Dança Macabra – Stephen King

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Prepare-se… o mestre do suspense irá guiá-lo por uma jornada pelas mais variadas formas do medo. Em Dança Macabra, Stephen King revela o fascínio causado pelo terror no cinema e literatura, sem deixar de fora os quadrinhos, a televisão e o rádio.

Folha de Rosto Stephen King Dança macabra O terror no cinema e na literatura dissecado pelo mestre do gênero Tradução Louisa Ibañez Capítulo Cinco O rádio e a constituição da realidade Quanto aos livros e filmes, tudo certo, e logo nós voltaremos a eles. Antes disso, porém, eu gostaria de falar um pouco sobre o rádio durante a década de 1950. Começo pelo meu caso, e a partir dele poderemos, espero, progredir ao caso genérico, muito mais produtivo. Pertenço à última parte da última geração que se recorda do drama radiofônico como uma força ativa — uma forma de arte dramática com sua própria constituição da realidade. Essa afirmação é verdadeira até certo ponto, mas é claro que este ponto não vai muito longe. A verdadeira época áurea do rádio terminou por volta de 1950, o ano em que se inicia a incursão informal deste livro pela história da mídia, o ano em que comemorei meu terceiro aniversário e comecei meu primeiro ano de uso regular do penico. Como produto da mídia, tive o prazer de presenciar o saudável nascimento do rock’n’roll e vê-lo crescer rápido e ficar forte... mas também pude presenciar, na juventude, os últimos dias do moribundo rádio como um potente meio de comunicação. Deus sabe que ainda existe o drama no rádio — o Mystery Theater da CBS é um exemplo disso — e até mesmo comédia, como sabe qualquer fã devoto daquele super-herói absurdamente inepto, o Chickenman. Mas o Mystery Theater parece estranhamente decadente e terminal, nada mais que uma curiosidade. Não sobrou mais nada do intenso impacto emocional que o rádio costumava causar quando a porta do Inner Sanctum rangia e se escancarava toda semana, ou durante Dimension X (Dimensão X), I Love a Mystery (Eu amo um mistério) e nas primeiras temporadas do Suspense. Apesar de eu ouvir Mystery Theater sempre que posso (e concordar que E. G. Marshall faz um belo trabalho como apresentador), não o recomendo; ele está capenga como um Chevette 77 em más condições. Mais que isso, o Mystery Theater da CBS é como um cabo de força através do qual passava uma corrente de eletricidade fortíssima, quase letal, e que hoje fica caído no chão, inexplicavelmente frio e inofensivo. The Adventures of Chickenman (As aventuras do homem-frango), um programa de humor, funciona muito melhor (mas a comédia, uma mídia originalmente de auditório, visual, sempre funciona), mas o intrépido, amalucado, Chickenman ainda é uma espécie de gosto adquirido, como cheirar rapé ou comer escargôs. Meu momento predileto na carreira do Chickenman é quando ele entra num ônibus circular trajando botas, calças justas e capa e descobre que, como sua roupa não tinha bolsos, ele não tem um tostão para a passagem.33 E, ainda assim, por mais apaixonante que o Chickenman possa ser enquanto escapa corajosamente de uma situação insolúvel para outra — com sua mãe judia sempre no seu pé, dando conselhos e caldo de galinha com bolinhos de massa cozidos —, nunca consigo visualizá-lo direito — exceto, talvez, por aquele momento inestimável em que ele fica com cara de tacho em frente ao motorista do ônibus, a capa entre as pernas. Sorrio com ele; às vezes até dou umas risadas; mas nunca acontecem momentos tão deliciosamente engraçados quanto aqueles em que Fibber McGee, tão impossível de ser detido quanto o próprio Tempo, se aproxima de sua cabine, ou quando Chester A. Riley engata numa conversa longa e desconfortável com seu vizinho, um agente funerário chamado Digger O’Dell (“Ele é mesmo um esnobe”). Dos programas de rádio que me lembro mais claramente, o único que se encaixa bem na dança macabra é Suspense, também apresentado pela CBS. Meu avô (aquele que trabalhou para Winslow Homer quando jovem) e eu, na verdade, assistimos juntos ao último suspiro do rádio. Ele era ainda bastante forte e saudável para a idade de 82 anos, embora incompreensível devido à espessa barba e à falta dos dentes. Ele falava — bem alto, às vezes — mas só minha mãe conseguia entender o que ele dizia. — Gizze
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