Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros – Henry Bugalho

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Escritos entre 2007 e 2011, os quinze contos de terror ­desta ­antologia revisitam alguns temas clássicos do gênero, como ­fantasmas, zumbis, vampiros, demônios e outras criaturas assustadoras. O medo está presente em nossa vida cotidiana: o medo de morrer, de sofrer, o medo do desconhecido. De certa maneira, o medo nos protege do perigo, mas quando o perigo bate à nossa porta, onde nos escondemos?
“Todos nós escondemos nossos monstros em algum lugar. No dia a dia, sentimo-nos obrigados a fingir ser melhores do que realmente somos, para sermos aceitos, para sermos queridos, para sermos respeitados. Se um dia expuséssemos nossos demônios interiores, simplesmente não existiria mais vida na Terra, nós nos mataríamos uns aos outros.”

  Índice     Contrata-se um Ghostwriter O Bicho Roncador O Abraço Caçador de Vampiros? Não, é sobrevivência! O Livro dos Hereges O caso Romero Os Estranhos Habitantes de Soledad Congresso dos Anticristos O Filho Morto O Cãozinho A Mão O Segredo do Porão A Coleção de Bonecas Amor Imortal Autobiografia Sobre o Autor       HENRY ALFRED BUGALHO     Fantasmas, Vampiros, Demônios e histórias de outros Monstros       O Covil dos Inocentes Published by Henry A/fred Bugalho at Smashwords     Copyright Oficina Editora 2013   Contrata-se um Ghostwriter       Eleonor Schneider, diante da máquina de escrever, se preparou para redigir o livro da sua vida. Ler “São Bernardo” a encantou, a narrativa simples de Paulo Honório; refletiu que também deveria tentar. Mas ela não era nenhum Graciliano Ramos e, assim que a página em branco foi ajeitada, o peso das palavras oprimiu Eleonor. Não sabia o que dizer, nem como.   — Por que você não contrata um Ghostwriter? — Marieta, amiga de infância de Leonor, sugeriu. — O que é isto? — Algo comum nos Estados Unidos, amiga. “Escritor-fantasma”, em português, você paga alguém para colocar suas ideias no papel e, no final, quem recebe os créditos é você. Mais fácil, impossível.   Proposta tentadora. De fato, resolveria muitos problemas estruturais de sua narrativa, o primeiro deles: como colocar num livro setenta anos de história pessoal, três casamentos, uma viuvez, um filho morto em acidente de carro, uma filha doutora na Suíça, Eleonor sobrevivendo a um acidente de avião (com mais cinco outras pessoas). Todas aquelas coisas, grandes ou triviais, que indivíduos comuns consideram imprescindíveis de serem escritas num livro, para o bem-geral da humanidade e da posteridade. Por isto, na manhã seguinte, Eleonor anunciou no jornal:   “Contrata-se um Ghostwriter, para livro autobiográfico”.   Logo começaram os telefonemas e as visitas. Candidatos com currículos, constando as editoras com as quais trabalharam, catálogo de clientes satisfeitos, trechos de suas obras. Eleonor os avaliava como se selecionasse um quarto marido: não bastava ter ótimas qualificações, tinha de ser simpático, não podia ser feio (ser bonito não era imperioso, mas feio, nem pensar!), e com horários extremamente maleáveis, pois as melhores ideias de Eleonor ocorriam de madrugada, ou seja, disponibilidade para receber telefonemas às três ou quatro da manhã. E tal pessoa só poderia ser Pietro della Fontana, vinte e tantos anos, olhar profundo, sorriso sincero e, de acordo com ele, pelo menos dois livros publicados na Itália. Apesar do português com sotaque, um conhecimento gramatical impecável; não trouxe currículo, mas apenas um pedaço de guardanapo, no qual, diante da própria Eleonor, redigiu um parágrafo, descrevendo-a. A viúva se encantou com os adjetivos a ela atribuídos: — Quando podemos começar, meu filho? Três vezes por semana, Pietro vinha à casa de Eleonor, geralmente após a hora do jantar. Eles tomavam chá na sala de estar, Eleonor contava sua vida a Pietro, mostrando- lhe fotos esmaecidas, por vezes, algumas relíquias de família; este tomava notas de tudo, num caderninho velho com folhas amareladas. Riam juntos dos momentos pitorescos; choravam juntos dos trágicos.     — Estou tão feliz com minha escolha, Marieta! — Eleonor no telefone — O rapazinho é atencioso e dedicado. Amanhã, trará as primeiras páginas do que escreveu. Mas Pietro della Fontana não cumpriu o prometido. Ao invés dum manuscrito, trouxe apenas o velho caderno de notas. — Mas você prometeu, Pietro! — Desculpe-me, Eleonor, eu deveria ter-lhe explicado o meu método de trabalho antes de começarmos. Você só terá acesso ao texto quando eu houver terminado. Então, revisaremos juntos e faremos as modificações. — Mas você prometeu! — Foi um deslize que não se repetirá.     A confiança de Eleonor nele foi abalada. No entanto, agora que os trabalhos já haviam começado, iriam até o fim.     Uma ideia brilhante despertou Eleonor, sobre como inici
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