Holocausto Brasileiro – Daniela Arbex

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Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder.

Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.

Copyright © 2013 by Daniela Arbex 1ª edição — Maio de 2013   Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009   Editor e Publisher Luiz Fernando Emediato   Diretora Editorial Fernanda Emediato   Editor Paulo Schmidt   Produtora Editorial e Gráfica Erika Neves   Capa Alan Maia   Projeto Gráfico e Diagramação Ilustrarte Design e Produção Editorial   Preparação de Texto Vinicius Tomazinho   Revisão Josias A. Andrade Marcia Benjamim   Conversão para epub Obliq Press   Dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Arbex, Daniela Holocausto brasileiro / Daniela Arbex. – 1. ed. – São Paulo: Geração Editorial, 2013. ISBN 978-85-8130-156-3 1. Direitos humanos – Violação 2. Genocídio 3. Hospitais psiquiátricos 4. Hospital Colônia –Barbacena (MG) – História 5. Livro-reportagem 6. Pacientes hospitalizados – Maus-tratos I. Título. 13-05380 CDD-070.44936221 Geração Editorial Rua Gomes Freire, 225 – Lapa CEP: 05075-010 – São Paulo – SP Telefax: (+ 55 11) 3256-4444 E-mail : [email protected] www.geracaoeditorial.com.br twitter: @geracaobooks 1 Este livro é dedicado a milhares de homens, mulheres e crianças que perderam a vida num campo de concentração chamado Colônia. 2 Ao meu marido, Marco, por tornar meus sonhos possíveis. Ao meu filho, Diego, a melhor parte de mim. 6 Sumário Agradecimentos Prefácio I - O Pavilhão Afonso Pena II - Na roda da loucura III - O único homem que amou o Colônia IV - A venda de cadáveres V - Os meninos de Oliveira VI - A mãe dos meninos de Barbacena VII - A filha da menina de Oliveira VIII - Sobrevivendo ao holocausto IX - Encontro, desencontro, reencontro X - A história por trás da história XI - Turismo com Foucault XII - A luta entre o velho e o novo XIII - Tributo às vítimas XIV - A herança do Colônia 6 Agradecimentos À minha mãe, Sônia, e meu padrasto, Francisco, fortalezas em meu caminho. A meu pai, José Arbex, meu adorável fã número um. À Isabel Salomão de Campos, por me ensinar que o bem e o amor ao próximo são passaportes para a verdadeira felicidade. Ao jornalista Lúcio Vaz, por sua generosidade. Ao fotógrafo Roberto Fulgêncio, por quase duas décadas de parceria profissional. Ao Juracy Neves, diretor-presidente da Tribuna de Minas, por ser um dos primeiros a me incentivar a escrever e por ter me dado a oportunidade de publicar no jornal esta e outras grandes histórias. Aos jornalistas Marise Baesso, Lilian Pace, e Paulo César Magella, pela amizade, apoio e compreensão. À Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac), pela cessão das fotos de Luiz Alfredo. Ao médico Ronaldo Simões e ao fotógrafo Luiz Alfredo, por terem confiado a mim suas histórias. Especialmente à Denise Gonçalves, por seu incomparável talento e dedicação a este projeto. 8 Prefácio   O repórter luta contra o esquecimento. Transforma em palavra o que era silêncio. Faz memória. Neste livro, Daniela Arbex devolve nome, história e identidade àqueles que, até então, eram registrados como “Ignorados de tal”. Eram um não ser. Pela narrativa, eles retornam, como Maria de Jesus, internada porque se sentia triste, Antônio da Silva, porque era epilético. Ou ainda Antônio Gomes da Silva, sem diagnóstico, que ficou vinte e um dos trinta e quatro anos de internação mudo porque ninguém se lembrou de perguntar se ele falava. São sobreviventes de um holocausto que atravessou a maior parte do século XX, vivido no Colônia, como é chamado o maior hospício do Brasil, na cidade mineira de Barbacena. Como pessoas, não mais como corpos sem palavras, eles, que foram chamados de “doidos”, denunciam a loucura dos “normais”. As palavras sofrem com a banalização. Quando abusadas pelo nosso despudor, sã
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