O Último Papa – Luís MigueI Rocha

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29 de Setembro de 1978. O mundo desperta sobressaltado com a notícia repentina da morte do papa João Paulo I,eleito sumo pontífice apenas 33 dias antes.A explicação oficial do Vaticano não deixa dúvida quanto à causa mortis: um enfarto fulminante decorrente do precário estado de saúde do papa.
2006.A jornalista Sarah Monteiro volta de férias a londres. Ao chegar em casa,encontra estranhos documentos à sua espera: uma lista em que figuram vários nomes e uma mensagem cifrada.
A partir desse momento,sua vida passa a correr riscos iminentes, e ela se vê imersa em uma trama em que estão envolvidos membros sem escrúpulos de Igreja,políticos corruptos e mercenários dispostos a vender sua alma a quem pagar mais.
Para muitos,é chegado o momento da verdade:o que realmente aconteceu durante os breves dias de pontificado de João Paulo I? Que planos foram contrariados de maneira tão abrupta naquela noite fatídica em que ele recebeu a lista secreta de nomes? E,em suma,a quem poderia interessar a morte do pontífice?

      TITULO: O Último Papa Autor: Luis Miguel Rocha © 2011, Luís Miguel Rocha Editor: Luis Miguel Rocha ISBN: 978-1456519766 [email protected]       “Fascinante…” USA Today   “Tem de ser lido.” Carmilla   “O fascínio do thriller com o ritmo electrificante de um filme.” Repubblica      Este livro é dedicado a   Ioannes Paulus PP. I Albino Luciani 17.X.1912   -   29.IX.1978               E quanto a si Senhor Patriarca, a Coroa de Cristo e os dias de Cristo. Irmã Lúcia a Albino Luciani, Coimbra, 11 de Julho de 1977   Que Deus vos perdoe pelo que fizeram comigo. Albino Luciani para os cardeais que o elegeram Papa no dia 26 de Agosto de 1978 CAPÍTULO UM   ANNO DOMINI MMVI   Por que corre um homem? Sendo este homem de que se fala a generalidade de toda a espécie, aquele que todos representa, o todo, todos, sem excepção, porquanto não existe neste caso, a excepção, bem entendido. Mas a pergunta mantém-se, o que o faz correr? No sentido literal da expressão, uma perna à frente da outra, o pé direito a seguir ao pé esquerdo e vice-versa, não há primeiros lugares nestas coisas do corpo humano. Será pelo prazer do sofrimento em si, todas aquelas centenas de músculos a trabalhar em prol de um bem-estar físico e psicológico a ser usufruído na posteridade do exercício? A uns é a glória que os move, os segundos e os minutos com que palmilham o terreno dão vitórias, dinheiro e notoriedade ou desilusão, desconsolo e carpidura. A outros nada mais os motiva do que a extracção de alguns quilos descomedidos com o desígnio final e único de agradar ao outro género ou, ao mesmo, dependendo dos gostos de cada um e de cada qual. Seja como for, a soma dos fundamentos têm base num só, todos correm pela vida, nada mais os move. Nem a este que galga as enormes escadarias interiores dos Arquivos Secretos do Vaticano a tão alta hora nocturna. A sotaina preta confunde-se na fraca iluminação do nada secreto local que alberga documentos manifestamente secretos. Na mão, alguns papéis amarelecidos pelo tempo, provavelmente a razão de tanta azáfama corredia. Um ruído descoincidente dos seus próprios passos alarma-o, foi de cima, foi de baixo, donde foi? é a pergunta que lhe atravessa a expressão facial. Pára, olha, escuta, nada mais se ouve além da sua respiração alterada, o suor escorre-lhe pelo rosto como torrente de mar salso. Ala que se faz tarde a regressar aos aposentos destinados à sua pessoa na Cidade do Vaticano, ou devemos dizer país, porque é o que o é na realidade, com as suas regras, leis, credo e sistema político. Monsenhor Firenzi é o nome do homem. Sabêmo-lo porque é o que rabisca à luz minguada do candeeiro da escrivaninha, uns gatafunhos escritos à pressa num envelope grande, já selado, onde coloca os papéis que trazia na mão. Ele é o remetente, bem certo, o destinatário não se consegue discernir, devido às razões de iluminação anteriormente proferidas e também porque o Monsenhor Firenzi quase encosta a cabeça à superfície escrita, talvez porque o suor lhe tenha embaciado os óculos e não consiga enxergar a própria letra adequadamente. Finda esta operação fecha o dito invólucro e sai do quarto. Onde irá a esta hora da noite o Monsenhor Firenzi, pois se o sino da Basílica de São Pedro já bate a uma da manhã? O silêncio espraia-se novamente depois da batida. Está frio, mas isso não parece apoquentar este servo de Deus que continua a avançar e depressa alcança o exterior, os passeios que levam à Praça de São Pedro, a maravilha elíptica de Bernini, com toda a simbologia cristã e pagã, porque os artistas não são gente de se render a uma só arte ou fé e a eles podem juntar-se o resto das outras pessoas. Um ruído perpassa nos ouvidos do Monsenhor. Pára, suores frios desta vez a percorrerem o corpo, a respiração arquejante, não há dúvida, são passos, porventura um guarda suíço na ronda nocturna, porventura o melhor será não ficar à espera.
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