20 contos de Truman Capote – Truman Capote

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20 contos apresenta a genealogia de um talento. Das primeiras tentativas, no início dos anos quarenta, quando já era possível notar o poder de observação e a habilidade para condensar situações em cenas breves, até o apogeu demonstrado nos últimos trabalhos, pode-se seguir quase cronologicamente a evolução da sua prosa. A vida de Capote, ela mesmo merecedora de um tratamento ficcional, também serve para traçar paralelos. O escritor era fascinado pela alta sociedade americana, e ela retribuiu a adoração. Os dois primeiros contos apresentam essa sociedade com uma certa reverência, enquanto trabalhos tardios, como “Mojave” e “A pechincha”, traçam um retrato muito mais cru, e provavelmente acurado, daquela classe. Nos últimos contos, ele se debruça com olhar agridoce sobre a infância, passada numa grande casa cheia de primos e tias no sul empobrecido do país depois da Depressão. Entre essas duas pontas, transparece um tanto da dureza da vida de exilados na cidade grande, um bocado de solidão e de corações partidos. Um vasto e magistral desfilar de ilusões perdidas até o refúgio na infância, nos contos em que Capote mostra a sua melhor forma.

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Copyright da compilação © 2004 by Truman Capote Literary Trust Copyright da nota biográfica © 1993 by Random House, Inc. Copyright da tradução © 2004 by Reynolds Price   Título originalThe complete stories of Truman Capote   CapaJeff Fisher   PreparaçãoMárcia Copola   RevisãoArlete Sousa Carmen S. da Costa   ISBN 978-85-8086-455-7   Esta tradução foi publicada mediante acordo com a Random House, um selo da Random House Publishing Group, divisão da Random House, Inc.       Todos os direitos desta edição reservados à editora schwarcz ltda.Rua Bandeira Paulista 702 cj. 32 04532-002 — São Paulo — sp Telefone (11) 3707-3500 Fax (11) 3707-3501 www.companhiadasletras.com.br Sumário             Introdução [Respostas úteis — Reynolds Price]   As paredes são frias Um vison próprio A forma das coisas O jarro de prata Miriam Meu lado da questão A lenda do Pregador Uma árvore da noite O falcão sem cabeça Fechar a última porta Crianças em seus aniversários Senhor Desgraça A pechincha Um violão de diamante Uma casa de flores Memória de Natal Entre os caminhos para o Éden O convidado do Dia de Ação de Graças Mojave Um Natal   Sobre o autor e o organizador Créditos Introdução       Respostas úteis Reynolds Price             Os Estados Unidos nunca foram uma terra de leitores, não, pelo menos, daquilo que é chamado de ficção literária. E no século xx só dois escritores de ficção digna de nota conseguiram tornar-se nomes americanos familiares — Ernest Hemingway e Truman Capote. Cada um deles conquistou essa distinção dúbia por meios que quase não incluíam sua tão freqüentemente celebrada obra. Hemingway — robusto, barbado e sorrindo — chegou à maioria dos lares nas páginas das revistas Look, Life e Esquire com uma vara de pescar ou uma espingarda de caça na mão, ou ao lado de um infeliz touro espanhol prestes a ser morto. Depois da publicação do relato não ficcional de Capote sobre um assassinato coletivo no Kansas rural, ele (com seu físico minúsculo e sua voz aguda) se tornou o astro instantâneo de numerosos talk shows de televisão — fama que manteve mesmo quando o consumo de bebidas alcoólicas e drogas o transformou numa sombra inchada de seu eu anterior. E mesmo agora — com a morte de Hemingway por um tiro de espingarda auto-infligido em 1961 e a de Capote, em 84, pela autodestruição implacável — suas melhores obras continuam a ser gravemente denegridas por críticos e leitores compreensivelmente insatisfeitos. Mas muitos dos contos e pelo menos três dos romances de Hemingway chegam o mais perto da perfeição que a prosa consegue chegar, e Capote deixou não só uma irresistível narrativa de crime como uma quantidade de ficção inicial (três romances curtos e um punhado de contos) que aguarda a atenção detida e a admiração comedida que ele conquistou há muito.     Aqui estão reunidos os contos de Capote; e eles cobrem a maior parte de sua vida criativa até o devastador sucesso de A sangue frio, publicado em 1965, quando ele tinha pouco mais de quarenta anos. Com a abundância de publicidade brilhantemente auto-administrada dessa irresistível história de crime, Capote não só aterrissou em milhões de mesas de centro americanas e em todas as telas de tv; conseguiu também granjear a afeição dos habitantes do café-soçaite e das subnutridas rainhas da moda que buscara com tanta frustração em anos anteriores. Logo ele anunciaria sua intenção de publicar um romance longo que examinaria a sociedade americana de forma tão impiedosa quanto aquela como Marcel Proust retratara a alta sociedade francesa no fim do século xix e início do xx. Mas uma consideração que Capote aparentemente nunca discutiu, e a respeito da qual não o questionaram em público, foi decisiva para o colapso final de sua visão (se é que ele tinha uma). A sociedade de Proust era baseada no sangue, firmemente fundada em posições de eminência social francesa havia séculos erigidas sobre dinheiro, propriedade e poder real sobre a vida de o
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