No último livro da inovadora série Grau 26, o implacável perito criminal Steve Dark precisa combater o maior e mais perigoso serial killer de sua carreira: Labirinto. Motivado por ideologias deturpadas, seus crimes, executados com requintes de crueldade em diferentes lugares do mundo, são antecipados de charadas, quebra-cabeças e enigmas, que anunciam os próximos alvos e atiçam a atenção da imprensa. O caso envolve inúmeras vítimas importantes, sem mencionar agências do governo – incluindo a Divisão de Casos Especiais -, as quais fracassam ao tentar refrear o pânico global. Cabe a Dark, juntamente com uma equipe de elite montada a partir de de uma comunidade internacional de investigação, encontrar Labirinto onde quer que ele esteja, e acabar de uma vez por todas com o caos
As Revelações de Dark – Anthony E. Zuiker
Os representantes da lei sabem que assassinos são categorizados em uma escala de 25 graus de perversidade, desde os simples oportunistas do grau 1 aos torturadores metódicos do grau 25.
O que quase ninguém sabe é que uma nova categoria de assassinos acaba de surgir.
Apenas um homem é capaz de detê-los.
Seu alvo: assassinos de grau 26.
Seus métodos: tudo o que for preciso.
Seu nome: Steve Dark.
Capítulo 8
Dark
West Hollywood, Califórnia
De volta à casa, em seu laboratório no porão, Dark pegou as amostras de sangue da cena do crime e deu início ao processo de testar o DNA.
O equipamento daquela instalação secreta, em sua residência em West Hollywood, existia também graças a Lisa Graysmith. Permitia-lhe analisar as próprias amostras forenses e checar os resultados na base de dados mais sofisticada (e secreta) do mundo.
Algumas horas depois o teste de DNA das vítimas confirmou: havia uma possibilidade de 88 por cento de que Faye Elizabeth e David Loeb fossem meio-irmãos. O pai em comum: o famoso artista Herbert Loeb.
Uma cantiga chula de criança passou pela cabeça de Dark: Incesto é bacana, faça um teste com sua mana.
De alguma forma, o assassino sabia daquele segredinho sujo. Seria tudo pessoal, então?
Nesse caso, se o objetivo era envergonhá-los da forma mais pública possível, por que tirar do caminho dois detetives do Departamento de Polícia de Los Angeles?
Dark olhou para o teto, juntando os pedaços dos acontecimentos do dia segundo o ponto de vista de Labirinto, tentando ajustar-se a sua frequência particular e doentia.
Fechou os olhos e começou a costurar as coisas.
Entrou no modo remoer.
Na época da Divisão de Casos Especiais, Dark tinha fama de remoer as coisas, em especial quando mergulhava de cabeça num caso novo. Os outros agentes diziam, de brincadeira, que, quando ele entrava nessa, movia-se tão devagar que quase voltava no tempo alguns dias. Riggins, contudo, o defendia. Dark pode ser uma tartaruga, dizia, mas vocês deviam ver a coleção de cabeças de coelho empalhadas na parede da sala dele. Era verdade. Quando Dark se fixava num caso, era como se nada mais existisse. Sua concentração chegava às raias do sobrenatural.
A única diferença agora era que precisava dividir a vida em duas partes distintas: caçador de criminosos e...
— PAPAI! — gritou Sibby, da sala. — A gente CHEGO-OU!
Era Sibby, recém-chegada do primeiro dia de aula do primeiro ano, acompanhada da avó. Era hora de Dark esquecer os quatro homicídios que ocupavam sua mente e concentrar-se na filha de 5 anos, que iria querer lhe contar tudo sobre seu dia. Teria que parar de pensar em testes de DNA e esboços de subcelebridades nuas, a fim de dedicar-se a servir um copo de suco à menina e perguntar-lhe que tipo de dever de casa ela tinha para fazer aquela noite.
Aquela coisa de ser pai em tempo integral era nova. Dark trouxera recentemente a filha de Santa Barbara para morar com ele, ali em West Hollywood. Sua ex-sala de estar — com móveis sem estilo definido e cartazes de cinema — encontrava-se agora abarrotada de coisas de criança. Foram-se os cartazes macabros dos filmes favoritos da infância (A morte pede carona, Viver e morrer em Los Angeles, Perseguidor implacável). No lugar deles, desenhos emoldurados da própria Sibby. Às vezes, Dark podia jurar que tudo que ela havia aprendido a fazer no jardim da infância, em Santa Barbara, fora criar um catálogo ridiculamente grande de arte primitiva.
No fim da contas, a vida, a casa — tudo se encontrava num estado de transição extrema. Não era um lar só dele. Era de Sibby também.
No passado, jamais teria imaginado que a vida de caçador de criminosos e o papel de pai pudessem coexistir. Pareceria uma proposição do tipo uma coisa ou outra. Da mesma forma que tinha sido com a mãe da pequena Sibby. As duas coisas haviam funcionado... pelo menos enquanto conseguiu manter os demônios afastados. Dark levara muito tempo para chegar ao estágio em que pudesse ser tanto pai quanto caçador de criminosos. E sabia