Tudo começou com uma novidade entre estudantes no alojamento de uma das universidades mais exclusivas e prestigiadas do mundo. Mas em pouco tempo o Facebook transformou-se numa empresa com mais de 500 milhões de usuários e obteve um dos mais vertiginosos crescimentos já registrados na história. Constitui uma parte essencial da vida social de centenas de milhões de adultos e adolescentes no mundo. À medida que o Facebook conquista usuários e fãs, cria efeitos surpreendentes e já foi, inclusive, usado para a mobilização de manifestações e protestos políticos. David Kirkpatrick contou com total cooperação dos principais executivos do Facebook para essa pesquisa com o objetivo de produzir esta fascinante narrativa sobre a história da empresa e seu impacto em nossas vidas. O autor narra os sucessos e equívocos dessa rede social e dá aos leitores o mais completo perfil disponível de Mark Zuckerberg — o fundador, o CEO e o principal responsável pela notável ascensão da empresa. Esta é a história do Facebook que não pode ser encontrada em nenhum outro lugar.
O Efeito Facebook – David Kirkpatrick
Palo Alto “Fundador, mestre e comandante, inimigo do Estado”
Na primavera de 2004, à medida que se aproximava o final do semestre em Harvard, as coisas no Thefacebook ficaram mais movimentadas. No final de maio, o site já operava em 34 faculdades e tinha quase 100 mil usuários.
Em junho de 2004, Saverin abriu uma conta bancária, contribuiu com mais de 10 mil dólares de seu próprio dinheiro como capital de giro e depois começou a depositar também as receitas de publicidade.
Um mês antes, Saverin havia entrado em contato com uma empresa chamada Y2M, que vendia anúncios para sites de jornais universitários, convidando-a para conversarem sobre a venda de anúncios para o Thefacebook. A reunião foi adiada algumas vezes porque Mark e Eduardo tinham provas ou trabalhos da faculdade para entregar. Quando Tricia Black, da Y2M, finalmente se sentou com eles, Zuckerberg abriu um notebook com uma cópia dos dados de acessos do Thefacebook. Black ficou perplexa. “Você deve estar acompanhando isso errado”, disse ela. “Não há nenhuma possibilidade de estar tendo tantos acessos.” Zuckerberg sugeriu que a empresa de publicidade instalasse seu próprio software de monitoramento no servidor durante alguns dias para acompanhá-lo por conta própria.
Os números impressionantes não eram um erro. Black e seus colegas ficaram entusiasmados. Quase imediatamente a Y2M começou a colocar anúncios para os clientes, ganhando uma comissão de cerca de 30%. Um dos primeiros anunciantes foi a MasterCard, que buscava potenciais usuários de um cartão de crédito especial para estudantes universitários, mas, assim como a própria Y2M e a maioria de seus outros anunciantes, os executivos da MasterCard estavam céticos: não achavam que o Thefacebook pudesse realmente produzir resultados. Por isso, em vez de simplesmente pagar para exibir anúncios, como fizeram em uma campanha semelhante em sites de outras faculdades, a MasterCard concordou em pagar apenas quando um aluno preenchesse um pedido de cartão. Àquela altura, o Thefacebook operava em 12 faculdades. A MasterCard iniciou sua campanha às 17h de uma quinta-feira. No prazo de um dia, recebeu o dobro do número de pedidos que havia esperado receber ao longo dos quatro meses previstos para a duração da campanha. O Thefacebook estava levando os anúncios diretamente aos clientes certos: estudantes ricos das melhores faculdades. A MasterCard manteve os anúncios.
Os executivos da Y2M começaram a ver no Thefacebook o potencial de mudar o jogo e no meio do ano quiseram um pedaço do bolo. Black e outro executivo reuniram-se com Zuckerberg e perguntaram se a Y2M poderia investir. O jovem CEO disse que levaria em conta o pedido, mas que eles deveriam dar ao Thefacebook um valor de pelo menos 25 milhões de dólares. A Y2M decidiu aguardar.
Em situações como essa, Zuckerberg tende a ficar impassível. Ele em geral fala muito pouco, mesmo diante de elogios extravagantes ou súplicas sedutoras. Ele não se deixou impressionar pela oferta da Y2M. Já nessa época ele tinha sua própria visão sobre o potencial do Thefacebook, que não tinha muito a ver com dinheiro. “Nós vamos mudar o mundo”, Black recorda-se de ouvi-lo dizer. “Acho que podemos fazer do mundo um lugar mais aberto.” Essas eram palavras que ele repetiria muitas e muitas vezes nos anos seguintes.
Maximizar a receita pela venda de anúncios era menos importante para Zuckerberg do que manter os usuários felizes. Ele permitia a publicidade, mas em seus próprios termos. Os anunciantes podiam usar apenas algumas faixas de tamanho padrão. Aqueles que solicitavam tratamentos personalizados eram recusados. Zuckerberg recusava anúncios de empresas que, a seu ver, não tinham sintonia com o espírito lúdico do estudante que usava o Thefacebook (incluindo Mercer Management Consulting e Goldman Sachs). Durante algum tempo, ele até mesmo colocava legendas um pouco acima dos anúncios exibidos, dizendo: “Também não gostamos disso, mas eles pagam as contas.” Joshua Iverson, representante de ve