Copyright © Jeff Lindsay, 2007
Todos os direitos reservados
TÍTULO ORIGINAL Dexter in the dark
REVISÃO Maísa Kawata, Antonio Orzari e Vivian Miwa Matsushita
DIAGRAMAÇÃO Casa de Ideias
CAPA Graziella Iacocca
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Lindsay, Jeff
Dexter no escuro / Jeff Lindsay; tradução
Cassius Medauar. - São Paulo : Editora Planeta
do Brasil, 2010.
Título original: Dexter in the dark.
ISBN 978-85-7665-505-3
1. Ficção policial e de mistério (Literatura
norte-americana) I. Título.
10-01471 CDD-813.0872
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Ficção policial e de mistério : Literatura
norte-americana 813.0872
2012
Todos os direitos desta edição reservados à
EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA.
Avenida Francisco Matarazzo, 1500 - 3 S andar - cj. 3 2 B
Edifício New York
05001-100 - São Paulo - SP
www.editoraplaneta.com.br
[email protected] .br
Agradecimentos
É impossível escrever no vácuo. O ar para este livro foi provido por Bear, Pookie e Tink. Expresso minha gratidão a Jason Kaufman e seu assistente, Caleb, pela enorme ajuda em dar forma ao manuscrito.
E como sempre, um obrigado especial a Nick Ellison, que tornou tudo isso possível.
Para Hilary, como sempre
NO COMEÇO...
A COISA SE LEMBRAVA DE UMA SENSAÇÃO DE SURPRESA E DEPOIS DE QUEDA, e foi só isso. Então A COISA esperou.
A COISA esperou durante muito tempo, mas a espera era fácil, pois A COISA não tinha memória e nada havia acontecido. Por isso A COISA não sabia que estava esperando. A COISA não sabia de nada àquela altura. A COISA apenas era, não tendo como marcar tempo e nem mesmo ter uma ideia de tempo.
Então A COISA esperou, e A COISA observou. No começo não havia muito que observar; fogo, pedras, água e eventuais criaturas rastejantes que começaram a crescer e se transformar depois de um tempo. Eles não faziam muito, apenas comiam uns aos outros e se reproduziam. Mas não havia nada anterior para se comparar com isso, então durante um tempo essa ação foi suficiente.
O tempo passou. A COISA observava enquanto as criaturas grandes e pequenas se matavam e comiam umas às outras a esmo. Não havia prazer verdadeiro em assistir àquilo, afinal não havia mais nada para fazer e havia muitas daquelas criaturas. Mas A COISA não parecia capaz de fazer mais nada a não ser observar. Então A COISA começou a se perguntar: Por que estou assistindo a isso?
A COISA não via razão para nada que acontecia e não havia nada que pudesse fazer, mas mesmo assim lá estava A COISA, ainda observando. A COISA pensou muito a respeito disso, mas não chegou a nenhuma conclusão. Ainda não tinha como entender o que estava acontecendo; a ideia de propósito ainda não existia. Só existia A COISA e os outros.
Havia muitos dos outros e isso só aumentava com o tempo, sempre ocupados em matar, comer e copular. Mas só havia uma COISA, que não fazia nada daquilo e que começou a imaginar por que isso acontecia. Por que A COISA era diferente? Por que não tinha nada a ver com os outros? O que era A COISA e, se fosse realmente algo, deveria estar fazendo alguma COISA?
Mais tempo passou. As incontáveis criaturas mutantes e rastejantes, aos poucos, foram ficando maiores e melhores em matar umas às outras. Interessante em princípio, mas apenas por causa das pequenas mudanças. Elas rastejavam, saltavam e deslizavam para matar umas às outras — uma até voou um pouco para matar. Muito interessante — mas e daí?
A COISA começou a se sentir desconfortável com tudo isso. Qual era a razão de tudo? A COISA deveria participar do que estava assistindo? Senão, então por que estava ali assistindo?
A COISA estava determinada a descobrir a razão de estar lá, qualquer que fosse. Por isso, agora, quando A COISA estudava as criaturas grandes e pequenas, A COISA tentava perceber o que tinha de diferente nelas. Todas as outras criaturas precisavam comer ou beber, senão morreriam. E mesmo comendo e bebendo, elas acabavam morrendo. A