellroy cria em torno do crime uma galeria de grandes personagens, a começar pelos dois detetives que investigam o caso, dois ex-pugilistas com problemas sexuais que lutam contra o próprio passado para solucionar os crimes. Mais ou menos como o próprio Ellroy. Tudo se passa em Los Angeles, logo depois da Guerra, um cenário sórdido e sem esperança que Ellroy recria muito bem. Juntando a isso jogos de política, perversões sexuais, drogas, violência e muita corrupção, Ellroy criou um policial antológico, que nem parece ser livro de autor estreante

      Dália Negra. James Ellroy       TRADUÇÃO: CLÁUDIA SANT'ANA MARTINS     Copyright © by James Ellroy, 1987 Título original: The Black Dahlia Publicado mediante contrato com Sobel Weber Associates, Inc. 146 East 19 Street, New York, NY 10003. ISBN 85-8539-30-8 Preparação de originais: Carlos Eduardo Matos Revisão: Lilian Jenkino Impressão: Prol EditoraGráfica Tradução: Cláudia Sant'Ana Martins 1993         Para Geneva Hilliker Ellroy 1915 – 1958     Mãe: vinte e nove anos depois, esta despedida em sangue.         Agora eu te dobro, meu bêbado, meu navegador, meu primeiro guardião perdido, para amar ou contemplar mais tarde. - Anne Sexton PRÓLOGO Jamais a conheci em vida. Ela existe para mim através dos outros, dos depoimentos dos caminhos em que a sua morte os lançou. Voltando ao passado, buscando apenas fatos, eu a reconstruí como menina triste e prostituta, quando muito alguém-que-podia-ter-sido, rótulo que também poderia se aplicara mim. Gostaria de lhe ter concedido um final anônimo, de tê-la relegado a breves palavras de tira, num relatório sumário de homicídio, com cópia carbono para o promotor, e mais a papelada para enterrá-la em vala comum. O único erro em relação a esse desejo é que ela não teria gostado que fosse assim. Por mais brutais que sejam os fatos, ela gostaria que fossem todos revelados. E como lhe devo muito e sou o único que sabe a história inteira, incumbi-me de escrever essas memórias. Mas antes de Dália houve a parceria, e antes disso a guerra e os regulamentos e manobras militares da Divisão Central, lembrando-nos de que policiais também eram soldados, embora bem menos populares do que os que combatiam os alemães e os japas. Todos os dias, após o expediente, os policiais eram submetidos a treinamentos de ataque aéreo de surpresa, a simulações de blecaute e de incêndio, que nos deixavam plantados em posição de sentido na rua Los Angeles, desejando que viesse um ataque de Messerschmitts{1} para que não nos sentíssemos tão idiotas. A designação das patrulhas diurnas era feita por ordem alfabética e, logo após a minha formatura na Academia, em agosto de 1942, foi lá que encontrei Lee. Já conhecia a sua reputação e sabia de cor os nossos respectivos cartéis: Lee Blanchard, 43-4-2 (43 vitórias, 4 derrotas e 2 empates), peso pesado, ex-atração habitual do Hollywood Legion Stadium; e eu, Bucky (Dentuço) Bleichert, meio-pesado, 36-0-0, certa vez classificado em décimo pela revista Ring, provavelmente porque Nat Fleisher achara divertida a forma como eu escarnecia dos adversários com meus dentões salientes. As estatísticas não contavam a história toda, porém. Blanchard pegava firme, levava seis para dar um, um clássico caçador de cabeças. Eu dançava e contra-atacava e dava ganchos na altura do fígado, sem jamais baixar a guarda, com medo de que demasiados golpes na cabeça arruinassem de vez a minha aparência, já meio prejudicada por causa dos dentes. Em termos de estilo, Lee e eu éramos como água e azeite, e todas as vezes que os nossos ombros se roçavam durante a chamada eu pensava: quem ganharia? Nós nos avaliamos durante um ano. Nunca falávamos sobre boxe ou sobre o trabalho na polícia, limitando nossas conversas a umas poucas palavras sobre o tempo. Fisicamente, parecíamos tão antitéticos quanto dois grandalhões podem ser: Blanchard era loiro e corado, um metro e oitenta e três de altura, tórax e ombros largos, pernas tortas e atrofiadas e um começo de barriga, rija e dilatada; eu era pálido, cabelos escuros, um metro e noventa de puro músculo. Quem ganharia? Finalmente, desisti de tentar prever o vencedor. Mas outros tiras se encarregaram dessa questão e durante aquele primeiro ano na Central ouvi dúzias de palpites: Blanchard, por nocaute, no início da luta; Bleichert, por pontos; Blanchard, ganhando ou perdendo por suspensão devido a cortes - tudo, menos Bleichert por nocaute. As vezes, sem ser visto, ouvia boatos sobre nossas histórias fora do ringue: Lee chegara
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