Na continuação do sucesso O azarão, Markus Zusak apresenta o emocionante Bom de briga. Se no primeiro título o autor traz um romance de formação de um jovem incorrigível, infeliz consigo mesmo e com sua vida, agora ele exibe dois irmãos em busca de um propósito na vida. Bom de briga retrata a evolução dos irmãos Cameron e Ruben Wolfe como seres humanos. No primeiro livro, a dupla estava sempre atrás de algo errado para fazer. Dessa vez eles entram no mundo das lutas amadoras de boxe, buscando independência para suas vidas. Enquanto Ruben mostra um talento nato para a coisa, o outro tenta apenas sobreviver. Tudo que é ruim é normal no dia a dia da família Wolfe – como os silêncios, as brigas, a pobreza, a mediocridade. Eles já se acostumaram com isso e sempre têm uma justificativa para tanto. Cameron, o mais novo, é o exemplo do jovem batalhador. Desde cedo apanha e se levanta, mostrando que o que importa não é a força da pancada, mas se você tem a força necessária para se reerguer.
Bom de Briga – Markus Zusak
Do Autor:
TraduçãoAna Resende
Rio de Janeiro | 2013
Originalmente publicado pela Omnibus Books,
divisão da Scholastic Australia Pty Limited, em 2000.
Edição publicada mediante contrato com a Scholastic Australia
Pty Limited.
Copyright © Markus Zusak, 2000.
Título original: Fighting Ruben Wolfe
Capa: Rafael Nobre | Babilonia Cultura Editorial
Editoração da versão impressa: FA Studio
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
2013
Produzido no Brasil
Printed in Brazil
Cip-Brasil. Catalogação na fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros. RJ
Z93b
Zusak, Markus, 1975-
Bom de briga [recurso eletrônico] / Markus Zusak ; tradução Ana Resende. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2013.
recurso digital
Tradução de: Fighting Ruben Wolfe
Formato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-85-2861-736-8 (recurso eletrônico)
1. Romance australiano. 2. Livros eletrônicos. I. Resende, Ana. II. Título.
12-9198
CDD: 828.99343
CDU: 821.111(436)-3
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Para Scout
Um agradecimento especial
a Celia Jellett, por sua bondade,
dedicação e competência
a Vic Morrison, por todos os desafios
— Ei, Rube, tá acordado?
— Que droga, o que você acha? Cheguei aqui só tem dois minutos.
— Tem mais tempo que isso.
— Não tem, não.
— Tem, sim, veadinho miserável. E me diz uma coisa: o que é que você quer, hein? Dá pra dizer? O que é que você quer?
— Quero que você apague a luz.
— De jeito nenhum.
— Mas é justo. Eu estava aqui primeiro, e você está mais perto do interruptor.
— E daí? Eu sou mais velho. Você devia respeitar os mais velhos e apagar a luz.
— Mas que monte de...
— Fica acesa, então.
A luz fica acesa por dez minutos e, depois, adivinha. Eu que apago.
— Babaca — digo a ele.
— Obrigado.
1
O cão no qual apostamos mais parece um rato.
— Mas ele consegue correr feito uma lebre — diz Rube. Ele é todo duas caras. Ele cospe e depois sorri. Cospe depois sorri. Um cara legal de verdade, meu irmão. Ruben Wolfe. É a nossa realidade.
Estamos na parte de baixo da arquibancada suja, sem cobertura.
Uma garota passa por nós.
Jesus, penso.
— Jesus — diz Rube, e essa é a diferença quando nós dois olhamos a garota, sonhando, respirando, vivendo. Não é sempre que garotas como essa aparecem nas corridas de cães. As que costumamos ver são ratinhas magricelas que fumam que nem chaminés, ou são cavalonas que não param de comer. Ou vadias que vivem enchendo a cara de cerveja. Essa que estamos vendo é uma raridade. Eu apostaria nela se ela pudesse correr na pista. Ela é demais.
Depois, só me resta o enjoo de olhar para pernas que não posso tocar ou bocas que não sorriem para mim. Ou quadris que não roçam nos meus. E corações que não batem por mim.
Enfio a mão no bolso e tiro uma nota de dez pratas. Ela deve me fazer esquecer as garotas. Quer dizer, eu gosto de olhá-las por um tempo, mas sempre acabo me dando mal. Fico com os olhos doloridos por causa da distância. E tudo o que consigo fazer é dizer algo do tipo: “Então, vamos apostar essa grana ou o quê, Rube?”, como faço nesse dia cinzento, nesta cidade agradável e lasciva que eu chamo de lar.
— Rube? — chamo de novo.
Silêncio.
— Rube?
Vento. Latinha rolando. Cara fumando e tossindo bem atrás de mim.
— Rube, vamos apostar ou não?
Bato nele.
Com as costas da mão.
No braço do meu irmão.
Ele olha para mim e sorri de novo.
Diz:
— Tá bem.
E procuramos alguém para apostar por nós. Alguém maior de idade. Não é difícil encontrar por aq